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Estou só a dizer coisas ...

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acendam a luz

Tri, 29.04.25

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Quando a luz se apaga… a nossa fragilidade acende-se

Esta fotografia não é de uma guerra civil. É Portugal, 2025. Ontem, ao primeiro sinal de falha generalizada de eletricidade, gerou-se um pandemónio, pessoas a correr para esvaziar as prateleiras dos supermercados. Ainda mal se sabia o que tinha acontecido, quando seria reposta a normalidade…enfim, sei que fui ao super tentar comprar umas saladas para o meu almoço e de uns colegas, porque o micro-ondas na empresa não funcionava, e as filas eram uma loucura.

A cena é trágica, mas profundamente simbólica: basta o apagão de uma luz e assistimos à implosão da ilusão de controlo que construímos. De repente, esquecemo-nos que parte do mundo continua lá fora, sem precisar de Wi-Fi para funcionar, nem ‘take away’, nem sequer Google para nos ensinar a sobreviver.

Isto é de uma incoerência atroz, vivemos numa era em temos acesso a imensa informação, em que podemos aprender de tudo com tutoriais, podcasts, cursos de ‘life skill’ e tudo mais, e nunca fomos tão incapazes de sobreviver sem que alguém nos ligue uma ficha na parede.

Vivemos numa ansiedade crónica: o medo do fim do mundo misturado com a incapacidade de saber o que fazer quando o mundo, de facto, falha.

Os nossos mais velhos, que tanto têm para nos ensinar, devem-se ter rido desta ‘tragédia urbana’, olhando para os seus quintais, para o seu fogão a lenha … ou mesmo que não os tivessem, saberiam que com uma lata de feijão e atum já fariam um manjar. Do alto da sua sabedoria olhando para a geração que tudo tem, mas está sozinha; com acesso a tudo mas pouco sabe, pensando: “Coitados destas gentes da sociedade atual… são como crianças perdidas no bosque, mas sem saberem sequer que podem comer as bagas que lhes aparecem pela frente.”

O que será de nós quando o luxo básico de um interruptor não responder?
Creio que está na altura de percebermos que a verdadeira evolução não é termos um drone a entregar pizzas, mas sim voltar ao básico ao essencial: é sabermos plantar uma couve.

A eletricidade é vital? Sim, sem dúvida! Não vamos retroceder décadas e décadas, mas o que devemos é acompanhar a evolução com o setor primário; o que devemos é ensinar as nossas crianças que o leite não vem do pacote e que também dá para cozinhar sem ter um fogão e um micro-ondas. Não vamos voltar à idade da pedra, não, mas vamos viver conseguindo conciliar tudo e não esquecendo o elementar. Será que não é possível?

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