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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

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Uns pozinhos de paciência extra precisa-se

Tri, 30.10.20

Estou com um grave dilema no meu condomínio: ou vivo com phones nos ouvidos para não os ouvir ou tenho que cortar línguas alheias?! Nenhuma das opções me agrada…

Acontece que estamos com alguns problemas de infiltrações, humidades e afins. Ninguém gosta, óbvio!

Tal situação provocou inclusive dano total do chão da minha sala, prontamente acionei o meu seguro que após inspeção verificou que o terraço está mal feito, mal impermeabilizado, logo “mete água” (literalmente entenda-se), ou seja, culpa imputada ao condomínio por se tratar de uma área comum.

Estamos a falar de um condomínio pequeno, meia dúzia de casas e demasiadas chatices para tão poucas pessoas.

Após Assembleia em 2019 foi aprovada a dita obra (arranjar o meu terraço), sendo que eu me prontifiquei para arcar com as despesas de reparação da minha sala.

Ora sucede que a dita obra foi terminada agora em Outubro, mas não resolveu todos os problemas. Os vizinhos debaixo continuam com infiltrações em suas casas.

“E que culpa tens tu disso?”, perguntam vocês. (vá perguntem, para não ficar a falar sozinha)

Pois nenhuma, mas parece que o facto de a obra ter sido executada, e bem, e ter resolvido um dos vários problemas do condomínio incomoda muita gente. (é como o elefante…se um elefante incomoda muita gente, dois elefantes…vocês sabem a música)

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Então agora tenho 8 chamadas por dia para me chatearem a cabeça literalmente (e eu não atendo porque pasmem-se: tenho que trabalhar) e para exigir que os senhores das obras voltem para analisarem porque afinal não resolveram os problemas todos.

Agora a pergunta do joker: e se ponderarem, por um breve momento, que as infiltrações possam vir de outro lado e não do terraço (que está novo e bem feito) então aí podem deixar de me chatear.

E vocês, agora a ler isto, refletem sobre o seguinte: se calhar ela é a administradora do condomínio daí ligarem-lhe a insurgirem-se. (refletiram sobre isso, não foi?)

Pois, aí reside o cerne da questão não sou nem nunca fui administradora do condomínio. Considero que somos todos responsáveis pelas zonas comuns, são de todos e todos temos o dever por zelar pelas mesmas.

Mais, incomoda-me o estado das casas dos meus vizinhos e quero, efetivamente ver o assunto resolvido.

MAS, nem sou técnica especialista da área, logo não vou resolver, nem tenho nenhum consultório para ouvir todos os desabafos alheios diariamente.

Haja paciência!

E se algum de vocês souber onde isso se vende, agradeço a dica.

Ser antes de Ter

Tri, 28.10.20

Cometemos sempre o mesmo erro: pensamos em algo que queremos muito fazer e começamos a pensar no que precisamos para concretizar essa coisa.

Por exemplo, há muito anos, quando decidi que queria muito dar uma oportunidade ao yoga comecei a pesquisar colchões, comparar características e preços, comprar calças de licra…mas faltou o inicial: começar a praticar yoga.

Então tive que me recentrar no essencial e começar efetivamente a praticar yoga (em qualquer tapete de casa) e com o apoio muito útil do youtube (que está recheado de excelentes aulas) e inscrever-me para começar a ter aulas também. Isso sim era a prioridade e não ter as melhores calças de ginástica ou o colchão profissional, até porque ter essas coisas não faria nada de bem pela minha pessoa, ao invés da dedicação à prática.

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E, como já disse, acho que cometemos sempre o mesmo erro porque comprar determinada coisa não nos vai dar mais paz, não nos vai tornar melhor pessoa, não nos vai tornar mais cultos (ou seja lá qual for o objetivo da atividade), simplesmente desperdiçamos tempo e dinheiro focando-nos no eu-ideal ao invés do nosso eu-real.

Por comprar um colchão de ginástica não significa que vou passar a fazer exercício todos os dias; não é por comprar umas botas de montanha que vou passar a fazer grandes caminhadas; nem o facto de ter aproveitado as promoções da feira do livro fazem com que seja um leitor mais assíduo.

O ideal é focarmo-nos em desenvolver melhores hábitos, em transformar a nossa rotina e tomar ações concretas de mudança na nossa vida em vez de esperar que tudo mude simplesmente. Focarmo-nos no nosso eu-real e perceber que alterações devemos implementar na nossa vida para conseguirmos ser o eu-ideal com que sonhamos.  

Assim, ser ter que vir antes do ter para que tudo na vida seja congruente e nos satisfaça.

Happy Monday: Síndrome de Garfield

Tri, 26.10.20

“Detesto segundas-feiras!”

