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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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como assim já é Natal?

Tri, 07.12.23

Como assim já estamos em Dezembro? Não sentem que este ano passou a voar ?! (não parecia mesmo a minha avó a falar, assim de repente?)

Eu sei que as horas, os minutos e os segundos passam hoje em dia tal como no passado, à mesma velocidade, mas porque temos nós esta sensação de o tempo passar mais rápido? Aparentemente, o que acontece é que a sensação de passagem do tempo reflete o que ocorre no nosso mundo interior, ou seja, é o que sentimos e a forma como vivemos a vida, que nos faz ver o tempo voar ou se arrastar.

Estamos tão habituados a correr contra o tempo, que nem nos apercebemos que o preço a pagar, por essa falta de descanso, é alto. Queremos sempre fazer muito mais do que aquilo que deveríamos, ou que temos tempo para tal, então corremos tanto que nem damos pelo tempo passar e, de repente estamos no Natal.  

Eu sou uma fã assumida desta altura do ano, adoro o Natal, adoro poder estar com as minhas pessoas, adoro que o tempo pareça parar com todos à volta de um jogo de tabuleiro, adoro enfeitar a casa toda, ter luzinhas todos os dias…sim, sou daquelas pessoas que começa a montar tudo logo em Novembro para poder desfrutar o máximo de tempo possível.

O Natal, além de luzes cintilantes e melodias festivas, é um convite à reflexão profunda sobre o verdadeiro significado da vida. É uma pausa suave no tumulto diário, um momento para silenciar o ruído do mundo e sintonizar com o coração.

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No espírito natalício, encontramos a magia de agradecer. Agradecer não apenas pelos presentes materializados, mas pelos laços intangíveis que aquecem as nossas vidas. É um tempo para reconhecer o presente precioso do amor, que se manifesta na união com aqueles que mais valorizamos.

Natal é também saúde, uma celebração da vitalidade que nos permite estar e abraçar as nossas pessoas, partilhando sorrisos e gargalhadas. É uma lembrança subtil de que o maior tesouro que possuímos está presente nas relações humanas que criamos, nas famílias que nos apoiam e nos amigos que caminham ao nosso lado.

Portanto, da mesma forma que as luzes natalícias iluminam os nossos lares, as nossas cidades; que também nós possamos acender a chama da gratidão nos nossos corações. Que este Natal seja mais do que um evento, mas sim uma verdadeira celebração do amor, saúde e dos laços que tornam a jornada da vida verdadeiramente significativa.

E acima de tudo, que o espírito natalício se estenda além das festividades, guiando-nos com compaixão e lembrando-nos diariamente do valor precioso daquilo que realmente importa.

Boas Festas para todos!

aos meus pais

Tri, 07.08.23

Dizem que as crianças aprendem o que vivem. (eu mesma o disse aqui e aqui…)

Por isso, se hoje sou paciente é porque me ensinaram a ser tolerante, se hoje não condeno é porque não vivi sob críticas, se não sou tímida é porque não fui ridicularizada, se sei apreciar é porque recebi elogios, se sei amar é porque vivenciei a aceitação, a aprovação. Se sou verdadeira é porque convivi com a sinceridade, se sou justa vivi com equidade. Ensinaram-me a gostar de mim mesma, mas eu também tive um papel muito importante nessa tarefa ao longo do meu crescimento.

Porque convivi com a bondade e a consideração pelos outros, aprendi o que é o respeito. E se hoje acredito que o mundo é um bom lugar para se viver é porque vivi em segurança, é porque aprendi a ter confiança em mim mesma e naqueles que me rodeiam.

Efetivamente, os nossos pais são os nossos grandes exemplos, e digo pais no sentido de ‘a pessoa que nos cria e acompanha ao longo do crescimento’, seja quem for. Mas é com eles que nos tornamos gente, que aprendemos a valorizar tanta coisa na vida.

