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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

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eu não preciso de ninguém

Tri, 09.08.21

- “Como assim não precisas de ninguém?”

- “Não preciso. Estou bem sozinho. Estou bem comigo mesmo e não preciso de ninguém.”

- “Sim, mas todos nós precisamos de pessoas, precisamos dos nossos momentos a sós mas também precisamos de estar com pessoas senão piramos…basta veres como foi com uma pandemia p'lo caminho.”

E foi esta a premissa base do café que tive com um amigo há uns dias, que acha que é bom sabermos amar-nos e aprendermos a estarmos a sós, a estarmos bem apenas connosco e então, assim, aprendemos a não precisar dos outros.

Mas até que ponto isto é saudável?

Eu não quero não precisar de pessoas. Eu quero ter as minhas pessoas há minha volta, eu quero ser capaz de sentir saudades e tal só me acontece quando há envolvência e comprometimento efetivo.  

É certo que sempre gostei de me “armar em forte” mas sei que sou muito ligada há minha família e que faço por manter os amigos por perto (ainda que à distância, que hoje em dia se encurta com tanta tecnologia).

Também facilmente me ouviriam dizer ‘Estou bem comigo mesma’, e era verdade, mas tal não significava que não queria pessoas. Gosto muito dos meus momentos de solitude e faço por conseguir tê-los, tal como prezo os momentos de partilha. (principalmente à mesa, tuga que é tuga, partilha à mesa não é?!)

Na minha inocência acho sempre que é nos momentos de partilha que reside a riqueza, que se soubermos estar atentos, aprendemos sempre alguma coisa (não falemos de trabalhos manuais vá, mas de valores e atitudes, vocês percebem-me).

No fundo acho até que algumas pessoas passam pela nossa vida exclusivamente para nos ensinarem a não ser como elas, o que já é um grande feito, e se conseguirmos aprender isso já é uma grande lição.

Mas não podemos achar como o J. que estamos tão bem connosco que nem precisamos de pessoas; nós somos seres sociáveis, claramente que precisamos de pessoas.

Olá, muito gosto...

Tri, 24.07.21

A emoção que é conhecer pessoas novas. Ainda se lembram do que era? Ou ainda vos acontece?

E não estamos aqui a falar em conhecer pessoas no sentido romantizado da coisa, não, simplesmente conhecer um novo ser humano.

Perceber gostos em comum ou diferenças gritantes; aqueles momentos em que genuinamente nos interessamos pela outra pessoa em que até aprendemos algo de novo com o hobbie que a outra pessoa partilha; em que acabamos por nos abrir mais do que contávamos porque aquela pessoa nos faz perguntas, se interessa genuinamente…

Ainda se lembram como era conhecer realmente pessoas sem ser só enviando uma mensagem? Não que não se possa falar numa mensagem, temos que acompanhar os tempos é certo, mas eu adoro conhecer pessoas.

Nas minhas viagens, adoro meter conversas com os locais, ficar a saber mais coisas sobre os sítios, a cultura, sobre eles e a sua vida; com os outros turistas onde acabo, por vezes, por arranjar companheiros de viagem.

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Conhecer novas pessoas dá-nos a oportunidade de nos conhecermos melhor também, de nos apresentarmos de forma sincera ou de “pintarmos o quadro que queremos”, permite-nos perceber que às vezes é tão mais simples sermos honestos com desconhecidos, que não vão julgar a nossa vida, do que com amigos de longa data.

Para além de que nos força a sair da nossa zona de conforto, da nossa rotina, das “nossas pessoas” que damos como garantidas e com quem já contamos, sem sequer perguntar; conhecer novas pessoas é uma maneira de conhecer novas ideias, histórias, personalidades, mostrar quem somos e de ampliar horizontes. Não que as nossas pessoas devam ser esquecidas, jamais, elas são essenciais, são o nosso pilar, o objetivo é completar e expandir-nos.

No dia-a-dia é fácil conhecer novas pessoas? Eu diria que sim, se tivermos genuíno interesse pelas pessoas.

Normalmente, andamos sempre a mil e passamos pela padaria com um «B’dia» de fugida, na farmácia um «Olá» envergonhado; podemos tentar organizar-nos e ter tempo, dedicar 5 minutos do nosso tempo a alguém. O que são 5 minutos do nosso tempo?

Se calhar descobrimos coisas engraçadas sobre a senhora da mercearia, descobrimos coisas em comum com o sapateiro e um dia até convidamos a senhora da farmácia para um cafezinho.

Não sei quanto a vocês, mas eu gosto de conhecer pessoas. Afinal de contas, nós somos animais sociáveis e gosto de conhecer as pessoas da minha zona.

a minha pessoa

Tri, 29.08.18

Todos temos ‘as nossas pessoas’, aquele núcleo duro e restrito onde englobamos a família de sangue e a família que escolhemos, aquele núcleo que nos completa e apoia, que sabemos estarem sempre ‘Lá’.

Para além do nosso grupo deveriamos ter A pessoa que nos entende a 100%, que nos ouve, que nos dá o ombro sem pedirmos.
Todos deveriamos ter aquela pessoa que encaixa perfeitamente em nós.

