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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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o futuro está a ser escrito

Tri, 19.05.25

O dia seguinte às eleições legislativas 2025 e, em termos práticos, ficou tudo na mesma. A AD venceu, mas não conseguiu a maioria parlamentar. Tal como a Iniciativa Liberal, que manteve o seu espaço, mas não o alargou. O Chega teve mais uma forte subida, consolidando-se como terceira força política nacional, e o Partido Socialista (PS) uma derrota retumbante, com um resultado que não permite manter a liderança.

Resultado? Uma governação estável só será possível com um entendimento entre AD e PS — o tal “bloco central” que todos dizem recusar, mas que, neste momento, é a única solução possível para dar quatro anos de estabilidade ao país. (é que convenhamos, nós estamos fartos de eleições e não são tão baratas como isso…)

Contudo, sinto que  estas eleições marcaram o fim de uma era.

Cinquenta anos depois das primeiras eleições livres, o “centrão” acabou. PS e PSD deixaram de ser, sozinhos, necessários e suficientes para garantir uma maioria constitucional. Isso não é apenas simbólico — é estrutural.

A direita junta, com a entrada musculada do Chega e o apoio da IL, passou a ter, pela primeira vez, potencial para alcançar uma maioria de dois terços. Isso tem implicações profundas, desde revisões constitucionais até à configuração dos órgãos de soberania.

O Chega passou, a partir de ontem, a ser candidato ao poder. O que há dois anos parecia um delírio populista, é hoje um pesadelo com contornos reais. Com um PS dividido, fragilizado, e um líder da AD que pode vir a ser pressionado por uma futura Comissão Parlamentar de Inquérito (espero bem que o seja, que esta novela da spinum viva parece não ter  fim…), o caminho para a normalização da extrema-direita está a ser pavimentado. O discurso do “não é não” de Luís Montenegro será posto à prova, e não apenas pelos seus adversários, mas também pelos seus eleitores.

Chegámos ao ponto de não retorno. Ou os partidos fundadores da nossa democracia acordam para a nova realidade, assumem as suas responsabilidades com coragem e visão  e percebem que um partido como o Chega só existe e cresce devido ao mau trabalho deles, ou estaremos, dentro de pouco tempo, perante um governo que representa um risco real para o futuro de Portugal.


Porque não nos iludamos: um governo liderado pela extrema-direita será tudo menos inofensivo. É uma ameaça à liberdade, à diversidade, ao Estado de Direito, à imprensa livre e à própria cultura democrática que construímos com tanto esforço. Um governo que promove a divisão, o ódio, o medo, o retrocesso nos direitos das mulheres e das minorias. Um governo que transforma o inimigo em alvo e a política em espetáculo.

Não se trata de ideologia política, trata-se de civilização.

Por outro lado, aprecio bastante a representatividade, o crescimento de partidos pequenos que vão obrigar a que se repense tudo; não há maiorias, não há decisões a solo.

Portugal precisa, mais do que nunca, de mudar a política, de mediação, de integridade, de políticas com valores e de acompanhar os tempos. O contexto atual que vivemos nada tem a ver com o pós 25 Abril, no entanto, aí estagnámos.

O futuro está a ser escrito. É tempo de pensarem entre as estratégias políticas ou o compromisso com as próximas gerações.

 

acendam a luz

Tri, 29.04.25

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Quando a luz se apaga… a nossa fragilidade acende-se

Esta fotografia não é de uma guerra civil. É Portugal, 2025. Ontem, ao primeiro sinal de falha generalizada de eletricidade, gerou-se um pandemónio, pessoas a correr para esvaziar as prateleiras dos supermercados. Ainda mal se sabia o que tinha acontecido, quando seria reposta a normalidade…enfim, sei que fui ao super tentar comprar umas saladas para o meu almoço e de uns colegas, porque o micro-ondas na empresa não funcionava, e as filas eram uma loucura.

A cena é trágica, mas profundamente simbólica: basta o apagão de uma luz e assistimos à implosão da ilusão de controlo que construímos. De repente, esquecemo-nos que parte do mundo continua lá fora, sem precisar de Wi-Fi para funcionar, nem ‘take away’, nem sequer Google para nos ensinar a sobreviver.

Isto é de uma incoerência atroz, vivemos numa era em temos acesso a imensa informação, em que podemos aprender de tudo com tutoriais, podcasts, cursos de ‘life skill’ e tudo mais, e nunca fomos tão incapazes de sobreviver sem que alguém nos ligue uma ficha na parede.