A minha mãe ensinou-me a força da independência, a coragem de fazer acontecer, o arregaçar as mangas e não ser dependente de ninguém. Ensinou-me a força de viver, que ultrapassa todos os obstáculos que a vida nos apresenta. Ensinou-me a estar lá para o outro mas a não me deixar rebaixar. O meu pai me ensinou-me o que é a calma, a paciência, a bondade, a compaixão, a humildade. Ensinou-me a perdoar, mesmo quando algo não teria perdão; ensinou-me o incentivo moral e emocional de forma incondicional.

E não foram ensinamentos que ficaram no passado. Não. Na verdade, são transversais a todas as fases da minha vida, continuam a ensinar-me ainda nos dias de hoje.

Ensinam-me o que é a resiliência, o que é ajudar sem esperar nada em troca, a não desistir na vida, a lutar pelos nossos sonhos mesmo que estes sejam difíceis e que só se consiga depois dos 60 anos.

Cresci numa casa de risos, gritaria, por vezes, e alguns castigos, mas por algum motivo, não me lembro muito desses momentos. O que fica é a noção de que uma relação é composta por amor, mas não só, também por união, respeito, bem-querer, cuidado e atenção ao outro.

O meu obrigada a vocês, pai e mãe.

Parabéns por estes 30 anos de união.

ter a consciência da nossa finitude

Tri, 10.05.23

Eu sei que sempre ouvimos dizer que todos “estamos a morrer”, que “desde que nascemos que estamos em contagem decrescente” e outros clichés do género (e são verdade, eu sei!) mas quando isso se torna palpável, quando esse tempo que nos resta é mensurável, o que fazemos com essa informação?

Fomos criados com medo da morte, um medo quase instintivo, (se não se falar pode ser que não exista, não é?) o desconhecido é algo que nos encanita o espírito, não saber ao certo o que acontece gera-nos angústia pelas perguntas sem resposta que acumulamos. Naturalmente que tentamos evitar a morte e fazemos o possível para que tal não aconteça, no entanto, é a única certeza que temos. É inevitável! (e vai mais um cliché)

O que aconteceria se, de repente, soubéssemos exatamente o dia em que morreríamos? O que faríamos? Como iríamos usar o nosso tempo limitado na Terra da melhor forma possível?

Segundo um estudo realizado por cientistas da Universidade de Bar Ilan, em Israel, o cérebro tem um mecanismo de defesa que nos protege do medo existencial da morte. Ou seja, no momento em que adquirimos a capacidade de perspetivar o nosso futuro, percebemos que num dado momento iremos morrer e não há nada que se possa fazer em relação a isso. No entanto, isso é contranatura, porque aquilo que o nosso organismo biológico pretende é lutar para nos manter vivos, daí afirmarem que o nosso cérebro nos defende da morte.

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Confesso que também tento não pensar muito no assunto, limito a tentar viver a vida o melhor que consigo e me é possível. Como já partilhei por aqui várias vezes, tenho o meu livro da gratidão há anos onde escrevo diariamente. Sou grata todos os dias por acordar neste país, por estar junto da minha família, por ter saúde e uma série de outras coisas. E, efetivamente, todos os dias tenho algo por que ser grata, pequenas coisas mesmo, às vezes sou muito bem atendida no supermercado e já acho isso digno de nota.

Mas ter a consciência que temos que desfrutar todos os dias, estar para as nossas pessoas porque nunca sabemos bem quando é o último … é algo que me custa um pouco a conceber, confesso.

O meu tio tem neste momento três problemas de saúde (não vale a pena entrar em detalhes médicos que são tão complexos que nem eu percebo bem) e não consegue tratar. Qualquer tratamento que faça para um deles, agrava os outros. O último a aparecer foi o cancro que não pode “ver quimio” porque acentua a progressão dos outros dois…e assim, em três meses te dão um prazo de validade…te dizem «se ainda tinhas planos futuros, sonhos por realizar, esquece, porque não dá para prolongar o prazo».

De facto, não há nada que se possa fazer, nada para tomar, basicamente é esperar pelo dia…pelo último dia.

Ele está bastante tranquilo com a sua finitude, quase que conformado…às vezes apetece abanar «podes, pelo menos, ficar um pouco mais triste por partires»?

