o gosto pela leitura
O gosto pela leitura deve ser incutido desde criança (acho mesmo fulcral), no entanto, com maior ou menor intensidade conforme os exemplos práticos que essas mesmas crianças têm na sua envolvente.
Creio que ler deveria ser considerada uma necessidade básica do ser humano, tal qual como comer e respirar, e, efetivamente, existe quem cultive este gosto pela leitura de forma tão intensa que se torna crucial para ter uma vida equilibrada e mente sã. (guilty)
Para um leitor, digamos “viciado”, ter sempre um livro à mão é tão essencial como um atleta não faltar a sua ida ao ginásio.
Será esta carência algo intrínseco ao nosso desenvolvimento humano?
Será que este gosto pela leitura poderá de alguma forma ser genético?
Ler não é uma atividade grupal (a menos que seja em contexto escolar vá) mas garante ao grupo a existência do indivíduo. Um grupo não é só uma casualidade de gente da mesma escola, da mesma rua, do mesmo café, etc.
Não é apenas uma simultaneidade.
No equilíbrio das forças que sustentam um grupo, tem de haver lugar para a distância, para a pertença a si próprio.
Assim, a leitura é um elo que nos prende a alguma coisa de sólido que vai surgindo em nós, enquanto a desigualdade externa nos interpela. Porque ler é também viajar, revelar, identificar, abrir, sonhar, descobrir.
De forma genérica, tenho como convicção que toda gente gosta de ler, na verdade o que acontece é que algumas pessoas não tiveram um bom impacto na sua primeira tentativa de leitura e desistiram de imediato; no entanto, todos gostam de ler encontrando o livro certo para si, para os seus gostos e personalidade. (vá, nem que leiam os catálogos dos supermercados)
Ser leitor é gostar de estimular a mente, de esforçar os olhos e a cabeça para ficar a saber coisas que, magicamente, sem pincéis nem canetas, ganham cor e forma e, na nossa cabeça, ganham movimento; é ser-se curioso e gostar de encontrar respostas; é ser infantil e gostar da fantasia; é o gosto da intriga, do enredo, da novidade e da descoberta; é o gosto das frases bem-dizentes e das palavras bem-soantes; o gosto da fuga e de transpor o real, ainda que temporariamente.
É muito provável que não exista o gene da leitura, mas tem de haver a educação para a leitura, como imperativo de uma sociedade mais humana.