Vivemos numa ansiedade crónica: o medo do fim do mundo misturado com a incapacidade de saber o que fazer quando o mundo, de facto, falha.

Os nossos mais velhos, que tanto têm para nos ensinar, devem-se ter rido desta ‘tragédia urbana’, olhando para os seus quintais, para o seu fogão a lenha … ou mesmo que não os tivessem, saberiam que com uma lata de feijão e atum já fariam um manjar. Do alto da sua sabedoria olhando para a geração que tudo tem, mas está sozinha; com acesso a tudo mas pouco sabe, pensando: “Coitados destas gentes da sociedade atual… são como crianças perdidas no bosque, mas sem saberem sequer que podem comer as bagas que lhes aparecem pela frente.”

O que será de nós quando o luxo básico de um interruptor não responder?
Creio que está na altura de percebermos que a verdadeira evolução não é termos um drone a entregar pizzas, mas sim voltar ao básico ao essencial: é sabermos plantar uma couve.

A eletricidade é vital? Sim, sem dúvida! Não vamos retroceder décadas e décadas, mas o que devemos é acompanhar a evolução com o setor primário; o que devemos é ensinar as nossas crianças que o leite não vem do pacote e que também dá para cozinhar sem ter um fogão e um micro-ondas. Não vamos voltar à idade da pedra, não, mas vamos viver conseguindo conciliar tudo e não esquecendo o elementar. Será que não é possível?

os equílibrios da vida

Tri, 24.02.24

Comecei o Ano Novo a quebrar hábitos. Deixei de me deitar à meia noite para passar a deitar um pouco mais cedo (15 min vá, mas já é alguma coisa), deixei de comer pão (confesso que nunca fui grande fã e o glúten deixa-me inchada), deixei de comer açucares processados (não, não é uma tristeza, as frutas secas são super doces), comecei a tentar seguir uma série na Netflix (não prometo acabar, mas estou a tentar … mas sinto sempre um “olhar” acusatório dos livros que me espreitam da estante).

Numa altura em que se quer acrescentar, fazer mais, mais tarefas, resoluções e objetivos eu decidi começar fazendo menos e diferente, e definindo metas curtas que me permitam chegar às minhas resoluções.

Não sei quanto a vocês, mas é fácil olhar para as pessoas à minha volta e pensar, quem me dera acordar tão cedo/ter energia para ir ao ginásio logo de manhã/nunca encomendar comida/ser sempre positiva/ler mais – todos os hábitos que se dizem bons, transformadores e saudáveis.

No entanto, nunca pensamos que, para ter essa parte, teríamos de ter o resto também porque a vida é feita de equilíbrios sempre.  Para haver o sol tem que existir a noite, para sentirmos que algo foi bom temos que conhecer o mau, para sabermos que estamos cheios de energia temos que nos reconhecer sem ela, etc. 

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Confesso que quando era mais nova, por vezes sentia inveja das pessoas, não tanto do que tinham (que não sou muito agarrada a bens materiais) mas mais do que faziam, dos hobbies que tinham, das viagens que conseguiam explorar. Mas, felizmente, fui crescendo e vi-me livre de tudo isso percebendo que tal só te traz infelicidade e não muda em nada a tua vida. O que muda são as decisões que tomas, são os riscos que corres.

Mas, por algum motivo, à minha volta, vejo que todos correm atrás do lado rosa da vida, do pote no fim do arco-íris quando, na verdade, a vida é feita do todo, dos dias coloridos e dos cinzentos…não podemos querer comer apenas a parte de cima dos muffins (sim, todos sabemos que aquele creme é a melhoooor parte!)

Hoje o dia foi cinzento, tristonho como o tempo (que nos ameaça trazer a Primavera cedo de mais, para logo a seguir nos brindar com o Inverno tal como ele é) mas amanhã é um novo dia e eu acredito que vou acordar com mais energia, com mais vontade, com soluções até, quem sabe. Mas quero sempre recordar que a vida é feita do bom e do mau, da cor e do cinzento e é nos equilíbrios que crescemos, que aprendemos.

E eu sou muito grata pela vida que tenho, por todas as vezes que já bati com a cabeça na parede, por todos os erros que já cometi, por todas as aprendizagens, por ser quem sou hoje, por ter as minhas pessoas à minha volta e, acima de tudo, por continuar a investir em descobrir mais, em melhorar e crescer.