 

Não digo a nossa “cara-metade” (ou melhor, não obrigatoriamente) mas sim a pessoa que nos completa em tudo, que pode ser um amigo, um familiar chegado, a nossa mãe até. Não quer dizer que não amemos a pessoa com quem partilhamos a vida mas poderá ter um ou outro hobbie ou gosto particular que não nos atrai; mas deveria haver sempre aquela pessoa que gosta de tudo o que nós gostamos e alinha seeeeempre em tudo.

 

Eu tenho essa sorte, eu tenho uma grande amiga de à quase duas décadas (dito assim, sinto-me mais velha…bolas) que é ‘A Minha Pessoa’.

my person.jpg

Ela está sempre comigo em tudo, alinha em todas as viagens malucas que me proponho fazer e quero companhia (e vice-versa), alinha em todos os restaurante que às vezes quero testar, em todos os desportos radicais que quero experimentar (e ela também!), ‘corre’ comigo todas as montanhas-russas desta Europa, enfim em todas as maluquices da minha vida ela também está presente.

 

 Ela é aquela pessoa que percebe logo que estou triste ou com menos energia, e deduz isso com apenas um olhar; que está sempre presente nos momentos alegres, de palhaçada e de tristeza; que já antevê a ‘piadola’ que vou dizer antes mesmo de eu abrir a boca; que incentiva a seguir em frente, a lutar pelas coisas, a não desistir; que  dá um boost de energia quando mais preciso; que vai sempre ter comigo a qualquer lado, a qualquer hora se eu assim precisar;


Assim deveriam ser sempre os amigos, mas há alguns mais especiais e profundos que outros, mas ser amigo é mesmo ser aquela pessoa chata que às vezes diz as verdades que não queres ouvir. Ser amigo é reencontrar a pessoa depois de algum tempo sem contacto e, ainda assim, a conversa fluir normalmente e sem distanciamenro e se estiveres em baixo ele levanta-te.

Ser amigo é estar sempre ali para o que der e vier, sem interesses, sem cobrar, sem culpa.

prazo validade da amizade

Tri, 29.05.17

Vivemos tempos de individualismo, de vidas de correria onde não “temos” tempo para nos preocuparmos com terceiros, ainda que os mesmos, por vezes, sejam nossos pais e amigos.

A Mãe pede um favor “agora não posso”, o amigo liga para tomar um café, “vou tentar estar livre…”, a amiga liga para conversar “agora não dá jeito, ligo-te daqui a 5 minutos…” que passam a horas, a dias, a semanas…

 

Eu própria olho para as amizades que tive, as novas que tenho atualmente e as que se mantiveram ao longo do tempo e vejo esse fenómeno.

Muitas das que foram e já não o são, é por indisponibilidade, de tempo e psicológica, das pessoas para se envolverem a 100% e se comprometerem com algo, tal qual como numa relação amorosa.

 

Pessoalmente, sempre respeitei as amizades que tive e, por diversas vezes, coloquei as necessidades dessas pessoas amigas em primeiro lugar, acima dos meus próprios interesses.

Não reclamo esse facto, entenda-se, ainda hoje o faço por opção, adoro poder ser útil e estar lá para as pessoas.

Não obstante, deparei-me ao longo da vida que sempre dei mais do que o que recebi; e também aprendi e cresci muito com isso.

Não que esteja propositadamente à espera de moeda de troca, mas sou boa ouvinte, estou disponível dia e noite, sempre pronta a ajudar, pronta para ir para a festa ou para enxugar a lágrima que teima em escorrer e, quando é preciso, quando se está mais em baixo parece que as pessoas esquecem, não aparecem, teimam em não poder largar a sua vida para dar algo que não custa nada: o seu tempo a outro ser.   

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 E o que assisto atualmente, principalmente nos adolescentes e adultos que me rodeiam, é que vivemos tempos em que queremos receber, mas damos pouco, muito pouco mesmo. Exigimos dos outros, a presença, os bens, a partilha da foto, o like que teima em não parecer e tantas outras banalidades, mas não despendemos tempo para estar, simplesmente estar, com os amigos.

 

Em tempos de vidas aceleradas, é normal que o tempo escasseie, e nem nos apercebemos que tudo passa a um ritmo acelerado e que algumas dessas amizades vão ficando pelo caminho, porque todas elas devem ser semeadas e depois regadas constantemente para florescerem.

 

Tal responsabilidade deve ser de ambas as partes, caso não existam e persistam as desculpas da falta de tempo, dos caminhos distintos que seguiram, das rotinas descoordenadas, dos feitios diferentes…será que essas amizades devem ser preservadas? Será que se deve lutar por elas? Ou será uma luta unilateral e que não valerá a pena?

 

Mas se assim for, quantas amizades valerão a pena ser conservadas, e lutarmos por elas?! Qual o critério seletivo das mesmas, para se saber se é uma amizade do tipo “que dura” ou do que “devemos deixar ir”? Será que no final de contas, as amizades têm prazo de validade?

 

Se todos seguirmos o caminho do “deixar ir”, então não existem amizades que durem e que sejam verdadeiras, no entanto, torna-se desgastante tentar lutar por uma relação de forma isolada, insistir atrás de alguém que não corresponde.

Será o desapego a melhor resposta?