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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

como assim já é Natal?

Tri, 07.12.23

Como assim já estamos em Dezembro? Não sentem que este ano passou a voar ?! (não parecia mesmo a minha avó a falar, assim de repente?)

Eu sei que as horas, os minutos e os segundos passam hoje em dia tal como no passado, à mesma velocidade, mas porque temos nós esta sensação de o tempo passar mais rápido? Aparentemente, o que acontece é que a sensação de passagem do tempo reflete o que ocorre no nosso mundo interior, ou seja, é o que sentimos e a forma como vivemos a vida, que nos faz ver o tempo voar ou se arrastar.

Estamos tão habituados a correr contra o tempo, que nem nos apercebemos que o preço a pagar, por essa falta de descanso, é alto. Queremos sempre fazer muito mais do que aquilo que deveríamos, ou que temos tempo para tal, então corremos tanto que nem damos pelo tempo passar e, de repente estamos no Natal.  

Eu sou uma fã assumida desta altura do ano, adoro o Natal, adoro poder estar com as minhas pessoas, adoro que o tempo pareça parar com todos à volta de um jogo de tabuleiro, adoro enfeitar a casa toda, ter luzinhas todos os dias…sim, sou daquelas pessoas que começa a montar tudo logo em Novembro para poder desfrutar o máximo de tempo possível.

O Natal, além de luzes cintilantes e melodias festivas, é um convite à reflexão profunda sobre o verdadeiro significado da vida. É uma pausa suave no tumulto diário, um momento para silenciar o ruído do mundo e sintonizar com o coração.

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No espírito natalício, encontramos a magia de agradecer. Agradecer não apenas pelos presentes materializados, mas pelos laços intangíveis que aquecem as nossas vidas. É um tempo para reconhecer o presente precioso do amor, que se manifesta na união com aqueles que mais valorizamos.

Natal é também saúde, uma celebração da vitalidade que nos permite estar e abraçar as nossas pessoas, partilhando sorrisos e gargalhadas. É uma lembrança subtil de que o maior tesouro que possuímos está presente nas relações humanas que criamos, nas famílias que nos apoiam e nos amigos que caminham ao nosso lado.

Portanto, da mesma forma que as luzes natalícias iluminam os nossos lares, as nossas cidades; que também nós possamos acender a chama da gratidão nos nossos corações. Que este Natal seja mais do que um evento, mas sim uma verdadeira celebração do amor, saúde e dos laços que tornam a jornada da vida verdadeiramente significativa.

E acima de tudo, que o espírito natalício se estenda além das festividades, guiando-nos com compaixão e lembrando-nos diariamente do valor precioso daquilo que realmente importa.

Boas Festas para todos!

aos meus pais

Tri, 07.08.23

Dizem que as crianças aprendem o que vivem. (eu mesma o disse aqui e aqui…)

Por isso, se hoje sou paciente é porque me ensinaram a ser tolerante, se hoje não condeno é porque não vivi sob críticas, se não sou tímida é porque não fui ridicularizada, se sei apreciar é porque recebi elogios, se sei amar é porque vivenciei a aceitação, a aprovação. Se sou verdadeira é porque convivi com a sinceridade, se sou justa vivi com equidade. Ensinaram-me a gostar de mim mesma, mas eu também tive um papel muito importante nessa tarefa ao longo do meu crescimento.

Porque convivi com a bondade e a consideração pelos outros, aprendi o que é o respeito. E se hoje acredito que o mundo é um bom lugar para se viver é porque vivi em segurança, é porque aprendi a ter confiança em mim mesma e naqueles que me rodeiam.

Efetivamente, os nossos pais são os nossos grandes exemplos, e digo pais no sentido de ‘a pessoa que nos cria e acompanha ao longo do crescimento’, seja quem for. Mas é com eles que nos tornamos gente, que aprendemos a valorizar tanta coisa na vida.