Eu: Como assim? O que te aconteceu…que te fez odiar ESTA segunda?

Ela: não, não é isso, não me aconteceu nada. Detesto é segundas, ter que vir do fim-semana, do bem bom…estava tão bem.

E foi assim o meu café da manhã na copa com uma colega (café não, carioca de limão que eu não tomo café).

Ainda o tico está a acordar o teco e somos logo bombardeados com discursos negativistas sem qualquer razão de ser.

E assim me leva a refletir que, efetivamente, a grande maioria das pessoas nutre uma antipatia pelo primeiro dia da semana mas, muitas vezes, sem motivos para isso. Já estão condicionadas a esse pensamento e a um papel de vitimização, antes mesmo que algo de menos bom aconteça na “fatídica” segunda-feira. (e como se algo fosse sequer acontecer, na verdade)

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Cada vez mais me apercebo como o tempo passa a correr, e que o tempo é dos bens mais preciosos que temos (como aqui disse) então de nada me serve desperdiçar o meu tempo temendo constantemente a segunda e exultando perpetuamente a sexta para viver o fim-de-semana.

De que serve o esforço da nossa vida se dos 7 dias da semana apenas ansiamos por 2?

Devemos sim é aproveitar a semana no seu todo, adaptar as rotinas, aproveitar todos os dias para fazer coisas diferentes sempre que é possível, sempre que não estamos para fora em trabalho ou as crianças o permitem (o que for) e sair a horas do trabalho e beber um fino numa esplanada (com covid ainda podemos estar ao ar livre), fazer um picnic no meio da sala, ou jantar na varanda (se tivermos), combinar comer um gelado depois do jantar, ir ao teatro durante a semana (vá lá as sessões são às 21h00 portanto acabam bem antes da série da netflix que iamos estar a ver no sofá).

A ideia é aproveitarmos todos os dias sempre para que os fim-de-semanas não sejam colocados num pedestal, e sejam apenas dois dias com mais tempo para fazermos mais coisas. Assim, vivemos e aproveitamos a semana mesmo na azáfama do nosso trabalho. E vivemos o presente e não com os olhos postos no futuro.

As Segundas-Feiras não têm de ser um martírio e vamos torná-las mais leves todas as semanas.

(Não isto não vai ser nenhum cantinho tipo livro de auto ajuda que nos garante que somos as melhores pessoas do mundo.)

Vai ser apenas uma partilha de reflexões, inspirações (ou outras atividades acabadas em -ões-) para nos desafiar ou simplesmente afastar a mente, por momentos, da azáfama da nossa rotina.

 

Portanto vamos tirar o melhor partido de cada dia, sim?

Ah, e sim, É possível ser feliz às segundas-feiras!

Mais do que reduzir ao essencial... é VIVER mais o ESSENCIAL

Tri, 24.10.20

Nunca como agora tivemos tanto acesso às coisas, à informação e nunca como agora fomos tão impelidos a adquirir coisas que ‘supostamente’ nos vão fazer ‘sentir melhor’.

Tal leva muitas pessoas a questionarem-se e deixarem ‘entrar’, cada vez mais, o minimalismo nas suas vidas.

O Minimalismo tornou-se moda, no entanto, é muito mais do simples espaços brancos e imaculados com uma cadeira e uma planta. (parece que nunca ninguém vive lá, não é?)

A estética simples é deveras atrativa e ajuda em muito ao objetivo principal, pois se a casa está mais simples facilita a tua vida em tudo, mas o minimalismo não pode ser colocado assim numa caixa pois é muito mais do que isso.

Eu creio que o minimalismo é uma forma de vida, uma forma de chegar a um objetivo elevado: Viver mais o Essencial para cada um de nós.

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Ou seja, fazer o que gosto, estar com quero, sentir-me realizada enquanto pessoa todos os dias, dar a minha atenção plena ao que faço e às pessoas a quem dedico o meu tempo.

E isso é efetivamente diferente para cada um de nós, de acordo com o que ambicionamos. Daí não existir nenhuma fórmula mágica para este processo, apenas dicas de diferentes pessoas que podemos pegar como exemplo e ver se fazem sentido para nós.

Eu comecei a vida minimalista pelas roupas, a tentar reduzir ao mínimo indispensável para viver em vez de ter 2 armários de roupa; depois passei para o meu quarto, retirar bibelôs sem significado, lembranças de casamentos que só ganham pó, etc.; e daí percebi que poderia aplicar esta lógica a todas as áreas da minha vida.

E foi assim que simplificar se tornou quase um vício, pois podemos aplicar também às relações e à forma como gastamos o nosso tempo.