Espero que a vossa vida, esteja repleta de todas as cores.

além das aparências

Tri, 09.01.24

Na era das redes sociais, a pressão da produtividade tornou-se uma sombra constante pairando sobre nós como uma expectativa implacável. O discurso constante de rotinas super movimentadas, acordar às 5 da manhã e fazer inúmeras tarefas antes mesmo do pequeno almoço, tornou-se uma espécie de insígnia de sucesso: “queres fazer parte do clube do sucesso, acorda às 5 da manhã…”

No entanto, é imperativo desvendar essa fachada e compreender que produtividade não é sinónimo de valor acrescentado.

A sociedade atual reforça a ideia de estar sempre ocupado como um indicador de conquistas. No entanto, a verdade é que essa corrida desenfreada para cumprir metas, muitas vezes deixa um rasto de ansiedade, exaustão e uma sensação de vazio. A pressão para corresponder às expectativas, especialmente as alimentadas pelas redes sociais, coloca em segundo plano a qualidade de vida que devia ser alvo do nosso foco.

Vemos constantemente a publicação de fotos de listas com os afazeres matutinos e relatos de horas extraordinárias de trabalho que nos leva a criar a ilusão de uma vida repleta de realizações. No entanto, por trás dessa cortina de atividade aparentemente incessante, esconde-se a realidade de que a verdadeira produtividade não pode ser medida apenas em horas trabalhadas ou itens riscados em uma lista.

É crucial questionar a narrativa da "superprodutividade" e reconhecer que cada um tem seu próprio ritmo e suas próprias necessidades e que a verdadeira realização está na qualidade do que fazemos, na paixão investida nas nossas atividades, e no equilíbrio saudável entre trabalho e bem-estar.

Apressarmo-nos para cumprir padrões inatingíveis pode resultar num esgotamento que prejudica não apenas a nossa saúde física e mental, mas também a autenticidade das nossas realizações.

Em última análise, desvincularmo-nos da corrida incessante pela produtividade é um ato de coragem. Valorizar o equilíbrio, reconhecer que o tempo é um recurso precioso que deve ser gasto com sabedoria, e desfazermo-nos da necessidade de mostrar, constantemente, aos outros que estamos sempre em movimento são passos cruciais para uma vida mais autêntica e plena. Não se trata de fazer mais, mas sim de fazer o que realmente importa.

 

a correria da vida

Tri, 21.11.23

Com o estilo de vida atual, sinto-me numa luta constante para conseguir manter as rotinas que defini para a minha vida.

Não sei quanto a vocês, mas a correria do dia a dia, a pressão constante que sentimos relativa a diversos assuntos, a avalanche de responsabilidades que temos, muitas vezes, em mãos, tornam desafiador conseguirmos preservar momentos para atividades significativas para a nossa pessoa, um tempinho para cuidarmos só de nós. E como isso é importante!

É como se estivéssemos presos numa corrida interminável, tentando acompanhar o ritmo frenético imposto pela sociedade contemporânea.

Um dos hábitos que tinha desejado tornar mais assíduo era o da escrita, mas, de repente, dou por mim a não pegar num bloco e uma caneta durante semanas, meses…

A escrita, para mim, para além de uma forma de expressão pessoal, é uma válvula de escape para os desafios da vida, e quando pego no meu bloco sinto algum peso a desvanecer. (sim, ainda sou das antigas que gosta de escrever em papel e caneta ao invés de um computador)

Mas a pressão para corresponder às expectativas profissionais, manter relacionamentos, e ainda cuidar da nossa saúde física e mental, muitas vezes deixa pouco espaço para atividades que nutrem a nossa alma, como a escrita.

Depois temos a falta de tempo, aliada ao cansaço mental, que acaba por transformar a paixão pela escrita numa tarefa árdua, onde simplesmente olhar para a folha em branco pesa, cria ansiedade, ao invés de ser uma fuga. As ideias que antes fluíam livremente podem ficar aprisionadas no meio do caos mental, e a procrastinação instala-se, impedindo a materialização das palavras que clamam para serem declaradas.

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Mas eu sei, porque sinto, a importância de uma rotina equilibrada, mesmo que tal seja um grande desafio, é crucial para a nossa estabilidade. Reservar um tempo específico para a escrita, e cumprindo com o mesmo, tal como faríamos com qualquer compromisso importante, pode ser o primeiro passo. Reconhecer que a escrita não é apenas uma atividade extracurricular, mas sim uma parte vital do nosso bem-estar emocional, é essencial.