A minha mãe ensinou-me a força da independência, a coragem de fazer acontecer, o arregaçar as mangas e não ser dependente de ninguém. Ensinou-me a força de viver, que ultrapassa todos os obstáculos que a vida nos apresenta. Ensinou-me a estar lá para o outro mas a não me deixar rebaixar. O meu pai me ensinou-me o que é a calma, a paciência, a bondade, a compaixão, a humildade. Ensinou-me a perdoar, mesmo quando algo não teria perdão; ensinou-me o incentivo moral e emocional de forma incondicional.

E não foram ensinamentos que ficaram no passado. Não. Na verdade, são transversais a todas as fases da minha vida, continuam a ensinar-me ainda nos dias de hoje.

Ensinam-me o que é a resiliência, o que é ajudar sem esperar nada em troca, a não desistir na vida, a lutar pelos nossos sonhos mesmo que estes sejam difíceis e que só se consiga depois dos 60 anos.

Cresci numa casa de risos, gritaria, por vezes, e alguns castigos, mas por algum motivo, não me lembro muito desses momentos. O que fica é a noção de que uma relação é composta por amor, mas não só, também por união, respeito, bem-querer, cuidado e atenção ao outro.

O meu obrigada a vocês, pai e mãe.

Parabéns por estes 30 anos de união.

as linguagens do amor

Tri, 19.07.23

Que todo o ser humano é único, isso todos nós sabemos. O que muitas vezes não reparamos é que há particularidades em cada um de nós, que alteram a forma como vemos o mundo, como o sentimos, como damos importância às pessoas ao nosso redor, como espalhamos amor. (se é que espalhamos…)

Conceito introduzido por Gary Chapman, nos anos 90, explica o “segredo do amor duradouro”, as linguagens que se foi apercebendo existirem ao longo de décadas enquanto conselheiro matrimonial, a premissa base do seu livro é bastante simples (senso comum vá, até eu sabia dizer isto), afirma que: pessoas diferentes com diferentes personalidades e feitios, dão e recebem amor de diferentes formas. (lógico, certo? Eu avisei!)

Aqui falamos de Amor em todas as suas formas e feitios, para com amigos, família, parceiros, etc. Percebendo as nossas preferências de como gostamos mais de receber e retribuir amor à nossa volta, conseguimos mais facilmente demonstrar sentimentos, espalhar amor, conectarmo-nos mais profundamente com as pessoas, estabelecer uma comunicação muito mais eficaz com resultados altamente positivos.

O objetivo de melhorarmos o autoconhecimento, sobre a forma como reagimos perante o amor, é que se estreitem os laços, se desenvolvam relações mais fortes, coesas, com maior entendimento.

Assim, no seu livro, o autor apresenta as formas que utilizamos para nos expressarmos numa relação:

  • Palavras de afirmação
  • Tempo de qualidade
  • Lembranças
  • Gestos de serviço
  • Toque físico

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Agora vamos entender um pouco melhor o que é cada uma destas características.

Palavras de afirmação

Sejam faladas ou escritas, este tipo de linguagem usa as palavras para elogiar a outra pessoa, incentivar, apoiar, para dar alento e força. Pequenas coisas que, para quem dá mais valor às palavras, vai, certamente, impactar: “Estou orgulhoso de ti”, “ainda bem que arriscaste, está ótimo”, “o jantar está mesmo delicioso”, “gosto de te ter na minha vida porque…”.

Tempo de qualidade

Esta linguagem trata, essencialmente, do estar. Do estarmos lá para o outro, estarmos efetivamente presentes no momento, desfrutarmos da companhia, passarmos tempo de qualidade em conjunto.

Lembranças

Para algumas pessoas, receberem pequenos presentes sem contar, daqueles de fazer derreter o coração, é o que as faz sentirem-se mais amadas. E, por presentes, não quer dizer gastar fortunas a comprar coisas, mas sim dar coisas simples que a pessoa aprecie e não estava a contar: uma flor, um chocolate num dia mais amargo, um bloco de notas para quem gosta de escrever, etc.

