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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

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ser mais profundo

Tri, 27.04.17

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Há um défice de pensamento crítico na nossa sociedade atual. Défice este que pode trazer por vezes, algumas consequências negativas e mal-estar na vida porque transmite uma certa ideia de preenchimento e autossuficiência que, no enanto, é vazia.

As pessoas ajuízam muito, mas sem refletir, dão opiniões! E por vezes opiniões baseadas em opiniões e críticas alheias, não param para refletir e induzir da sua própria cabeça.

 

Creio que a vida é vivida muito superficialmente, não é sentida, não é interiorizada; é vivida na emoção, no emotivismo do momento deixando a inquietação e o vazio interior.

 

As pessoas sentem essa inquietação porque não encontram espaços para a reflexão, espaços na correria da vida para trabalharem o seu interior, para se conhecer, para pararem, para refletirem, no entanto, acreditam que sim que refletem e que têm espaços. Isto porque o mundo oferece muitas fugas enganadoras que as pessoas aproveitam sem tirar usufruto das mesmas: spas maravilhosos, férias aqui e acolá, uma agenda cultural muito preenchida, toda uma super ocupação que é de facto enganadora.

E dessa forma as pessoas cansam-se rapidamente do trabalho, dos amigos, da família, da vida social, das férias paradisíacas ou das idas aos spa’s maravilhosos, porque simplesmente falta algo mais.

 

O problema de fundo é exatamente viver a vida com um sentido, ter metas e perspetivas de realização, é sentir e refletir e não andar a fugir dos problemas. São necessários momentos de contemplação, de tudo o que nos rodeia e que na verdade é o que necessitamos para sermos felizes.

 

São necessários momentos de encontro connosco próprios, não no sentido de fuga ou refúgio, mas sim para um encontro consigo e com a realidade tal qual ela é, e onde seja possível pensar, pensar a vida, pensar criticamente, refletir olhando a realidade.

Se nos ficarmos pela superfície, deixamos passar a vida, não temos profundidade e o amar e ser amados, fulcral para nossa vida, pode-se esvair rapidamente.

reflexão #6

Tri, 21.04.17

"A partir do momento em que os nossos actos têm uma testemunha, quer queiramos, quer não, adaptamo-nos aos olhos que nos observam; e, a partir de então, nada do que fazemos é verdadeiro."

 

Milan Kundera

in "A Insustentável Leveza do Ser"

o caminho

Tri, 20.04.17

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Período de ausência para recarregar baterias, para recomeçar o ano e voltar a encher o balão de boas energias, de paciência, tolerância, delicadeza, respeito, todos os valores necessários para um bom ano para ir esvaziando o balão calmamente.

 

Foi o momento da caminhada a Santiago de Compostela.

 

A caminhada é o despreendimento do supérfluo, do irrelevante, é o estarmos dispostos a novas experiências e a alinhar o coração, tornar a causa mais forte, tornarmo-nos mais fortes pelo que nos move.

O caminho muda-nos, molda-nos. Muitos o percorreram; mas só alguns o conquistaram como se conquista a vida, para sempre. Arremessamo-nos pelo caminho como quem luta pela própria vida; aprendemos a densidade dos sentimentos, a profundidade dos nossos pensamentos e o impacto que podem ter em nós.

 

Peregrinar não é simplesmente caminhar, pôr uma perna á frente da outra e andar apreciando a paisagem; peregrinar implica antes de mais partir, sairmos das nossas circunstâncias e comodidades, de desapegarmo-nos e separamo-nos para podermos andar. 

Ser peregrino é já por si só algo que nos marca, mas ser peregrino com “a minha gente”, com este meu grupo é algo que nos marca profundamente. Marca porque nos faz refletir sobre o nosso percurso, porque nos faz evoluir individualmente e em grupo, marca porque tudo acontece numa atmosfera de autêntica paz e harmonia e me faz relembrar todos os dias de quem quero ser, de onde quero estar, do que quero valorizar na vida.

 

Como tal, é crucial sentir o caminho, não apenas passar por ele.

 

Voltei, renovada e com o ‘balão’ cheio e esperando que a vossa Páscoa tenha sido docinha e recheada de amor.

a necessidade da tolerância

Tri, 05.04.17

Atualmente vivemos numa sociedade em que as pessoas se agridem por motivo nenhum; não suportam qualquer tipo de falha ou contradição, muito menos de serem confrontadas com ideias distintas das suas.

 

Se a meio de uma conversa, discordam com a opinião do outro, já não há o poder da retórica só o do murro; se um empregado de mesa se engana no pedido, ‘vira-se a mesa ao contrário’; se alguém passa á frente na fila do metro, começa-se a insultar; todos os locais e motivos servem para partir para a agressão e ofensas desmedidas.

Hoje quase toda gente vive com uma postura snobe e aristocrática que os impede de aguardar pela sua vez, de falar direito com o próximo e respeitar o seu espaço.     

 

De facto, creio que o nosso problema não é a desigualdade, na verdade, o problema é que não toleramos a igualdade dos cidadãos. Pessoas com os mesmos direitos que nós, a mesma liberdade, a mesma importância, é a democracia no papel, não na prática.

 

Aceitar as diferenças e respeitar os direitos das pessoas torna-se uma virtude indispensável para conseguir viver e conviver neste mundo repleto de energias negativas que nós atraem.

 

Creio que a tolerância também se perde em todo esse negativismo, vivemos a vida a correr para satisfazer os nossos compromissos, stressados durante o dia de trabalho e com vontade de regressar a casa, mas antes disso ainda temos que suportar filas de trânsito imensas, transportes públicos superlotados … vivemos mais impacientes que nunca.

Nos relacionamentos de hoje, qualquer que seja a sua natureza, não se pára para ouvir o desejo do outro, para se ajudar o próximo, para se ter um momento de delicadeza.

 

A palavra de ordem para tentar combater este estado espirito que nos rodeia é mesmo resistência, perante todas as atrocidades a que assistimos, perante todas as indelicadezas a que somos sujeitos, devemos resistir e não reagir. Resistir pacificamente e dar o exemplo, ser gentil e não julgar e tentar fazer dessa regra o dia-a-dia de quem nos rodeia.