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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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como os pais influenciam a personalidade dos filhos

Tri, 27.06.23

Estou naquela fase da vida, em que as amigas à minha volta já têm filhos (e só sabem falar deles, verdade seja dita) e eu acho ótimo, até porque sempre adorei crianças e lá por casa havia sempre miúdos, desde família a vizinhos, todos lá iam parar. (já eu continuo a sofrer o estigma da sociedade para ver quando será a minha vez…)

E elas estão sempre preocupadas com as conversas que possam ocorrer à frente dos miúdos, “eles são uma esponja nesta idade, absorvem tudo” (mas se deitarem fora à velocidade de uma fralda, diria que não retêm lá muito…huuumm)

Mas, efetivamente, acho muito importante elas terem este pensamento e preocupação, fruto do desenvolvimento da sociedade, do nosso desenvolvimento pessoal ao longo da vida.

Atualmente podemos preocupar-nos com estas coisas, perceber que tipo de pais queremos ser, como exercer uma parentalidade consciente, no tempo da minha Ti Alice nada disso existia, tinha-se 14 filhos sem pensar muito no assunto, fazia-se o melhor possível com o conhecimento e as posses que se tinha. (correção: e não é que teve 17 filhos...)

É importante entender que nenhum de nós nasce com a personalidade formada, esta está em constante desenvolvimento ao longo da vida. (sim, não é um processo só das crianças). No entanto, os primeiros anos de vida são fundamentais neste processo.

Os filhos fazem o que os pais dizem, seguem os seus passos; estes são os seus modelos no princípio da vida, os seus pontos de referência. Daí a importância do exemplo, a criança tem tendência a imitar o que vê e assumir como certo essa atitude. Se vir os pais a deitarem lixo no chão, não só irá imitar o gesto como assumi-lo como correto.

Segundo Freud, os pais são tidos como agentes de extrema importância na formação da criança, são quem permite ‘conter o que há de animal em todos nós, ensinando a controlar desejos, impulsos, a perceber o que é ou não moralmente aceite’, de acordo com as convenções da sociedade.

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O que a criança aprender, ver, ouvir, sentir será armazenado no seu cérebro e irá definir a maneira como agirá no futuro. À medida que cresce, vai-se também dando conta de que consegue mover braços e pernas, por exemplo, e que os outros também o fazem. Assim, a partir do outro, a criança começa a ter a noção do eu, de que é um indivíduo.

As crianças estão muito atentas ao seu meio ambiente envolvente, onde encontram as pistas sobre o que devem fazer, o que podem usar e como.

Daí ser, de facto, de extrema importância conseguirmos controlar os nossos impulsos em frente às crianças; o objetivo não é o de excluir a influência que podemos ter mas sim de editarmos essa influência. Sermos conscientes sobre o efeito da nossa ação.

Se isto é fácil? Pois claro que não! É um exercício contínuo, e obriga-nos a estar muito mais presentes no momento, a perceber o que fazer e dizer, de forma a impactar positivamente.

Portanto, permite-nos evoluir e crescer enquanto educamos positivamente.

Um estudo da Universidade de Oxford afirma que filhos de pais confiantes são menos propensos a ter problemas comportamentais antes da adolescência. Assim, o trabalho passa primeiro por nós enquanto indivíduos para que possamos fazer um bom trabalho com as nossas crianças.

Se é simples, não, mas eu também só dou as ideias, vocês é que os vão criar, correto?

como perder pneus em dois dias

Tri, 14.07.21

Estavam à espera da receita de uma dieta milagrosa qualquer, não era?! Desculpem, enganei-vos. 

Tenho andando ocupada a resolver problemas em casa que parecem como cogumelos: nascem em todo o lado.

Ele é lâmpadas a fundir, é rodapés a descolar que têm que ser refeitos, é uma parece que decidiu descascar e tenho que voltar a lixar tudo, pôr massa e pintar (sim que eu virei uma empreiteira top ..vá, top top não mas desenrasco vá), problemas muito diversos que me têm ajudado entreter (estava mesmo a precisar, realmente).

A juntar a isso tive uma bela surpresa que das duas uma, ou tive mesmo muito azar, ou alguém me quer dar algum recado…

Estive uns dias fora e deixei o carro estacionado na minha rua, é uma rua de sentido único e tem sempre carros de ambos os lados, toda a rua é um grande parque de estacionamento. Acontece que cheguei na segunda para pegar no carro e tinha um pneu furado, mas mesmo muito furado, o pneu é de uma borracha tão dura e aquilo parecia gelatina (nota-se muito que nunca tive um furo na vida?!).

Ora para resolver o problema toca de pegar no telefone e chamar... (assistência em viagem diriam vocês?!) o meu rico paizinho, claro está, para vir ajudar a menina.  Infelizmente o raio do pneu deu mesmo luta porque tinha ferrugem, ou algo assim, mas ainda tivemos um vizinho muito prestável a ajudar.