Gestos de serviço

Nesta linguagem as ações falam mais alto que as palavras. Basicamente, para sentirem a atenção, o carinho e cuidado do outro basta-lhes uma pequena ajuda ao invés de presentes e grandes poemas. Preferem que a pessoa as ajude a concluir uma dada tarefa, que lhes tire um peso de cima assumindo a responsabilidade de algo, que façam algo sem que tal lhes seja pedido, que tomem a iniciativa. Basicamente, para estas pessoas, se se oferecerem para tratar da roupa, irem vocês às compras, ou qualquer outra tarefa irão fazê-las sentirem-se nas nuvens.

Toque físico

Para estas pessoas, nada transmite melhor o amor do que o toque, de forma adequada e respeitosa. Precisam de muito contacto, abraços, beijos, mãos dadas, tocar enquanto falam, todos estes toques as fazem sentir amadas.

 

Claramente que, lendo isto, todas estas linguagens nos parecem igualmente importantes e necessárias, e achamos que usamos todas elas mas se, efetivamente, fizermos este exercício de maior introspeção, de nos conhecermos, percebermos como temos sido ao longo da vida, do que é que gostamos mais, vamos constatar que usamos mais umas linguagens do que outras. Há quem goste mais de abraços e beijinhos e há quem prefira que a pessoa a ajude a terminar uma determinada tarefa que lhe está a custar fazer, sem que tal lhe seja solicitado.

Se tiverem curiosidade, deixo-vos aqui o site (é em inglês) para que façam o questionário e descubram qual a vossa linguagem do amor.

Confesso que fiquei um pouco surpresa com os meus resultados, sempre achei que era mais de gestos de serviço e palavras, gosto sempre de preparar o pequeno almoço supresa no dia do pai, fazer bolachinhas para oferecer, escrever postais de Natal e Aniversário para todas as pessoas, etc.

Afinal o meu resultado é maioritariamente ‘palavras de afirmação’, o que faz algum  sentido ou não achasse eu piada a escrever umas coisas (como se pode ver pode este cantinho mal-amanhado) e a escrever mensagens e post-its às pessoas; seguido de ‘toque’, daí os meus abracinhos constantes.

Achei muito interessante o quiz e pode deixar-nos a pensar. Quem tiver curiosidade, faça.

Depois partilhem por aqui, tenho curiosidade em saber “quem anda por aí”. 😉

sempre assim fiz e sempre correu bem

Tri, 24.03.23

É daquelas respostas que me deixam fora de mim, como se o facto de termos bem feito algo em determinado tempo significa que tal não pode ser sujeito a mudanças e melhorias, porque “em equipa vencedora, não se mexe”.

Não é verdade, se os tempos mudam, o nosso meio envolvente muda, nós também temos que ir alterando os nossos hábitos, rotinas, manias, forma de fazer as coisas, seja o que for, mas as coisas podem e devem ir evoluindo.

E isso também é transversal à parentalidade, percebo as tias e avós que dão milhentos conselhos de ‘como bem fazer’, mas nem todas essas dicas e mezinhas funcionam hoje em dia, ou fazem sequer sentido.

Há décadas era o melhor que havia, e todos davam o seu melhor, entretanto as gerações são mais instruídas, mais curiosas, e mesmo a forma de educar mudou, ou deveria mudar. (e atenção que não estamos a dizer que os valores base não se mantêm)

Os meus pais faziam-me isso e estou aqui hoje, gordinho e tudo”, adoro estas constatações como se o facto de esta pessoa ter “sobrevivido” à sua infância é motivo suficiente para validar os métodos educacionais dos seus pais como excelentes. E até podem ter sido, atenção, não sabemos, mas também podem não ter sido e está tudo bem, desde que tenhamos essa consciência e façamos algo para mudar isso mesmo.

Mas será que poderia ter sido feito ainda melhor? Ou seja, além de eu ter sobrevivido será que poderia ser uma pessoa mais confiante, decidida e feliz?