O meu compromisso comigo mesma é tentar restabelecer as rotinas, e torná-las tão automáticas que deixarei de pensar nelas, simplesmente acontecem de forma natural. A escrita é uma delas, mesmo não sendo pública, qualquer folha de pensamentos soltos que deitámos cá para fora, já é bom.

Aí, a escrita transcende a mera atividade; torna-se uma poderosa ferramenta de conexão e compreensão pessoal no meio do caos do mundo em que vivemos.

Espero que estejam todos bem e que continuem a escrever nos vossos cantinhos, onde vou passando sempre que a vida o permite.

somos parte de um todo

Tri, 06.07.23

Mais uma mensagem de ecologia, toda ambientalista e tal?! Sim, é mesmo isso!

Porque enquanto não mudarmos, nunca é demais falar no assunto. Mas falar de ecologia e do nosso planeta entendendo-o como um todo, pois somos responsáveis por ele e fazemos parte dele.

 

Não obstante a importância do tema, qual a vantagem de cuidar do planeta e dos outros se eu não cuidar de mim mesma primeiro? E o inverso também se aplica, de que adianta eu só cuidar de mim e esquecer tudo o resto?

Acredito que cuidarmos de nós, investirmos no nosso desenvolvimento, cuidarmos do corpo e mente, está intrinsecamente ligado à nossa crescente preocupação pela preservação, pelo cuidado com os outros e com o mundo que nos rodeia.  Aliás, vi isso acontecer comigo e vejo constantemente acontecer a pessoas ao meu redor.

Creio que começa a ‘cair-nos a ficha’ e, de facto, percebemos que a Terra é a casa de todos e, como tal, é responsabilidade de todos mantê-la e preservá-la.

 

Quando nos dedicamos ao auto-conhecimento já não conseguimos voltar atrás, queremos continuar, queremos sempre descobrir mais, compreender, ir mais além. Porque nos apercebemos, genuinamente, nas mudanças na nossa pessoa.

No meu caso, sinto que me tenho conhecido muito mais nos últimos anos (também faz diferença ser idade adulta, questionar e pôr tudo em causa) e percebi que todos temos como missão (independentemente da nossa missão de vida, se tivermos) conhecermo-nos e gostarmos de nós, mas uns demoram mais tempo que outros.

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A minha jornada de autoconhecimento começou com a meditação mas o cuidar do planeta começou bem antes pois, nesse sentido, os meus pais sempre estiveram muito à frente e sempre reciclámos tudo em casa, sempre demos novas vidas às coisas e novos projetos ‘aos lixos’.

Por volta dos 13 anos quis ser vegetariana (nem eu sabia bem o que isso era) quando ainda nem se falava muito no assunto, mas de forma autodidata estudei nutrição, queria perceber o valor nutricional de cada legume para saber o que tinha que comer para substituir a carne e o peixe e não ficar doente. Uma visão muito inocente e de total desconhecimento …

Tinha uma capa cheia de informações e apontamentos…claro está, que não durou muito tempo. Anos mais tarde retomei a minha ”pesquisa” e o meu objetivo de adolescente.

 

 

como os pais influenciam a personalidade dos filhos

Tri, 27.06.23

Estou naquela fase da vida, em que as amigas à minha volta já têm filhos (e só sabem falar deles, verdade seja dita) e eu acho ótimo, até porque sempre adorei crianças e lá por casa havia sempre miúdos, desde família a vizinhos, todos lá iam parar. (já eu continuo a sofrer o estigma da sociedade para ver quando será a minha vez…)

E elas estão sempre preocupadas com as conversas que possam ocorrer à frente dos miúdos, “eles são uma esponja nesta idade, absorvem tudo” (mas se deitarem fora à velocidade de uma fralda, diria que não retêm lá muito…huuumm)

Mas, efetivamente, acho muito importante elas terem este pensamento e preocupação, fruto do desenvolvimento da sociedade, do nosso desenvolvimento pessoal ao longo da vida.

Atualmente podemos preocupar-nos com estas coisas, perceber que tipo de pais queremos ser, como exercer uma parentalidade consciente, no tempo da minha Ti Alice nada disso existia, tinha-se 14 filhos sem pensar muito no assunto, fazia-se o melhor possível com o conhecimento e as posses que se tinha. (correção: e não é que teve 17 filhos...)

É importante entender que nenhum de nós nasce com a personalidade formada, esta está em constante desenvolvimento ao longo da vida. (sim, não é um processo só das crianças). No entanto, os primeiros anos de vida são fundamentais neste processo.

