a adultizaçao das nossas crianças
A Adultização das nossas crianças é algo que já me atormenta há muito tempo, mas que posso eu fazer para contornar e combater esse flagelo?! Limito-me a desabafar as minhas preocupações, a comentar com as minhas pessoas e a não ter redes sociais que perpetuam a podridão presente na sociedade.
Este fenómeno ocorre quando as crianças são expostas precocemente a comportamentos e conteúdos inadequados para as suas idades, exercendo um aceleração forçada no seu desenvolvimento, levando-as a ter comportamentos e atitudes típicas de adultos, como sexualização precoce.
Para os mais atentos, sabem que nos últimos dias, a exploração de crianças na internet gerou um debate intenso no Brasil após um vídeo feito por um influencer brasileiro, com milhões de seguidores, o Felca, que falou abertamente no tema; que expos pessoas e contas falsas, que denunciou o flagelo por detrás dos vídeos das nossas crianças.
Ele falou da realidade brasileira mas é aplicável a todas as nossas crianças.
Para além da sexualização premeditada de muitas crianças, porque há toda uma indústria paralela de pornografia infantil, há também o cuidado acrescido com simples e inocentes vídeos das nossas crianças, que publicamos porque são inofensivos, são fofos até, mas as mentes deturpadas conseguem olhar para a aula de Ballet da miúda com outros olhos, para as cambalhotas na praia com a prima com outros olhos, etc etc.
Para quem não sabe do que falo, deixo aqui o link para que possam ver o vídeo do Felca; o mesmo tem corrido Mundo e é bom que o tema não seja abafado até as diversas redes sociais fazerem alguma coisa relativamente ao algoritmo utilizado e à monetização dos vídeos.
Eu sinto-me impotente perante a dimensão do problema, mas sinto-me genuinamente contente por saber que quem tem impacto, usa a sua voz para o bem, que faz o papel de influencer, influenciando os seus seguidores para o bem; a repensarem o conteúdo que seguem, que publicam, que consomem.
Ainda bem que se está a falar no tema, para que todos possamos parar para pensar: Como estamos a educar as nossas crianças? Quem são, afinal, os seus modelos e exemplos? Qual a barreira da intimidade que não devemos ultrapassar? (sim, colocar fotos dos nossos meninos com um emoji na cara não serve de muito)
Nada disto é novo para mim, mas é uma luta que travo a uma escala muito mais reduzida, “chateando” constantemente a família e amigos para protegerem as suas crianças, não as expondo desnecessariamente nas redes sociais e não dando liberdade digital cedo de mais. É importante que se tome consciência que a internet é um território hostil, que expõe as crianças e jovens adolescentes a diversos riscos, como pressão estética, a influencia de terceiros que se sobrepõe ao seu espírito cítrico (ainda em desenvolvimento), comportamentos abusivos e, por vezes, auto-lesivos, etc.
Claro que os adultos estão sujeitos aos mesmo riscos mas pressupomos que tenham um maior espírito critico para fazerem as suas escolhem e capacidade de resistência para não se deixarem influenciar em demasia.
Vamos fazer a nossa parte com algumas ações:
- não incentivar a utilização do digital cedo de mais;
- quando permitirmos a utilização que seja de forma moderada, controlada e pouco tempo de cada vez;
- não expor as nossas crianças nas redes sociais, seja de que forma for;
- criar espaços de diálogo para que as crianças e jovens possam partilhar algum desconforto com algo que viram ou conversa que tiveram;
- acima de tudo, os adultos têm que ser o exemplo, por isso vamors largar o telemóvel e passar tempo juntos!
Esperemos por mudanças no algoritmo e nas regras das diversas redes para que algo possa, efetivamente, mudar; e que seja extensível a todo o mundo.
