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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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É empreendedora desd’a barriga da mãe

Tri, 27.05.21

Os meus pais têm uma forte convicção de que eu tenho algum espírito empreendedor dentro de mim, que não sei estar quieta e estou sempre metida nalgum projeto.

Por sua vez, eu posso afirmar que não tenho. Talvez em tempos idos possa ter tido um resquício mas que se perdeu com o tempo, claramente.

 

É um facto que eu estou sempre metida em alguma coisa, a ajudar alguém num determinado projeto, a fazer formações, a aprender uma nova língua, a preparar angariações de fundos para a minha associação, um sem número de coisas mas daí a ser uma empreendedora vai uma grande distância.

E porque acham os teus pais tal coisa? (perguntaram vocês, não foi?)

 

Desde pequena que sempre quis muito ser independente, e por independente entenda-se conseguir ter umas moedas para ir comprar gomas sem ter que pedir à mãe ou simplesmente ter o meu mealheiro de lata, conseguir enchê-lo e ter o maior dos prazeres em despejar todas as moedinhas em cima do balcão do banco (do montepio, claro está, como boa criança portuguesa que era) para depositar na minha conta poupança “para quando fosse grande”.

Ai, e se conseguia encher esse mealheiro minha gente…várias vezes me lembro deste processo, no tempo em que ainda aceitavam depósitos em moedas e eu recebia elogios por levar os meus escudos todos direitinhos para serem depositados. Era um orgulho! Sentia-me ‘como gente grande’.

 

E como arranjava eu tantas moedas? (foram vocês que perguntaram ou foi impressão minha?)

 

Pois aí é que está o cerne da questão e o tal jeito para os negócios que desenvolvi desde cedo, nas mais variadas atividades a que me propus.

Sempre estive disponível para ajudar todas as pessoas no nosso bairro, os meus pais assim me ensinaram, sem qualquer contrapartida, ajudava a levar os sacos ao cimo das escadas, a dar comida aos animais, a ir ‘só ali buscar dois pãezinhos qu’és linda’, no entanto, comecei a amealhar rebuçados do Dr. Bayard e, de quando em vez, um tostão. E aí sim, nasce o meu primeiro mealheiro, sem contar, sem ter pedido, simplesmente porque me quiseram dar uma moeda.

E foi quando o meu pai me ensinou a guardar as moedas na latinha para guardar no banco e ter dinheiro quando crescesse. (convenhamos que ainda mal se sabia da fama dos bancos, na verdade)

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