os equílibrios da vida
Comecei o Ano Novo a quebrar hábitos. Deixei de me deitar à meia noite para passar a deitar um pouco mais cedo (15 min vá, mas já é alguma coisa), deixei de comer pão (confesso que nunca fui grande fã e o glúten deixa-me inchada), deixei de comer açucares processados (não, não é uma tristeza, as frutas secas são super doces), comecei a tentar seguir uma série na Netflix (não prometo acabar, mas estou a tentar … mas sinto sempre um “olhar” acusatório dos livros que me espreitam da estante).
Numa altura em que se quer acrescentar, fazer mais, mais tarefas, resoluções e objetivos eu decidi começar fazendo menos e diferente, e definindo metas curtas que me permitam chegar às minhas resoluções.
Não sei quanto a vocês, mas é fácil olhar para as pessoas à minha volta e pensar, quem me dera acordar tão cedo/ter energia para ir ao ginásio logo de manhã/nunca encomendar comida/ser sempre positiva/ler mais – todos os hábitos que se dizem bons, transformadores e saudáveis.
No entanto, nunca pensamos que, para ter essa parte, teríamos de ter o resto também porque a vida é feita de equilíbrios sempre. Para haver o sol tem que existir a noite, para sentirmos que algo foi bom temos que conhecer o mau, para sabermos que estamos cheios de energia temos que nos reconhecer sem ela, etc.
Confesso que quando era mais nova, por vezes sentia inveja das pessoas, não tanto do que tinham (que não sou muito agarrada a bens materiais) mas mais do que faziam, dos hobbies que tinham, das viagens que conseguiam explorar. Mas, felizmente, fui crescendo e vi-me livre de tudo isso percebendo que tal só te traz infelicidade e não muda em nada a tua vida. O que muda são as decisões que tomas, são os riscos que corres.
Mas, por algum motivo, à minha volta, vejo que todos correm atrás do lado rosa da vida, do pote no fim do arco-íris quando, na verdade, a vida é feita do todo, dos dias coloridos e dos cinzentos…não podemos querer comer apenas a parte de cima dos muffins (sim, todos sabemos que aquele creme é a melhoooor parte!)
Hoje o dia foi cinzento, tristonho como o tempo (que nos ameaça trazer a Primavera cedo de mais, para logo a seguir nos brindar com o Inverno tal como ele é) mas amanhã é um novo dia e eu acredito que vou acordar com mais energia, com mais vontade, com soluções até, quem sabe. Mas quero sempre recordar que a vida é feita do bom e do mau, da cor e do cinzento e é nos equilíbrios que crescemos, que aprendemos.
E eu sou muito grata pela vida que tenho, por todas as vezes que já bati com a cabeça na parede, por todos os erros que já cometi, por todas as aprendizagens, por ser quem sou hoje, por ter as minhas pessoas à minha volta e, acima de tudo, por continuar a investir em descobrir mais, em melhorar e crescer.
Espero que a vossa vida, esteja repleta de todas as cores.