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Em diferentes gerações existiram diferentes métodos de educação, pais que batiam, crianças a ficarem de castigo, pouca demonstração de carinho e afeto, crianças deixadas todo o dia na frente de uma televisão, etc.

Foi resultando, foi. Somos todos adultos hoje com as nossas memórias que também incluem, um passeio em família ao domingo, um dia especial com direito a um gelado, uma volta de bicicleta/triciclo.

Todos os pais fizeram o melhor que sabiam com as ferramentas que tinham, não duvido! Mas não implica que tenha sido perfeito e não implica que continuemos a perpetuar alguns dos erros geração após geração.

A parentalidade consciente é um tema fascinante (partilho convosco uma autora que adoro, Mikaela Övén) e eu acho que torna a parentalidade quase num projeto, como se criar aquele Ser fosse um projeto para o qual temos que ter um plano, ter consciência do que vamos fazer e dizer e não improvisar; um projeto para o qual fazemos todo um planeamento prévio com a obrigação de criar o melhor Ser possível, com valores humanos que tanta falta fazem no mundo.

Vamos tentar que não passe desta geração, os gritos constantes, a violência física, os abusos verbais, a manipulação da autoestima, as críticas excessivas.

“Em cada geração, só um pequeno grupo pode mudar o destino da humanidade: os adultos com crianças pequenas.” (Lar Montessori)

Vamos elogiar, incentivar, promover o espirito crítico, ensinar a tolerância e respeito, espalhar o amor, incentivar a partilha.

E isto tudo porque no supermercado uma mãe se passou com o miúdo, que devia ter cerca de 3 anos, como se toda a gritaria e o discurso dela fossem entendidos na perfeição por aquele pequeno Ser que sabe lá o que é inflação, e se pode ou não sonhar com um novo carro de bombeiros.

pai

Tri, 19.03.23

Pai, podes vir buscar-me? Pai, está aqui um aranha enorme. Pai, podes levar-me à festa mais à J. e C.? Pai, tive um furo no boguinhas. Pai, corriges-me este texto? Pai, dói-me a barriga. Pai, não chego lá cima. Pai, dói-me, outra vez, os ouvidos. Pai, perdi as chaves de casa na visita de estudo. Pai, a mana está a chatear-me. Pai, não quero dormir já, posso ler só mais um capítulo? Pai, temos jogo de andebol no domingo. Pai, descascas-me as laranjas? Pai, dás-me dinheiro para ir ao cinema? Pai, a mãe está a chamar. Pai, a mana está a chamar. Pai, a mãe deu comida a mais aos meus peixinhos. Pai, a lâmpada fundiu. Pai, perdi o dinheiro que me deste. Pai, tenho um recado da escola. Pai, quero fazer um jantar com amigos, fazes o pitéu para todos?

Pai, cresci. Pai, descascas-me as laranjas para eu levar prontas para minha casa? Pai, estou na rua, fechei a porta com a chaves lá dentro. Pai, quero pôr mais prateleiras na marquise. Pai, preciso de lenha para a lareira. Pai, fiquei sem bateria no carro. Pai, tenho que dar as leituras à EDP. Pai, podes viver para sempre?

cães bebés...pequenos diabretes :)

Tri, 15.03.23

“Que bolinha de pêlo mais fofa”, “e aquela barriguinha rosa tão boa”, “que olhinhos de anjinho”…tudo verdade, mas há coisas que ninguém nos conta sobre cães bebés.

Desde sempre que somos imbuídos com estereótipos de cães bebés, nos filmes, anúncios e afins são sempre todos muito fofos, dormem muito, deixam fazer tudo e tirar fotos deliciosas, mas a verdade, nua e crua, é que são muito mais que isso.

E com tanta fofice, ninguém nos preparar para a dura realidade de ter, criar e educar um cachorro bebé.

Eles são mesmo umas bolas de pêlo muito fofas, com os rabinhos que não param de abanar, mas que exigem de nós muita paciência e dedicação para não ralhar indevidamente, ao invés disso, educar diariamente.

