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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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a arte de definir e adaptar

Tri, 01.12.23

Estabelecer metas pessoais é, por vezes, um grande desafio até porque, muitas vezes temos dificuldade em definir objetivos concretos e exequíveis, e ficamos no campo dos sonhos e aspirações. A dificuldade reside, não apenas em traçar metas ambiciosas, mas também em encontrar o equilíbrio entre a ambição e a viabilidade desses objetivos.

Definir objetivos é como lançar ancoras para o futuro desejado. No entanto, ao longo do caminho, a turbulência da vida pode fazer com que essas ancoras aparentem ser mais pesadas do que nunca. A dificuldade em atingir metas, por vezes, está diretamente relacionada com as expectativas irreais, prazos demasiado apertados ou subestimação dos obstáculos que surgem no caminho.

A chave para superar esses desafios está na capacidade de adaptar os objetivos ao contexto mutável da vida. Nem sempre a rota definida é a rota mais eficaz.

Saber redefinir metas é uma virtude que permite ajustar a vela quando os ventos mudam. Isso não implica renunciar aos sonhos, mas sim adotar uma abordagem mais flexível e realista.

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O nosso maior problema são as ideias pré-concebidas que temos relacionadas com este tema, como se a redefinição de objetivos fosse sinal de fracasso, quando, na verdade, é sinal de sabedoria. É reconhecer que a ideia original pode não ser a mais eficaz, mas que com as lições aprendidas ao longo de todo o percurso conseguimos identificar uma rota mais promissora. Não há mal nenhum em mudar o foco ou mudar o caminho para chegar a um mesmo ponto; burrice seria percebermos que um dado caminho não está a funcionar e não nos leva a nenhum e continuarmos nele.

Ao redefinir metas, é crucial manter a clareza sobre os valores essenciais. Isso permite que os objetivos ajustados ainda estejam alinhados com o propósito maior. Além disso, reconhecer o progresso, mesmo quando os objetivos são adaptados, é fundamental para manter o impulso positivo.

Assim, o caminho para atingirmos os objetivos que queremos, é tão importante como os próprios objetivos. É nele que crescermos, que nos deparamos com as dificuldades, que evoluímos. A habilidade de definir metas exequíveis, reconhecer desafios inesperados e redefinir objetivos quando necessário não apenas molda a realização pessoal, mas também promove uma abordagem de maior compaixão em relação a si mesmo. É na flexibilidade que encontramos a verdadeira força para continuar a avançar, enfrentando os desafios da vida com resiliência e determinação.

Este ano foi repleto de desafios, dificuldades, ajustes e reajustes; não me posso queixar de monotonia e de falta de estímulos. Foi um ano complicado, a verdade é essa (falaremos melhor numa outra altura vá), mas superado e que contribuiu para o meu crescimento, como sempre acontece com todos os obstáculos que a vida nos coloca no caminho. E confesso que neste percurso foi preciso parar algumas vezes, reajustar as minhas expectativas para não me defraudar a mim própria, para não acabar frustrada.

Estamos quase naquela altura do ano em que muitos de nós gostam de fazer listas, definir objetivos, auto desafiar-se … não se esqueçam de sonhar mas com os pés na terra para que os objetivos definidos sejam possíveis de atingir.

as mudanças na nossa vida

Tri, 15.08.21

Dizem que as mudanças fazem parte da vida, pelo menos sempre me disseram, e é assim que eu vendo o peixe.

Mas não significa que não custe ou que uma pessoa se habitue sempre.

Nasci em Coimbra, onde sempre fui muito feliz e, para quem não conhece, é como se fosse uma aldeia em ponto grande (como eu digo sempre), onde se conhece toda gente, se cumprimentam todos os que vão passando na rua (ou cumprimentávamos, agora não estou lá, já não sei bem…) e assim conhecia a baixa e arredores, onde me sentia bem porque conhecia toda gente.

A minha mãe dava-me um tostão para ir ao pão como gente grande e eu lá ia dizendo olá a todos p’lo caminho, passando p’lo clube vídeo (está agora o meu sobrinho a coçar a cabeça a pensar o que será um clube de vídeo!?) e com a Ti Altina sempre sentadita à porta.

No entanto deu-se uma mudança, para o Porto…mas vida é feita de mudanças e temos que nos ir adaptando, não é…?

 

Todavia o Porto era uma cidade grande e mudámos para um prédio também de si grande (na verdade, da minha perspetiva da altura pareceu-me gigante…) onde não conhecíamos ninguém, não tinha telemóvel, não havia redes sociais…ainda se escreveu algumas cartas aos amigos mas alguns foram ficando pelo caminho. Dei-me muito mal com esta mudança; a falta de poder andar pela rua e dizer ‘bom dia’ a toda gente (não desfazendo da tremenda simpatia da malta do Norte, atenção); de conhecer os vizinhos que moram mesmo ao nosso lado e a senhora da mercearia de desenrascava 1 Kg de sal mesmo antes de fechar a porta.

Senti falta essencialmente dos amigos, das pessoas, numa fase da vida em que ainda se está a crescer, em que ainda não amadureceste o suficiente para saberes estar bem contigo apenas, em que ainda precisas de pessoas para te afirmares, para te perceberes, para pertenceres...que errado que isso é. Hoje, eu sei isso.

O Porto foi começar toda uma nova vida, tudo de raiz, para toda a família convenhamos (mas eles é que escolheram, portanto …). Mas foi um recomeço de tudo, de rotinas, de amizades, de empregos, de simplesmente estar à vontade na cidade.

 

Lembro-me sempre das grandes mudanças da minha vida, se calhar não são grande coisa comparadas com a história de vida dos meus avós e dos meus pais, mas são as minhas mudanças e impactaram a pessoa que sou hoje. Mudanças de cidade, de faculdade, de casa, de relações, de trabalhos…de facto, a vida é mesmo feita de mudanças, pelo que já devia ser algo natural para nós, mas ainda assim não deixo de ficar com ‘borboletas na barriga’ perante um novo projeto, antes de uma entrevista de emprego, quando vou começar uma nova formação, etc.

Pequenas mudanças, as reações de sempre.

 

Neste momento pondero mudar de trabalho, ainda não sei bem como fazer isso porque parece uma loucura (para qualquer pessoa que esteja de fora parece) porque estou num trabalho estável, permite-me fazer a minha vida, não me posso queixar do que ganho nem do ambiente na empresa mas de facto estes anos permitiram-me perceber que a minha área de formação não me completa. Na altura escolhi o que queria, Gestão de Empresas, ninguém me obrigou e fazia-me total sentido…mas agora que estudei, tentei, experimentei, creio que posso afirmar que não gosto, não me completa, não me satisfaz e gostava de não continuar nesta área.

“Mas e então o que queres tu fazer?”, perguntam vocês. Pois aí é que reside o busílis da questão…não faço ideia, daí me manter no meu porto seguro. Mas tenho vindo a pensar muito nisso e sinto-me, cada vez mais, como peixe fora de água (se é que estou a fazer sentido sequer…).

Nem todos podemos fazer aquilo que sonhamos na vida, mas por vezes temos apenas que nos adaptar e conseguirmos estar melhor mudando a perspetiva das nossas funções e local de trabalho, como já aqui refletimos.

Se tivesse assim um jeito maravilhoso para algo, tipo culinária, já tinha solução e dedicava-me à gastronomia, por exemplo…mas não encontro nenhuma skill escondida dentro de mim que me ajude neste momento de dúvida…continuarei a refletir sobre isto até conseguir chegar a bom porto, espero eu.