pedir ajuda: vergonha ou coragem?
Nas arrumações do último fim-de-semana, em casa dos meus pais, encontrei por lá uns livros de António Aleixo que conheço desde sempre, e há poemas seus que são míticos, mas de facto não conheço bem a sua obra.
Dediquei-me assim à leitura da sua obra que prima pela ironia e crítica social. Mesmo quem não conheça o homem por detrás da escrita, percebe que é alguém muito simples e humildade, sem estudos até, mas do alto da sua simplicidade consegue colocar em palavras questões, temas e situações muito concretas.
Encontrei por lá um poema que me despertou a atenção, pelo seu conteúdo e por tantos anos depois eu o achar tão atual…e por infelizmente conhecer algumas pessoas que se relacionam perfeitamente com as suas palavras.
Partilho convosco para que de alguma forma possa servir de alerta para alguém…quando precisamos de ajuda não é vergonha pedir, seja que tipo de ajuda for. Não pode ser vergonha.
Não precisamos fazer publicidade disso, apenas ir aos sítios certos, às associações certas, se for o caso, e explanar a situação para melhorar a nossa vida. As nossas ajudas são temporárias, não resolvem os problemas mas permitem aliviar momentaneamente. E há sempre uma forte rede de contactos por trás que acaba por auxiliar efetivamente na resolução de dado problema, seja o não estar a conseguir ter acesso ao algum apoio, seja o não conseguir ter um infantário para o miúdo, seja precisar de trabalho.
Tentar não custa e é sempre preferível do que o sofrimento que fica entre quatro paredes.
Repito, não é preciso fazermos publicidade das situações, as pessoas não têm todas que saber, se não estamos confortáveis com isso, mas temos que pedir ajuda às pessoas certas que irão ajudar enquanto for possível. Ou estarmos atentos aos nossos vizinhos, à Dª Maria da mercearia, que agora nem vemos tanto, e intercedermos por eles. Pela sua vergonha e orgulho que por vezes os impede de pedir ajuda.
Percebo o desespero, a sensação de impotência, de dependência … em contrapartida tantos outros fazem disso um modo de vida, limitando quem realmente necessita.
Deixo aqui o desabafo nas palavras de António Aleixo e que sirva apenas como chamada de atenção.