Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

o grito da rua

Tri, 18.05.17

Daniel-Horta-021-1024x469.jpg

 No seguimento do meu último post os sem abrigo, gostaria de partilhar convosco a luta de Daniel Horta Nova, uma pessoa encantadora que tenho privilégio de conhecer.

O Daniel é um grande jornalista, que trabalhou em grandes jornais como O Primeiro de Janeiro, Jornal de Notícias e Público, a quem a vida trocou as voltas. A vida, ou as pessoas que o rodeavam.

https://pt-pt.facebook.com/daniel.hortanova.96

 

Após ser vigarizado pelo sócio, que lhe tirou tudo o que era possível, a empresa, a paz de alma, a dignidade, caiu num abismo interior que o levou para as ruas. Foi sem abrigo durante 5 anos pelas ruas do Porto, onde diz ter, simultaneamente, feito amizades verdadeiras e assistido a momentos cruéis, e assistiu de perto a esta realidade atroz.

Cansado desta realidade humilhante e insignificante para milhares de portugueses, decidiu partir para a luta e levar a causa dos sem-abrigo mais longe: lutar pelos seus direitos, pela dignidade humana, pela reinserção numa sociedade que se diz democrática e justa.

 

O Daniel, tal como eu própria, acredita que muitas IPSS existem não para de facto exercerem a sua função mas simplesmente para receberem apoios do estado que não são investidos em nada, simplesmente na própria associação (ou em quem faz parte dela). Claramente que não podemos generalizar e que existem muitas que são relevantes e de facto dão apoio a diferentes públicos-alvo, no entanto, existir controlo e fiscalização sobre as IPSS existentes seria deverás relevante para a credibilização das associações e sua atividade.

 

Dessa forma, permitia também existir esperança e permitia aos sem abrigo acreditar ainda que é possível a ajuda e que é possível o acompanhamento e reinserção, tal não acontece nos dias de hoje.

 

Daniel percorreu todo o país de bicicleta, durante dois meses e mais de 2000 Km, para conhecer a realidade de todos os distritos e para divulgar a esta causa, tão sua e de todos nós. Viagem esta que finalizou na Assembleia da República com a entrega de um abaixo-assinado com propostas para “sarar de vez uma ferida profunda na nossa sociedade”.

 

Convido-vos a conhecer esta reportagem da TVI com Daniel Horta Nova, que não desiste da sua luta muito nobre e que deve ser apoiada por todos. http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/13-04-2017/reporter-tvi-o-grito-da-rua

 

Recomendo também o seu livro, que para além de ser uma partilha da alma, é também uma ajuda para quem, como ele, conseguiu “pelo seu próprio pulso” sair da rua: “Farrapos de Alma”.

os sem abrigo ...

Tri, 15.05.17

Olhamos para eles e sentimo-nos incomodados.

Incomodados e impotentes. Inúteis até, perante a inércia de todo um sistema que não vê, ou não quer ver, porque não interessa.  homeless.jpg

 

Podemos aliviar a consciência dando uma moeda, ou até mesmo comida e uma roupa quente. Ficamos temporariamente tranquilos, mas não curados; algo continua a massacrar o nosso subconsciente, algo continua a moer e a vontade de mudar tudo continua a crescer.

 

A culpa não é nossa, individualmente; se calhar nem deles, individualmente.

A culpa é da vida que os coloca nesta situação e depois de um sistema que não tem como dar apoio, nem interesse em tal, e que não promove a reintegração destas pessoas que ‘caíram’ na rua.

 

Ninguém é sem abrigo porque quer. E desenganem-se os que pensam que sim. As pessoas habituam-se, acomodam-se, não significa que o queiram ser.

 

Todos os sem abrigo têm esperança, têm sonhos, ainda que acreditem, que não passam disso mesmo...sonhos…mas todos querem no fundo uma vida digna, como qualquer ser humano, longe da rua.

 

É bom que nos sintamos incomodados e será ainda melhor se fizermos alguma coisa. Alguma coisa com significado, alguma coisa que os alivie, que os ajude e, se não o podermos fazer, pelo menos um sorriso e uma palavra de simpatia não têm preço e valem muito.

 

Tentarmos minimizar a sua degradação física, mental, psicológica, pode depender também de nós … e se podermos fazer alguma coisa, façamos.

 

E alguma coisa que evite também o aparecimento de outros tantos como eles…eventualmente nós próprios!