Os filhos fazem o que os pais dizem, seguem os seus passos; estes são os seus modelos no princípio da vida, os seus pontos de referência. Daí a importância do exemplo, a criança tem tendência a imitar o que vê e assumir como certo essa atitude. Se vir os pais a deitarem lixo no chão, não só irá imitar o gesto como assumi-lo como correto.

Segundo Freud, os pais são tidos como agentes de extrema importância na formação da criança, são quem permite ‘conter o que há de animal em todos nós, ensinando a controlar desejos, impulsos, a perceber o que é ou não moralmente aceite’, de acordo com as convenções da sociedade.

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O que a criança aprender, ver, ouvir, sentir será armazenado no seu cérebro e irá definir a maneira como agirá no futuro. À medida que cresce, vai-se também dando conta de que consegue mover braços e pernas, por exemplo, e que os outros também o fazem. Assim, a partir do outro, a criança começa a ter a noção do eu, de que é um indivíduo.

As crianças estão muito atentas ao seu meio ambiente envolvente, onde encontram as pistas sobre o que devem fazer, o que podem usar e como.

Daí ser, de facto, de extrema importância conseguirmos controlar os nossos impulsos em frente às crianças; o objetivo não é o de excluir a influência que podemos ter mas sim de editarmos essa influência. Sermos conscientes sobre o efeito da nossa ação.

Se isto é fácil? Pois claro que não! É um exercício contínuo, e obriga-nos a estar muito mais presentes no momento, a perceber o que fazer e dizer, de forma a impactar positivamente.

Portanto, permite-nos evoluir e crescer enquanto educamos positivamente.

Um estudo da Universidade de Oxford afirma que filhos de pais confiantes são menos propensos a ter problemas comportamentais antes da adolescência. Assim, o trabalho passa primeiro por nós enquanto indivíduos para que possamos fazer um bom trabalho com as nossas crianças.

Se é simples, não, mas eu também só dou as ideias, vocês é que os vão criar, correto?

isto de errar

Tri, 19.06.23

Se até as máquinas cometem erros, não podemos exigir que os humanos não o façam e sejam exímios. E nas empresas estão humanos. (pasmem-se...)

No outro dia aqui na empresa um colega enganou-se e trocou uma peça que lhe foi pedida, cometeu um erro. E apenas isso, um erro, disposto a corrigir o mesmo de seguida.

Ele foi quase crucificado por isso.

Eu percebo que diferentes erros têm um impacto (e importância) diferente na prossecução da atividade da empresa, há coisas mais graves que outras, ainda assim todos erramos, é inevitável, no entanto, a diferença está na forma como lidamos com isso. (um erro de um médico pode levar à morte de uma pessoa, portanto sim, os erros têm pesos diferentes…)

O erro é sistemático? Erramos mas não estamos preocupados com o impacto dessa falha nem as suas consequências?

Ou corrigimos de imediato, desculpamos e fazemos os possíveis para não prejudicar nada nem ninguém?

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Todos nós cometemos erros, no entanto, enquanto alguns são simples e fáceis de resolver, outros têm uma repercurssão maior. Podem até ser irreversíveis, em algumas situações. Não obstante, sejam quais forem as circunstâncias, precisamos de assumir que errámos, ao invés de esconder e lidar com as consequências dos erros cometidos arranjando a melhor solução possível.

Estamos todos expostos ao fracasso. Esta é uma realidade que pode afetar qualquer área da nossa vida: um amigo desilude-nos; a nossa escolha profissional não foi a mais acertada; perdemos o campeonato de um qualquer desporto; etc.

Não obstante, se assumirmos a falha com a atitude certa, aprendemos, crescemos, saímos mais fortalecidos.

Nós somos seres imperfeitos, eu acredito, mas andamos a vender a ideia da perfeição e toda gente procura a foto perfeita, a relação perfeita, o corpo perfeito…

Quando admitimos um erro, importunamos o nosso ego negativo, que gosta de estar sempre no poder, e vemos isso como um sinal de fraqueza, de ignorância, uma forma de nos menosprezarmos.

Mas é precisamente o contrário, aceitar que temos falhas mostra que realmente somos fortes e humildes para compreender que somos imperfeitos, precisamos de evoluir e estar em constante melhoria e aprendizagem ao longo da vida.

 

Por isso, o erro do colega, de facto, teve impacto fazendo atrasar a obra mas assim que foi detetado, foi prontamente corrigido para minimizar os prejuízos e creio que isso é que é o importante.