Mas não regras de como devemos reagir a estas notícias, não há certo e errado nestas coisas, não há procedimentos standard a seguir, ninguém nos diz como nos devemos sentir nestes momentos, como é ficar sem chão…

Não consigo imaginar o que é saber a minha validade, saber o tempo que me resta…o que se faz com essa informação?

Corremos contra o tempo tentando fazer tudo o que temos na lista que escrevemos aos 30 anos? Queremos ver todas as pessoas que nos rodeiam? Ignoramos e vivemos a vida com a rotina normal, sabendo, de antemão, que já não precisamos programar onde vamos na próxima passagem de ano…?

A vida prega-nos partidas, como bem sabemos, difícil é dar a volta e torná-las em oportunidades…

cães bebés...pequenos diabretes :)

Tri, 15.03.23

“Que bolinha de pêlo mais fofa”, “e aquela barriguinha rosa tão boa”, “que olhinhos de anjinho”…tudo verdade, mas há coisas que ninguém nos conta sobre cães bebés.

Desde sempre que somos imbuídos com estereótipos de cães bebés, nos filmes, anúncios e afins são sempre todos muito fofos, dormem muito, deixam fazer tudo e tirar fotos deliciosas, mas a verdade, nua e crua, é que são muito mais que isso.

E com tanta fofice, ninguém nos preparar para a dura realidade de ter, criar e educar um cachorro bebé.

Eles são mesmo umas bolas de pêlo muito fofas, com os rabinhos que não param de abanar, mas que exigem de nós muita paciência e dedicação para não ralhar indevidamente, ao invés disso, educar diariamente.

- Fazem xixi e cocó por todo o lado, até aprenderem, e não adianta acharmos que a casa agora cheira sempre mal, o processo é assim mesmo e não há como acelerar. (olha, acendam velas)

- Veem nas nossas mãos um excelente brinquedo para roer e coçar as gengivas, são macias e duras ao mesmo tempo e ainda se mexem, querem melhor?

- Eles já treinaram o desapego, portanto ajudam-nos as destralhar algumas coisas de casa. Roem e depois temos que deitar fora. (pena que acertam sempre nas coisas erradas)

- Sono de beleza?! Esqueçam esse conceito! Eles têm muitos pesadelos e choram durante a noite, pelo que deixaremos de ter noites sossegadas de descanso.

 - Fazem parte do clube das 5 da manhã e gostam de partilhar isso com o mundo “se eu já acordei, a casa inteira tem que acordar também. Quero fazer coisas!”

- Precisam encontrar ouro, petróleo ou apenas um osso perdido?! Eles são a solução! Adoram escavar todos os jardins.

- Sempre quiseram começar a correr mas ainda não tinham tido o incentivo certo?! Tcharan, chegou! Por vezes, dá-lhes ‘os 5 minutos’ e desatam a correr em círculos que nem loucos. A energia acumulada parece que nunca acaba. (Duracell, é aprender com estas pilhas!)

- Espaço pessoal? O que é isso? Eles não conhecem esse conceito, portanto deixamos de estar sozinhos, seja na cozinha, seja numa ida à casa de banho, eles estarão sempre atrás de nós, tal qual uma sombra.

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Mas viver o mundo através dos olhos de um cachorro passa a ser mágico e gratificante; ele entusiasma-se com uma folha seca que levanta voo do passeio com o vento, ele fica pasmado a ver um melro a saltitar no ‘seu’ jardim, ele pára simplesmente no meio do passeio durante 3 minutos a olhar para o mundo, para ver o que está a acontecer à sua volta: carros a passar, um cão no outro passeio, uma trotinete aqui ao lado, o carro do lixo a chegar. Tudo é motivo de interesse, excitação e curiosidade. Ele está a conhecer o mundo e nós a olharmos para o mundo de uma outra forma. Possui aquela energia única da curiosidade infinita, de querer “devorar” o mundo.

E depois de tanto ‘arco-íris’ chega o momento da educação…sim, os cães são muito inteligentes e aprendem tudo o que ensinarmos, mas tal implica muita dedicação e disciplina nossa e uma grande dose de paciência, seja para a repetição diária até ficar sabido, seja para a falha normal do animal. Diria até que, necessitamos de uma pitada de humor, por vezes, pois eles conseguem tropelias que nunca imaginámos: metem-se em buracos onde não cabem, querem pegar em objetos maiores que eles, e não têm força para tal, ou assustam-se com a mesma flor 5 vezes.

