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mudar de emprego, abraçar novos projetos

Tri, 13.01.21

Mudar de emprego é sempre algo que nos traz um misto de sentimentos; perante o abandonar o conhecido (seja bom ou mau, nós já conhecemos e sabemos com o que contar) face à incerteza que não sabemos se vamos gostar ou não, para que abismo nos vamos mandar.

Somos seres humanos logo gostamos (diria até que precisamos) de ter rotinas, de ter alguma estabilidade (que é algo diferente para cada pessoa) e a mudança traz o receio.

Ainda assim fazemo-lo em muitas situações, e se estamos desmotivados, poucos produtivos e com mau ambiente é perfeitamente compreensível; quando estamos estáveis, bem e com uma boa equipa aí custa-me muito mais a entender.

Estamos a passar por uma dessas situações na minha empresa, um colega meu vai sair.

Ouve-se, como verdade absoluta, que nos dias de hoje já não existem empregos para a vida. Acredito nisso por força da evolução, da nossa evolução pessoal, faz-nos querer saber mais, procurar e experimentar outras coisas; logo as empresas também têm que circular os seus recursos.

Mas o que levou a este paradigma? As empresas passaram a querer ter maior rotatividade de pessoas ou as pessoas passaram a ser mais exigentes, a não se satisfazerem com qualquer coisa e, como tal, não ‘vestirem a camisola’ mas sim andar sempre à procura de melhor?

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O meu colega vai sair. É alguém que faz parte da história, trabalha connosco há mais de 15 anos, para além de um elemento técnico crucial é um excelente elemento humano na equipa.

E perguntam vocês “Mas estava cansado e andava à procura de outra coisa?”, “Não quer um emprego para a vida?”, “Já estava desmotivado?” (estavam a perguntar, não era?). A resposta a todas as questões é Não.

Não queria sair, nem andava a responder a anúncios de emprego. Ao longo do seu percurso foi evoluindo e desenvolvendo novas funções, era desde há um ano gestor de clientes, não estava estagnado. Ainda assim vai sair e eu ainda não consegui processar devidamente essa informação.

Acontece que no nosso setor não há desemprego, pelo contrário há muita falta de mão-obra técnica pois já não se formam novas pessoas nesta área há mais de 6 anos e neste momento só há 2 escolas no país a formar e sem procura. O que significa, que os técnicos do nosso setor são como “os jogadores da bola”, neste momento saltam de empresa para empresa, é ver “quem dá mais” e assim vamos, com as maiores empresas a comprarem técnicos literalmente.

Já nem importa se são muito bons e se sabem fazer alguma coisa de jeito, basta dizerem um número e eles compram-nos. Há técnicos que ganham mais milhares por mês que alguns enfermeiros meus amigos. É a tramada lei da oferta e da procura….

Dito isto, o meu colega não procurou mudar, simplesmente estava sossegado até ser assediado por um desses “grandes clubes” que lhe fizeram a cabeça e o conseguiram convencer … demorou uma semana a decidir-se deixar-nos num momento bem crítico da empresa. Para nós é uma perda impactante, para eles é só mais um número, pois se não fosse esta pessoa iriam ‘comprar’ outra a outro lado.

Dizem que o tempo dos empregos para a vida já acabou…mas e quando os temos, queremos manter? Já acabaram ou nós é que deixámos de os procurar e investir neles?

Hoje temos de estar constantemente no mercado de trabalho a procurar novas oportunidades, seja ao nível de desafios profissionais ou simplesmente pelo aumento das retribuições do trabalho. Mas se conseguirmos ter novos desafios onde estamos, se conseguimos ir sendo aumentados todos os anos, se a nossa equipa de trabalho for boa, porquê mudarmos afinal?

Afinal o que é que é relevante no nosso trabalho, a que é damos valor? Trabalhamos só porque tem que ser pois todos precisamos de dinheiro para viver ou temos um propósito maior?

Eu desejo-lhe toda a sorte, como sempre desejei, é alguém que faz parte da minha vida, já acompanhou muita coisa (afinal de contas é no trabalho que passamos grande parte da nossa vida) mas ainda me custa processar. Se já não estivesse bem e tivesse procurado melhor, eu entendia e aceitava facilmente. Agora estar bem e a integrar novos projetos, cheio de novas ideias e, de repente, ser convencido a mudar … já me custa um bocadinho.

Mas vai passar, eu sei.

Mas se souberem algumas respostas às minhas dúvidas, pode ser que ajude a esclarecer. O que vai nas nossas cabeças é sempre tão diferente de pessoa para pessoa, a forma como olhamos para uma mesma situação com uma perspetiva diferente, as nossas vivencias que nos levam a tomar certa decisões…pode ser que ajude.

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