E convenhamos que não há nada de mais valioso que o nosso tempo, pois este vai encurtando e devemos valorizar e utilizar muito bem o nosso tempo, naquilo que queremos e gostamos. (vá, mesmo num trabalho que não gostamos, conseguimos ver as coisas positivas que o mesmo nos traz e valorizar isso mesmo, certo?)

E como disse no último texto, para valorizarmos mais o nosso tempo há que ‘retirar distrações’ do caminho, há que dizer mais vezes ‘Não’. (que é chato e não queremos desagradar ninguém)

Ou então, em vez de vivermos com o essencial, podemos conformar-nos e viver dentro dos padrões, com o que consideramos que é correto mas não nos apetece assim tanto, fazer o que achamos melhor em dada situação em vez daquilo que queremos efetivamente.

Assim, podemos manter-nos naquela relação que já não funciona, depois de várias tentativas; com um emprego que nos desmotiva e nos retira toda a energia; continuar com as constantes discussões com um familiar com quem não nos identificamos mas teimamos em socializar ‘porque tem de ser’ ou guardar aquele bibelô que recebemos no Natal e que não doamos só porque parece mal ou nos iriamos sentir mal com isso.

No final da nossa vida, quando já tivermos mais tempo livre, quando já formos obrigados a parar e tivermos muito tempo para pensar, vamos poder contemplar a nossa vida ..e será que nos vamos sentir mais felizes por termos guardado aquele bibelô? Será que vamos sentir-nos melhor por naquele Natal termos convidado o tio com quem não nos damos ao invés de convidar amigos do coração?

Ou podemos parar já! Refletir sobre a nossa vida e ir tomando as rédeas, ir implementando alguns hábitos saudáveis, ir mudando algumas coisas que nos encaminhem para onde queremos estar, fazer escolhas.

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 E, para tal, há que dizer não a algumas coisas e pessoas, talvez deixemos alguns grupos, alguns hobbies que já não

dão assim tanto prazer ou então não precisamos de fazer nada disso, se estivermos bem com o que temos!

É essa a magia do minimalismo, ninguém é obrigado a deitar nada fora, a viver numa casa sem móveis ou com poucos bens de forma a que caibam todos numa única mochila. Não, cada um deve apenas reduzir o que faz sentido para si e para o que quer da sua vida.

Por isso podemos ser minimalistas e ter mais que “meia dúzia” de peças de roupa, se isso é importante e faz sentido, podemos ter uma casa colorida (e não pálida), podemos ter a casa cheia de livros e mais do que 2 móveis na sala.

 O que devemos é focar-nos no essencial da vida e que são as pessoas. Os bens vêm por acréscimo servem para nos melhorar o conforto mas não devem ser o objetivo.

A arte de dizer 'não'

Tri, 22.10.20

Não quero. Não posso. Não me apetece.

Negar convites ou solicitações não tem que ser necessariamente sinónimo de má vontade ou preguiça. Pode ser, simplesmente, uma escolha consciente que fazemos para impedir a sensação de que todos “mandam” na nossa vida, nas nossas escolhas, nos nossos horários.

Começar a dizer ‘não’ sem sentimento de culpa, é libertador. (então se for antes de perdermos a cabeça, ainda melhor)

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Como todos sabemos, a forma como as sociedades estão agora desenhadas leva-nos a viver na correria; todos querem tudo ‘p’ra ontem’, todas chamadas, mensagens ou e-mail’s têm que ser respondidas na hora porque todos sabem que estamos disponíveis em qualquer canto do mundo, então já ninguém sabe esperar…já não há paciência nem tolerância.

Dizemos sim porque é mais fácil, evita os olhares desconfortáveis das outras pessoas, evita o bater da porta, a resposta com frieza na voz, evita passarmos a ouvir “também nunca se pode contar contigo”.

No trabalho dizemos sim porque temos de dizer, não é verdade? Ainda assim, por vezes poderíamos tentar sugerir outras opções ou explicar que não pode ser quando a pessoa quer mas sim mais tarde. No fundo dizemos sim por receio da incerteza da atitude da outra pessoa.

“Preciso de tempo para mim”, acaba por ser a nossa desculpa quando já não dá mais e temos mesmo que dizer um não a alguém, mas é um não com justificação.  Sentimo-nos a multiplicar por diversas tarefas, todos os dias, acompanhado de um prejuízo da vida pessoal e familiar.

Mas tal frase traz ao de cima o cerne do problema pois, de facto, não vamos arranjar mais tempo, quando muito (e aqui reside parte da solução), vamos arranjar forma de termos menos coisas para fazer.

(E como raio é que faço isso? - perguntam vocês)