- Fazem xixi e cocó por todo o lado, até aprenderem, e não adianta acharmos que a casa agora cheira sempre mal, o processo é assim mesmo e não há como acelerar. (olha, acendam velas)

- Veem nas nossas mãos um excelente brinquedo para roer e coçar as gengivas, são macias e duras ao mesmo tempo e ainda se mexem, querem melhor?

- Eles já treinaram o desapego, portanto ajudam-nos as destralhar algumas coisas de casa. Roem e depois temos que deitar fora. (pena que acertam sempre nas coisas erradas)

- Sono de beleza?! Esqueçam esse conceito! Eles têm muitos pesadelos e choram durante a noite, pelo que deixaremos de ter noites sossegadas de descanso.

 - Fazem parte do clube das 5 da manhã e gostam de partilhar isso com o mundo “se eu já acordei, a casa inteira tem que acordar também. Quero fazer coisas!”

- Precisam encontrar ouro, petróleo ou apenas um osso perdido?! Eles são a solução! Adoram escavar todos os jardins.

- Sempre quiseram começar a correr mas ainda não tinham tido o incentivo certo?! Tcharan, chegou! Por vezes, dá-lhes ‘os 5 minutos’ e desatam a correr em círculos que nem loucos. A energia acumulada parece que nunca acaba. (Duracell, é aprender com estas pilhas!)

- Espaço pessoal? O que é isso? Eles não conhecem esse conceito, portanto deixamos de estar sozinhos, seja na cozinha, seja numa ida à casa de banho, eles estarão sempre atrás de nós, tal qual uma sombra.

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Mas viver o mundo através dos olhos de um cachorro passa a ser mágico e gratificante; ele entusiasma-se com uma folha seca que levanta voo do passeio com o vento, ele fica pasmado a ver um melro a saltitar no ‘seu’ jardim, ele pára simplesmente no meio do passeio durante 3 minutos a olhar para o mundo, para ver o que está a acontecer à sua volta: carros a passar, um cão no outro passeio, uma trotinete aqui ao lado, o carro do lixo a chegar. Tudo é motivo de interesse, excitação e curiosidade. Ele está a conhecer o mundo e nós a olharmos para o mundo de uma outra forma. Possui aquela energia única da curiosidade infinita, de querer “devorar” o mundo.

E depois de tanto ‘arco-íris’ chega o momento da educação…sim, os cães são muito inteligentes e aprendem tudo o que ensinarmos, mas tal implica muita dedicação e disciplina nossa e uma grande dose de paciência, seja para a repetição diária até ficar sabido, seja para a falha normal do animal. Diria até que, necessitamos de uma pitada de humor, por vezes, pois eles conseguem tropelias que nunca imaginámos: metem-se em buracos onde não cabem, querem pegar em objetos maiores que eles, e não têm força para tal, ou assustam-se com a mesma flor 5 vezes.

Sim, já me tinham dito que agora ia ser um terror, que eles têm muita energia e roem tudo em casa, no entanto esqueceram-se também de dizer que levam todo o meu orçamento. Ele é vacinas, é desparasitações, é brinquedos, é comidas premium para crescer sem doenças, é biscoitos, é taças, é camas e afins, é jogos interativos, é trelas e arnês, um sem fim de necessidades para me fazer gastar dinheiro todos os meses.

Mas claro que isso é apenas um dos lados, pois ter um animal na nossa vida é muito gratificante, é um amigo que está e vai estar
sempre ao nosso lado, que nos espera sem interesse, reconforta e acarinha, faz-nos
companhia e deixa-nos muito felizes.


A verdade é que, apesar do desgaste que me tem provocado esta fase inicial, que exige muito de mim, tenho aproveitado melhor a vida desde que tenho o Cookie comigo.