Neste momento eu já estranhava a situação porque tenho total certeza que o carro estava bem quando o deixei estacionado, andei a dar imensas voltas no último dia e não senti nenhum pneu em baixo, estacionei-o bem, como é que perdeu o ar nestes dias?

O meu pai dizia-me que devo ter calcado algo e ficou a esvaziar estes dias…possível, realmente…

Lá ficou o carro com o pneu suplente que me permitiu arrancar, mas só na terça é que eu conseguia ir tratar daquilo.

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Na terça, às 8h00, chego ao meu carro (que ficou novamente estacionado na rua, ainda que num sítio diferente) e apanho outro pneu furado. Como assim? Qual é a probabilidade?

Desta vez já não me adiantava pedir ajuda ao meu pai porque não havia mais pneus suplentes para substituir, tive que me limitar a chamar o reboque para me levar à casa de pneus e chegar atrasada ao trabalho.

O meu pai continua a achar que posso ter pisado algo pontiagudo num pneu e noutro (foram do mesmo lado) e que acabaram por ir esvaziando… mas caraças, dois pneus? Dois dias seguidos? Que raio de azar …

Simplesmente acho muito estranho mas eu também nunca tinha tido um furo na vida, agora, de repente, já fiquei com dois na coleção.

Vamos lá ver se sobrevivo sem mais nenhum o resto da semana. (afinal de contas o carro tem quatro pneus…)

sermos pais dos nossos pais

Tri, 27.03.18

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As linhas delineadas nos rostos dos nossos pais, não são meras rugas, são marcas das lutas diárias, da vida a acontecer, das noites mal dormidas e sonos perdidos por nós.

 

 Os nossos pais não serão jovens para sempre, um dia, vão envelhecer. 

E creio que deverá ser uma honra se tivermos a oportunidade de presenciar esta fase da vida deles, pois teremos a oportunidade de retribuir todo o cuidado e dedicação que tiveram connosco, enquanto nos formaram pessoas.

Certamente, fizeram o melhor que souberam e que puderam de acordo com o que a vida lhes proporcionou.

 

Categoricamente, não creio que seja uma fase fácil também, teremos que estar melhor preparados para quando esta fase chegar. A velhice vai torná-los carentes, necessitados de atenção e de ouvidos pacientes que oiçam as suas mágoas e lembranças.

 

Mas essas lembranças, onde constaremos pela certa, farão com que se sintam vivos e por isso é tão importante que não as percam.

 

Ainda assim, terão retrocessos físicos (ainda que não muito graves, mas os inerentes ao avançar da idade), o corpo franzino precisará do nosso apoio para se mover, tal como fizeram connosco quando nos ensinaram um dia a andar.

A cabeça começará a ficar confusa e a contar as mesmas histórias, vezes e vezes sem conta, com o entusiamo de como se fosse a primeira vez.  

As inseguranças de infância (das quais já nem nos lembramos) têm tendência a repetir-se na velhice…sempre ouvimos dizer “que na velhice voltamos a ser crianças” e não foge muito à realidade; daí a necessidade premente de cuidados e atenção; da troca de papéis.

 

Não obstante, acredito plenamente que não estamos preparados para sermos pais dos nossos pais; é um processo de adaptação e aprendizagem.

 

Quer dizer, velho é um conceito relativo (sempre o é); para mim os meus pais não são velhos, estão simplesmente a envelhecer, no entanto, aos olhos do meu sobrinho eles são velhos, aos olhos dos amigos deles são perfeitamente normais, aos olhos dos meus avós seriam ainda uns jovens. É sempre relativo …

 

A maior dificuldade reside em conciliarmos o nosso espirito de filhos adultos com o progressivo envelhecimento deles; largarmos os ideais de criança de que os nossos pais são heróis, que são invencíveis e que estarão cá para sempre.

E assim, nada é mais justo do que estarmos ao lado deles quando precisarem, tanto ao longo da sua vida adulta como na velhice.

Ainda que, por vezes, a paciência nos possa trair e o aborrecimento surja, não é contra eles…é contra o tempo, o mesmo tempo que nos ensina, educa, cura e faz crescer e que os está a levar de nós.

Devemos tratá-los com carinho, respeito, oferecer-lhes colo (tal como fizeram connosco), em forma de companhia, de cuidado, de atenção, de sorrisos, de uma mão estendia e braços abertos.

 

É dar-lhes mais paciência e menos exasperação. Menos desassossego e mais apoio. Mais companheirismo e menos acusações. Mais afeto e menos cobranças.

Eles estão apenas a envelhecer; tal como todos nós, a cada dia que passa.