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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

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O meu destralhanço

Tri, 16.07.20

Ora isto depois de se inventar uma palavra pode-se fazer toda uma conjugação verbal com a mesma, não será verdade?!

O Priberam não reconhece destralhanço, não precisam de ir procurar que eu facilito-vos a vida, mas eu digo-vos o que é: diz a linguagem corrente que 'é o ato de deitar fora tralhas'. 

Na minha vida desfazer-me de coisas, literalmente, foi libertador, fez-me ganhar espaço, tempo, clareza. Libertei-me de coisas em casa e no meu escritório, aos poucos, com tempo, não foi uma mudança radical num só dia, mas o impacto foi muito positivo.

Só quando nos predispomos à mudança, quando decidimos começar a separar as coisas, a deitar fora, é que nos depararmos com a montanha de coisas que temos. No fundo já sabíamos que tínhamos muitas coisas mas ter a certeza e encararmos toda a tralha com números concretos é muito mais impactante.

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O problema é que, normalmente, as nossas coisas (vulgo tralha) estão todas arrumadas nos seus armários, logo não damos pela sua presença e vamos juntando mais peças e acumulando sem nos apercebermos disso.  Só quando iniciamos este processo é que percebemos a quantidade de coisas que ainda temos guardadas e que não vemos, não consultamos, não lemos há anos, que não vestimos nos últimos três anos (e que na verdade nunca mais voltaremos a vestir porque já não nos servem), enfim percebemos a importância e urgência de destralhar.

 

CALÇADO

Eu gosto de sapatos, gosto genuinamente de apreciar bons sapatos, se bem que só compro dos baratos e tento usar todos dias uns sapatos diferentes (já que os tenho).

Há marcas lindas e Portugal faz muito bom calçado, mas de facto não para a minha carteira. O que faz com que eu sempre compre sapatos baratos e entre na espiral: se são baratos posso comprar mais um par e depois aproveitar a promoção de ‘leve 3, pague 2’ e quando dou por mim, tenho 60 pares de sapatos para selecionar.

Mesmo tentando variar o calçado, há sempre um top 5 diria que são os mais recorrentes. Outros tantos que são só para festas ou jantares de gala (que não temos normalmente, não é) e, como tal, senti esta necessidade urgente de fazer uma seleção e ficar com os que mais uso, vendendo e doando os restantes.

Neste momento, tenho alguns e o compromisso de não comprar mais nenhum par enquanto não me desfizer destes que vou usar até à exaustão.

LIVROS

Quando comecei a ler sobre minimalismo sempre ponderei que a única coisa de que nunca me iria desfazer eram os meus livros. Não era possível, não conseguia equacionar essa opção!

Sempre adorei ler e queria ter uma biblioteca privada quando fosse grande (ainda quero…quando for grande).  Cada livro era uma história na qual me envolvia e à qual me agarrava, cuidava de forma eximia (sim sou daquelas que não dobra as pontas das folhas nem deixa qualquer marca) era-me oferecido um sonho e guardado na estante, para sempre.

E assim fui acumulando livros na estante, rapidamente e sem grande esforço.

Até que chegou o dia da separação! Juntei todos os livros, olhei para eles com muito carinho (e após algumas horas…dias vá) e consegui três montes distintos: livros que tenho mesmos que manter porque têm apontamentos, porque quero volta a ler um dia, livros para dar e livros para vender.

E só assim uma pessoa consegue começar a ter consciência do quanto junta, só no meu quarto tinha 223 livros. (já não contei o resto casa que o meu coração também não aguenta estas coisas)

ROUPA

A roupa é toda uma secção que dá medo! Quase todas as pessoas têm roupa e acessórios em excesso, que no dia-a-dia acabam por não usar porque querem ser práticas e rápidas e acabam usando as peças que estão no cimo da gaveta, num ciclo repetitivo. Isto é válido para ambos os sexos. (vá conheço duas pessoas que são exceção, creio que têm 365 peças de roupa porque nunca as vi repetir nada)

Foi um processo demorado, defini vários dias para tratar da roupa: um dia tratar de vestidos, noutro de cachecóis, no outros de camisolas e assim sucessivamente. Algumas peças mais sentimentais ficaram de lado enquanto eu ponderava e consegui voltar a elas uma semana depois e “libertá-las”: deixaram de viver no meu armário.

Rapidamente me choquei com os meus números absurdos:

Mais de 20 carteiras

Mais de 10 chapéus

Mais de 20 boinas e gorros

Mais de 25 lenços e cachecóis

Mais de 25 casacos

Um único ser humano não necessita de tudo isto para viver, para andar bem vestido e apresentável.

Estou bastante satisfeita com o resultado. Hoje escrevo-vos com muito menos peças, já cabem todas dentro de um único armário mas não foi um processo repentino até porque está intrinsecamente ligado com a nossa mudança e evolução interior.

Assim, algumas coisas passaram-me pelas mãos várias vezes até eu me decidir a largá-las e doar, demorou meses em alguns casos, não foi no dia do destralhe geral que ficaram resolvidas e tudo bem com isso. Tudo tem o seu tempo, todos temos o nosso caminho a percorrer e os timings não são todos iguais e só temos que nos aceitar e respeitar.

 Se já for o vosso timing, dediquem-se, foquem-se no objetivo e boa sorte com esse destralhanço.

No final, vai valer muito a pena, prometo.

 

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