Sim, já me tinham dito que agora ia ser um terror, que eles têm muita energia e roem tudo em casa, no entanto esqueceram-se também de dizer que levam todo o meu orçamento. Ele é vacinas, é desparasitações, é brinquedos, é comidas premium para crescer sem doenças, é biscoitos, é taças, é camas e afins, é jogos interativos, é trelas e arnês, um sem fim de necessidades para me fazer gastar dinheiro todos os meses.

Mas claro que isso é apenas um dos lados, pois ter um animal na nossa vida é muito gratificante, é um amigo que está e vai estar
sempre ao nosso lado, que nos espera sem interesse, reconforta e acarinha, faz-nos
companhia e deixa-nos muito felizes.


A verdade é que, apesar do desgaste que me tem provocado esta fase inicial, que exige muito de mim, tenho aproveitado melhor a vida desde que tenho o Cookie comigo.

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Desde o desfrutar mais da natureza, porque ele “obriga-me” a fazer mais caminhadas; durante as nossas caminhadas páro mais para apreciar o céu estrelado ou o sol a nascer enquanto ouço os passarinhos; tornou-me mais paciente para a vida, de uma forma geral; ajudou-me a valorizar mais sentimentos deverás importantes na nossa vida: a disponibilidade e dedicação ao outro, o conceito de amizade; a responsabilidade. É ainda capaz de se moldar ao meu estado de espírito e de o alterar, deixar-me mais bem-disposta ou calma quando chego mais stressada ou nervosa e preocupada com algum problema.

Os meus dias também passaram a ser muito maiores, porque ele entre as 5 e 6 da manhã já tem a bateria carregada e está pronto para o mundo, portanto o conceito de ‘Domingo’ e ‘Dia de descanso’ desapareceu. Por outro lado, ajudou a reduzir a minha procrastinação, porque tenho-o como responsabilidade e prioridade; como tal, tenho que despachar certas coisas para lhe ir dar de comer, para irmos à rua, para brincarmos, portanto tenho mesmo que fazer o que tenho que fazer, no tempo certo, para não correr o risco de me atrasar e não estar lá para o Cookie.

Sempre fui defensora da causa dos animais, mas cada vez mais percebo como é grande a responsabilidade de o criar e educar, e como deve ser sempre muito bem pensada e ponderada a possibilidade de adotar um animal; tal implica disponibilizarmos tempo e recursos e darmos mais de nós.

Temos a obrigação de conhecer as características da espécie e sabermos ler o nosso cão, de o educar, de o amar durante toda a sua vida, de respeitar o animal, a sua natureza e condição animal; de respeitar as suas necessidades e hábitos.

Um cão não é um brinquedo e nunca deveria ser oferecido como tal. Dá muito trabalho e a sociedade devia ser mais consciencializada para esse facto, para reduzir as taxas de abandono.

o meu cookie

Tri, 24.01.23

A magia do amor, nas suas mais diversas formas continua a ser algo que me espanta.

Não deveria, não é? Deveria ser algo tão corriqueiro no nosso dia-a-dia que não nos chegaria a impressionar. Mas, infelizmente, não é.

Por vezes, parece que vivemos com palas nos olhos e muita coisa nos passa ao lado, então acreditamos que somos só desgraça, stress e chatices mas não, também somos carinho, alegria e amor. Há sempre um pouco de tudo na vida, e é assim que se consegue o equilíbrio.

No meu caso, adotei um cachorro há poucos meses … estava na rua, precisava de uma casa e carinho, fez-me olhinhos, comprou-me e não vi outra solução. Veio comigo para casa. (não havia outra opção, certo?!)

Apesar do grande desafio que tal acarreta (deixaremos isso para um outro post senão fico já com os nervos em franja) porque é um bébé só que com quatro patas, pelo que precisa de atenção, cuidados, noites mal dormidas, asneiras em casa, etc, é também um poço de amor.