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Desde o desfrutar mais da natureza, porque ele “obriga-me” a fazer mais caminhadas; durante as nossas caminhadas páro mais para apreciar o céu estrelado ou o sol a nascer enquanto ouço os passarinhos; tornou-me mais paciente para a vida, de uma forma geral; ajudou-me a valorizar mais sentimentos deverás importantes na nossa vida: a disponibilidade e dedicação ao outro, o conceito de amizade; a responsabilidade. É ainda capaz de se moldar ao meu estado de espírito e de o alterar, deixar-me mais bem-disposta ou calma quando chego mais stressada ou nervosa e preocupada com algum problema.

Os meus dias também passaram a ser muito maiores, porque ele entre as 5 e 6 da manhã já tem a bateria carregada e está pronto para o mundo, portanto o conceito de ‘Domingo’ e ‘Dia de descanso’ desapareceu. Por outro lado, ajudou a reduzir a minha procrastinação, porque tenho-o como responsabilidade e prioridade; como tal, tenho que despachar certas coisas para lhe ir dar de comer, para irmos à rua, para brincarmos, portanto tenho mesmo que fazer o que tenho que fazer, no tempo certo, para não correr o risco de me atrasar e não estar lá para o Cookie.

Sempre fui defensora da causa dos animais, mas cada vez mais percebo como é grande a responsabilidade de o criar e educar, e como deve ser sempre muito bem pensada e ponderada a possibilidade de adotar um animal; tal implica disponibilizarmos tempo e recursos e darmos mais de nós.

Temos a obrigação de conhecer as características da espécie e sabermos ler o nosso cão, de o educar, de o amar durante toda a sua vida, de respeitar o animal, a sua natureza e condição animal; de respeitar as suas necessidades e hábitos.

Um cão não é um brinquedo e nunca deveria ser oferecido como tal. Dá muito trabalho e a sociedade devia ser mais consciencializada para esse facto, para reduzir as taxas de abandono.

o meu cookie

Tri, 24.01.23

A magia do amor, nas suas mais diversas formas continua a ser algo que me espanta.

Não deveria, não é? Deveria ser algo tão corriqueiro no nosso dia-a-dia que não nos chegaria a impressionar. Mas, infelizmente, não é.

Por vezes, parece que vivemos com palas nos olhos e muita coisa nos passa ao lado, então acreditamos que somos só desgraça, stress e chatices mas não, também somos carinho, alegria e amor. Há sempre um pouco de tudo na vida, e é assim que se consegue o equilíbrio.

No meu caso, adotei um cachorro há poucos meses … estava na rua, precisava de uma casa e carinho, fez-me olhinhos, comprou-me e não vi outra solução. Veio comigo para casa. (não havia outra opção, certo?!)

Apesar do grande desafio que tal acarreta (deixaremos isso para um outro post senão fico já com os nervos em franja) porque é um bébé só que com quatro patas, pelo que precisa de atenção, cuidados, noites mal dormidas, asneiras em casa, etc, é também um poço de amor.

É verdade, ouviram bem, não é só uma dependência, ou o tratar-te bem porque tu lhe dás comida, não, é o estar presente sempre, é o parecer que pressente quando estás mais em baixo e se vem enroscar em ti, é a sua forma de carinho. Está contigo sempre, quando estás ocupado ou quando estás encostado a ler, recebe-te sempre na maior felicidade mesmo que o seu dia tenha sido péssimo, uma seca sem nada para fazer.

E nunca mais estás sozinho na vida.

E ele é tão fofo que vocês nem imaginam.

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Além do impacto da sua existência na minha vida, que é bastante benéfico e ele nem tem essa noção (será que tem?).

“Obrigou-me” a adaptar rotinas, a definir prioridades, a aproveitar melhor o tempo para fazer tudo; “obrigou-me” inclusive a fazer exercício (sim que os passeios à rua não se fazem sozinhos)

É ele que me vai ajudar a não procrastinar tanto este ano. Juntos conseguimos.

