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A nossa vulnerabilidade

Tri, 28.01.21

É uma tarefa complicada esta de admitirmos a nossa vulnerabilidade perante os outros.

Vivemos numa sociedade que ainda valoriza muito pessoas que se posicionam como fortes e possantes o tempo todo. Como se demonstrar vulnerabilidade em alguns momentos fosse sinónimo de fraqueza.

Não há como negar que o significado de vulnerável está associado a fraqueza e suscetibilidade para ser magoado ou derrotado. No entanto, o nosso maior erro é traduzirmos literalmente isso à letra.

Então quer dizer que a pessoa vulnerável é fraca, frágil e facilmente destruída? Pelo contrário. A pessoa que tem a coragem de se demonstrar vulnerável é mais forte do que muitos que se apresentam como destemidos.

“Vulnerabilidade não é fraqueza, é coragem.”

E não sou eu que o afirmo, mas sim Brené Brown, cientista social nos Estados Unidos, que ganhou visibilidade na sua TED Talk “O Poder da Vulnerabilidade” onde afirma que é impossível conseguirmos evoluir, melhorar e atingirmos os nossos objetivos se não aceitarmos verdadeiramente quem somos, as nossas inseguranças, os nossos erros.

Ela desconstrói a noção de vulnerabilidade, esclarecendo que as pessoas que têm coragem, na verdade, são aquelas que não têm medo de se demonstrarem vulneráveis.

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E eu concordo, para estabelecermos as nossas relações, para nos ligarmos verdadeiramente ao outro, temos que nos permitir sermos vistos. Mas, vulgarmente, temos tendência a encobrir-nos para ser ‘o politicamente correto’, ou seja, para sermos aquilo que achamos melhor naquele momento ou que julgamos ser o que esperam de nós em dada situação; só nos abrimos ao outro e nos damos a conhecer depois de nos demonstrar ser de confiança. 

Temos aquela tendência para criar uma proteção, para vivermos com a sensação de que ‘não podem saber que sou assim, que gosto disto e daquilo’, pois sentimo-nos vulneráveis se virem como realmente somos e sentimo-nos expostos à vergonha.

Mas temos que nos permitir ser vistos, com as nossas forças e fraquezas, não querer mostrar perfeição. Isso é que é ser vulnerável. É afirmar os nossos sentimentos sem esperar nada em troca, é arriscar sem garantias, é investir em novos projetos que podem correr mal, é dizer todos dias ‘Gosto de ti’ a quem realmente importa e não esperar resposta de volta.

Nós tentamos controlar tudo para não nos sentirmos vulneráveis mas, de facto, a única coisa que nós controlamos em pleno somos nós próprios.

Os tempos que vivemos vieram demonstrar, à força, o quão vulneráveis somos, e, ainda assim, tentamos adaptar-nos e mostrar a força, método, organização…nada de vulnerabilidade, só se ficarmos doentes…

Então, vamos permitir sermos realmente vistos, principalmente pelos nossos, que se encontram tão perto e tão longe. Não vamos estar sempre com a nossa capa de guerreiros, a fazer-nos de fortes, a mostrar como estamos sempre bem e que tudo vai ficar bem. Temos direito a não estar sempre bem e felizes, e está tudo bem com isso!

Vamos ser gratos pelos que temos, por sermos vulneráveis, logo transparentes para quem nos rodeia, por corrermos riscos aceitando as consequências que daí podem advir.

 

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