“Faça o que ama e nunca mais trabalhe na vida”
A célebre citação é de Confúcio, que foi um pensador e filósofo chinês. (ainda ponderei colocar a frase original mas achei que podiam não entender)
Mas será que é mesmo assim? Será mito ou verdade?
Num estudo que li há uns meses (já não consigo precisar onde foi, não me julguem), dizia que a cada 8 funcionários de uma empresa apenas 1 está feliz e satisfeito com o que faz (eu arriscaria a dizer: ‘ano de 2020 à parte, claro’).
Fiquei a matutar nestes números porque acho que são demasiado baixos, se passamos a maior parte da nossa vida no trabalho como podemos estar tão mal num local que nos consome o tempo? Isto é a pandemia da infelicidade no trabalho (perceberam a piada han?!)
Consigo conceber que em muitos casos as pessoas possam não estar efetivamente bem (e há ambientes onde se torna mesmo difícil, certo?) mas é um ponto crítico para o setor empresarial, pois as pessoas já não se motivam apenas por ‘um melhor salário’; também é importante sim mas está a perder para a satisfação pessoal de cada um. O ser humano tem evoluído e hoje em dia as pessoas dão valor a outro tipo de coisas, a conseguir ter algum tempo seu, a poderem investir no seu desenvolvimento pessoal, etc.
Eu sou muito apologista de estarmos bem, fazermos o melhor por nós, o que queremos e que faz sentido para que possamos ser verdadeiros connosco (como acho que já sabem), mas também sejamos realistas, num mundo com sete biliões de pessoas é totalmente impossível que todos façam aquilo que amam e não sintam a dita ‘obrigação’ de trabalhar.
Mais, e aquelas pessoas que não sabem sequer o que adoram fazer porque nunca tiveram tempo ou oportunidades para o descobrir? (sim, aqueles que procuram alguém para 1ºemprego mas com experiência …gostava que explicassem esse fenómeno)
Qualquer trabalho, seja o que for mesmo, tem sempre o seu lado ‘chato’, seja burocracia, responsabilidade excessiva, horários esquisitos, enfim coisas de que não gostamos, pelo que fazer o que se ama seria fazer dos nossos hobbies trabalho. Não concordam?
Mas se passássemos então o hobbie a trabalho, não iriamos deixar de sentir esse prazer por força da obrigação e permanência que ‘um trabalho’ nos exige? É que nós gostamos precisamente por não ser trabalho, nem obrigatório…
Então o que podemos fazer para estarmos bem no nosso trabalho mesmo não fazendo aquilo que amamos?
(E agora estavam à espera de uma formula mágica qualquer, não era? Não tenho!)
Eu acho que, como em tudo na vida, devemos olhar para as coisas em perspetiva e analisar as coisas boas (há sempre alguma, vá) e agradecer, ao invés de nos focarmos no que não gostamos e só reclamarmos. E devemos perceber no nosso trabalho se existem 3 pontos fulcrais que estejam satisfeitos, ou se conseguimos alterar alguma coisas para os satisfazer:
- Autonomia: conseguir ter alguma autonomia em alguma das tarefas que realizamos
- Competência: sentir que somos bons no que fazemos por mais simples que possa parecer a função, que sejamos exemplares a executá-la
- Pertença: sentir que fazemos parte de algo, se não for do plano geral da empresa, que seja do nosso departamento ou do grupo de 3 colegas mais chegados que temos
Assim, por muito boas que sejam as coisas fora da vida profissional, esta não deve ser negligenciada ou mesmo que seja efetivamente má e supondo que, num curto espaço, não podemos mudar de emprego nesse caso vamos olhá-lo com outros olhos.
Então não devemos passar a vida a pensar que queremos mudar de trabalho, que ‘no outro é que eu estava bem’, analisemos o que nos incomoda para tentar mudar e, principalmente, valorizemos aquilo que temos de bom ao nosso redor. Vão ver que as chatices, o stress, os maldispostos que falam torto, tudo vai parecer cada vez mais insignificante.
Pensem como esse trabalho vos permite viver fora dele; se não estão muito estáveis na vida então pensem nos colegas divertidos e animados que têm; mas se eles são carrancudos e almoçam cada um para seu lado, pensem que não é nada monótono, todos os dias lidam com os clientes e vão falando com tantas pessoas diferentes…enfim, temos sempre algo de bom onde nos focar para melhorarmos tudo o resto.
E vocês fazem o que amam ou gostam daquilo que fazem?
(reflexão PC que é como quem diz, aplicada aos tempos Pré-Covid)