É o meu cookie e já faz parte da família. Para algumas pessoas, tal afirmação é um absurdo, ainda olham para os animais tal como são, animais. No entanto, eles ocupam um lugar na família, nas comemorações, nas rotinas diárias, nos mimos distribuídos. Eles têm as suas necessidades integradas na família, dormem, tomam banho, têm horas para comer, para brincar, para estar em família e com a família.

E ele chegou há pouco tempo, arrebatou corações e faz parte da família, com toda a sua personalidade vincada e mimada. É um tipo de amor diferente, sabem? Mas que faz tão bem.

 Quem daí percebe este amor pelos animais?

eu não preciso de ninguém

Tri, 09.08.21

- “Como assim não precisas de ninguém?”

- “Não preciso. Estou bem sozinho. Estou bem comigo mesmo e não preciso de ninguém.”

- “Sim, mas todos nós precisamos de pessoas, precisamos dos nossos momentos a sós mas também precisamos de estar com pessoas senão piramos…basta veres como foi com uma pandemia p'lo caminho.”

E foi esta a premissa base do café que tive com um amigo há uns dias, que acha que é bom sabermos amar-nos e aprendermos a estarmos a sós, a estarmos bem apenas connosco e então, assim, aprendemos a não precisar dos outros.

Mas até que ponto isto é saudável?

Eu não quero não precisar de pessoas. Eu quero ter as minhas pessoas há minha volta, eu quero ser capaz de sentir saudades e tal só me acontece quando há envolvência e comprometimento efetivo.  

É certo que sempre gostei de me “armar em forte” mas sei que sou muito ligada há minha família e que faço por manter os amigos por perto (ainda que à distância, que hoje em dia se encurta com tanta tecnologia).

Também facilmente me ouviriam dizer ‘Estou bem comigo mesma’, e era verdade, mas tal não significava que não queria pessoas. Gosto muito dos meus momentos de solitude e faço por conseguir tê-los, tal como prezo os momentos de partilha. (principalmente à mesa, tuga que é tuga, partilha à mesa não é?!)

Na minha inocência acho sempre que é nos momentos de partilha que reside a riqueza, que se soubermos estar atentos, aprendemos sempre alguma coisa (não falemos de trabalhos manuais vá, mas de valores e atitudes, vocês percebem-me).

No fundo acho até que algumas pessoas passam pela nossa vida exclusivamente para nos ensinarem a não ser como elas, o que já é um grande feito, e se conseguirmos aprender isso já é uma grande lição.

Mas não podemos achar como o J. que estamos tão bem connosco que nem precisamos de pessoas; nós somos seres sociáveis, claramente que precisamos de pessoas.

vamos ver os carros a passar?

Tri, 15.05.21

Digam de vossa justiça, todos vocês eram (e como dizia a minha avó) “boa boca” em pequenos?

Na minha família creio que temos um caso crónico de “esquisitice”.

O meu pai por exemplo, um senhor alto e muito bem-apessoado, come de tudo e é o Masterchef lá de casa, improvisa e cozinha maravilhosamente bem (tivesse ele mais tempo … ai ai, delicia) ninguém diria que era um autêntico ‘finguelinhas’ em criança. (para sinónimos, consultar o dicionário do Norte)

Reza a lenda, que a minha avó lhe preparava os lanches para levar para a escola e ele, como não queria comer, chegava ao fundo das escadas e colocava o pão com manteiga direto da caixa do correio. A minha avó dava por ela ao final do dia ou, por vezes, só no dia seguinte. Claro que ‘havia molho’ de seguida, até porque não havia fartura pelo que desperdiçar o que quer que fosse era, para a minha avó, um flagelo.