 

Isto para lembrar que errar é uma oportunidade de corrigir.

Saber falhar é uma virtude, e das raras diria eu. Vamos todos errar melhor e ser melhores pessoas?

as vidas que nos rodeiam

Tri, 26.05.23

Há sempre histórias que nos encontram para percebermos que não podemos mesmo reclamar do nosso lugar de privilégio...que gratos devemos ser todos os dias.

Esta semana a senhora da limpeza esteve ausente, na minha empresa,  e veio uma colega, da mesma empresa, substituí-la. Eu gosto de conhecer as pessoas, saber quem me rodeia, conhecer as suas histórias e esta semana dispendi um pouco de tempo a falar com ela.

A M. trabalha durante as manhãs nesta empresa de limpeza mas tem um trabalho a full time de onde sai às 2h da manhã.

Tem que fazer a limpeza da empresa cliente que lhe está habitualmente destacada e juntar a isso, a sua vinda aqui à empresa para substituir a colega, durante o tempo necessário.

Para além disso, tem um part-time ao fim de semana onde pode ter que fazer as mais variadas coisas, desde bengaleiro numa festa, divulgação de produtos, etc.

A M. está sozinha com o filho e o dinheiro não chega para as contas, acumula empregos como quem junta cromos numa coleção. A M. passa os dias a trabalhar para que nada falte ao filho, no entanto, a ele, falta o essencial...falta ela.

Ela tem, felizmente, a ajuda da mãe que vai buscar o menino à escola e trata dele até ela o ir buscar às 2h da manhã, mas ...

Que futuro, que esperança, tem esta família?

Qual é o tempo para estar, se as necessidades básicas não estão ainda suprimidas e é necessário trabalhar até à exaustão para ter os mínimos...?

Como encarar o futuro com "um sorriso no rosto"?

Quão gratos devemos mesmo ser, todos os dias, porque mesmo que achemos que nada está "perfeito", que tivemos uma chatice qualquer ... há sempre histórias de superação, resiliência, de luta constante, que nos deixam a um canto.

 

isto dos hábitos da pandemia

Tri, 24.05.23

Fui daquelas sonhadoras que acreditava sinceramente que o Mundo sairia melhor após esta provação. Mas bem, aprendi rapidamente que era apenas ingenuidade. (também vejo unicórnios a passar na minha janela, o que querem? Sonhar acordada dizem…)

 

Sinto que saímos pior, também fruto da vivência e sacríficos de todos, seja física seja mentalmente, mas “saímos” menos tolerantes, menos pacientes, menos respeitadores e mais irritáveis, mais reclamadores.

Assistimos a belas histórias de compaixão e respeito pelo próximo ao longo deste período, mas foram pequenos exemplos cor-de-rosa numa sociedade essencialmente tóxica. (é assim que se vai mantendo o equilíbrio, certo? Enquanto uns choram, outros vendem lenços)

Ainda assim, gostaria que tivessemos aprendido algumas coisas e que tivessemos saído desta pandemia com alguns novos hábitos, (lá está a sonhadora…), a título de exemplo:

- Podemos deixar de dar beijinhos a pessoas estranhas? É que podemos cumprimentar e ser cordeais sem ter que andar a lambuzar um auditório inteiro que não conhecemos de lado nenhum, ok?

- Será que é desta que as pessoas passam a lavar as mãos sempre que vão à casa de banho? É que a higiene está acima do covid. (pelo menos na minha escala de limpeza, vá)

- Manter algum distanciamento da pessoa que está à nossa frente na fila no supermercado. Não é por causa do vírus, não! É só porque todos precisamos de respirar e as nossas compras não precisam de ir para cima das do cliente da frente. Mais, escusam de ter pressa, a menina da caixa não vai fugir, vai atender-vos, prometo!

- Assumir que fato treino também consegue ser elegante e que não somos menos profissionais por não estarmos todos emperiquitados em cima de um salto alto

- Perceber que pessoas precisam de pessoas, e nós temos que desfrutar da companhia delas sempre que possível. Não é por mandarmos uma sms por semana, a picar o ponto, e termos aquele sentimento de ‘estou aqui, estou a preocupar-me’ que é suficiente, temos que fazer por estar, efetivamente, com as pessoas.

E é isto, o meu guia de salvação pós pandemia, espero que pegue e fique enraizado. Vou estar atenta a ver quem cumpre.