É verdade, ouviram bem, não é só uma dependência, ou o tratar-te bem porque tu lhe dás comida, não, é o estar presente sempre, é o parecer que pressente quando estás mais em baixo e se vem enroscar em ti, é a sua forma de carinho. Está contigo sempre, quando estás ocupado ou quando estás encostado a ler, recebe-te sempre na maior felicidade mesmo que o seu dia tenha sido péssimo, uma seca sem nada para fazer.

E nunca mais estás sozinho na vida.

E ele é tão fofo que vocês nem imaginam.

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Além do impacto da sua existência na minha vida, que é bastante benéfico e ele nem tem essa noção (será que tem?).

“Obrigou-me” a adaptar rotinas, a definir prioridades, a aproveitar melhor o tempo para fazer tudo; “obrigou-me” inclusive a fazer exercício (sim que os passeios à rua não se fazem sozinhos)

É ele que me vai ajudar a não procrastinar tanto este ano. Juntos conseguimos.

É o meu cookie e já faz parte da família. Para algumas pessoas, tal afirmação é um absurdo, ainda olham para os animais tal como são, animais. No entanto, eles ocupam um lugar na família, nas comemorações, nas rotinas diárias, nos mimos distribuídos. Eles têm as suas necessidades integradas na família, dormem, tomam banho, têm horas para comer, para brincar, para estar em família e com a família.

E ele chegou há pouco tempo, arrebatou corações e faz parte da família, com toda a sua personalidade vincada e mimada. É um tipo de amor diferente, sabem? Mas que faz tão bem.

 Quem daí percebe este amor pelos animais?

É empreendedora desd’a barriga da mãe

Tri, 27.05.21

Os meus pais têm uma forte convicção de que eu tenho algum espírito empreendedor dentro de mim, que não sei estar quieta e estou sempre metida nalgum projeto.

Por sua vez, eu posso afirmar que não tenho. Talvez em tempos idos possa ter tido um resquício mas que se perdeu com o tempo, claramente.

 

É um facto que eu estou sempre metida em alguma coisa, a ajudar alguém num determinado projeto, a fazer formações, a aprender uma nova língua, a preparar angariações de fundos para a minha associação, um sem número de coisas mas daí a ser uma empreendedora vai uma grande distância.

E porque acham os teus pais tal coisa? (perguntaram vocês, não foi?)

 

Desde pequena que sempre quis muito ser independente, e por independente entenda-se conseguir ter umas moedas para ir comprar gomas sem ter que pedir à mãe ou simplesmente ter o meu mealheiro de lata, conseguir enchê-lo e ter o maior dos prazeres em despejar todas as moedinhas em cima do balcão do banco (do montepio, claro está, como boa criança portuguesa que era) para depositar na minha conta poupança “para quando fosse grande”.

Ai, e se conseguia encher esse mealheiro minha gente…várias vezes me lembro deste processo, no tempo em que ainda aceitavam depósitos em moedas e eu recebia elogios por levar os meus escudos todos direitinhos para serem depositados. Era um orgulho! Sentia-me ‘como gente grande’.

 

E como arranjava eu tantas moedas? (foram vocês que perguntaram ou foi impressão minha?)

 

Pois aí é que está o cerne da questão e o tal jeito para os negócios que desenvolvi desde cedo, nas mais variadas atividades a que me propus.

Sempre estive disponível para ajudar todas as pessoas no nosso bairro, os meus pais assim me ensinaram, sem qualquer contrapartida, ajudava a levar os sacos ao cimo das escadas, a dar comida aos animais, a ir ‘só ali buscar dois pãezinhos qu’és linda’, no entanto, comecei a amealhar rebuçados do Dr. Bayard e, de quando em vez, um tostão. E aí sim, nasce o meu primeiro mealheiro, sem contar, sem ter pedido, simplesmente porque me quiseram dar uma moeda.

E foi quando o meu pai me ensinou a guardar as moedas na latinha para guardar no banco e ter dinheiro quando crescesse. (convenhamos que ainda mal se sabia da fama dos bancos, na verdade)

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