 

Já eu era esquisita e continuo a sê-lo. De tal forma, que a minha avó tinha que me distrair para me conseguir pôr alguma coisa à boca, por isso íamos para a janela ver os carros a passar, escolhíamos uma cor e sempre que algum carro dessa cor passasse ela dava-me uma colher de comida. Escusado será dizer que passávamos horas na janela. E íamos mudando de cor para o jogo render. E quando comecei a conhecer letras, fizemos um upgrade ao jogo para identificar determinada letra nas matrículas que passavam. (facilitava a sua tarefa o facto de morar perto da estação de comboios de Coimbra e haver algum movimento naquela zona)

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Não tenho muitas memórias de infância da minha avó, mas tenho essa imagem muito gravada em mim, lembro-me perfeitamente de estar no banquinho de madeira, que ela tinha sempre ao lado da janela, a ver os carros a passar e a ‘tentar’ ingerir comida.

E mais tarde, quando entrei na primária, e como já sabia o abecedário e algumas palavras, ela deixava-me ajudá-la a fazer as sopas de letras. Ai, o que eu adorava as sopas de letras!

Via a palavra, mesmo sem saber o que significava, e procurava igual naquele emaranhado de letras. Tornei-me muito rápida, ao longo dos anos, uma “profissional da sopa” como dizia a minha avó a rir.

 

Na sua simplicidade, e paciência mais ou menos controlada, ela cuidava de mim e ia estimulando os meus conhecimentos. Hoje andei de metro, já não o fazia há anos, e dei por mim a contar os carros vermelhos que passavam … memórias…não somos todos nós feitos delas?

perdas

Tri, 12.04.21

Há alguns dias, infelizmente, tive o velório do pai de um amigo. (não fui literalmente, dado o limite de pessoas permitido, apenas passei na porta para lhe dar algum apoio)

De uma forma geral, tento sempre esquivar-me a estesmomentos, não é por não estar lá que não penso na pessoa, que não sinto a sua falta ou que não estou de alma e coração com quem sente aquela perda.

 

A perda é uma coisa que mexe muito comigo, algo que ainda não aprendi de todo a lidar, apesar de a minha consciência saber perfeitamente que os clichés são verdadeiros e que é algo que “faz parte da vida” e que é “inevitável”. Mas a perda de um pai é, provavelmente, das coisas que mais me comove e me deixa o estômago reduzido a nada.

 

Desde pequena que ficar sem o meu pai ou a minha mãe é a ideia que mais me atemoriza. Ainda hoje, adulta feita, tenho algum trauma com isso (nunca perdi nenhum deles, entenda-se) de tal forma que chego a ter sonhos (pesadelos!) diversas vezes com essas perdas como se fosse mesmo muito real.

 

Os meus pais são uns autênticos guerreiros e excelentes pessoas, sempre prontos a estender a mão ao próximo; ajudam sempre sempre toda a gente, mesmo que ninguém retribua quando eles precisam numa qualquer fase menos boa da vida.

 

A vida pregou-lhes algumas rasteiras, mas foram-se sempre erguendo como podiam. São um orgulho e creio que não sabem que o são e o quanto os adoro.

 

Em minha casa nunca se falou muito de sentimentos e, apesar de o amor sempre ter existido, às vezes essa é uma barreira um bocadinho difícil de transpor: falar de amor, dizer alto o quanto gostamos uns dos outros. (não é por isso que não fizeram de mim uma mimada. Ups!)

Mas mesmo não dizendo, nós sabemos, nós sentimos, porque estamos sempre lá, porque nos apoiamos, porque tanto estamos juntos para ir relaxar numa ida ao teatro como estamos juntos para dar força nos momentos menos bons.

 

A minha família são os meus pais! Tenho tios e primos, mas a minha família são os meus pais, simplesmente. Eles nunca me faltam, eles é que estão sempre lá para mim.

 

E por isso não me consigo imaginar sem  eles, sem o cuidado, sem o amor, sem a proteção.

Queria guardá-los em qualquer lugar onde nada os afetasse, mas sei que só os posso guardar no meu coração e tentar sempre cuidar deles e protegê-los o melhor que me for possível.

 

Inevitavelmente, um dia vai acontecer, mas bem vamos esperar até que sejam bem velhinhos e rabugentos, sim? (sim a minha mãe vai ser uma velhinha faladora e refilona!)

Até lá, é aprender a lidar com as perdas desta vida.