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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

o blog

Tri, 27.02.17

Desde cedo o paradoxo do sentido da vida, do ‘quem sou eu e que faço aqui’, me ocupou a mente.

É sobre a reflexão contínua destes temas que tem sido construída a minha vida, e é este género de ideias que tem servido para construir a visão que eu tenho do mundo e do meu lugar e dever no mesmo. De uma forma mais empírica do que lógica.

 

Aprendi desta forma a traçar uma barreira invisível entre mim e os outros, adotando uma distância razoável e aprendi a questionar todas as suas histórias, não as tomar como certas, e dessa forma refletir sobre elas e tentar perceber de que forma eu poderia ajudar; de que forma poderia melhorar algo; de que forma eu poderia ser uma mais-valia na história daquela pessoa.

Assim dou por mim várias vezes a falar sozinha, no meu mundo de pensamento e reflexão, a pensar alto, a organizar pensamentos, e, por vezes, não me encontro sozinha sendo que se segue a inevitável questão:

 

“Estavas a falar comigo?”

“Não, estou só a dizer coisas…”

 

Sempre falei sozinha, como reflexão interior, para organizar pensamentos, ou mesmo discursos, quanto estou a preparar alguma fomação ou conferência; e por vezes até no que antecede uma conversa séria e importante que tenha que ter com alguém, repenso o que pretendo dizer, em voz alta.

 

De facto creio que a reflexão deve fazer parte da nossa vida, como tarefa essencialmente, devemos parar para pensar na vida e no que nela acontece ao invés de simplesmente a vivermos, a vermos passar sem questionar.

Devemos pensar sobre as noticias que ouvimos/vemos, devemos refletir sobre o que dizem os nossos comentadores televisivos, por exemplo, em vez de aceitar que os seus comentários e pensamentos são verdades absolutas e tomar tais palavra como suas. Nem que seja no jantar de logo á noite, quando o grupo de amigos sugere, podemos parar para pensar e contrapôr outra opção, em vez de simplesmente acenar e concordar sem pensar.

 

Eu penso! Penso na minha vida e no que posso fazer para melhorar, penso no outro e em como posso ajudar em qualuer coisa que seja, penso em como foi o meu dia e se tive algum momento em que servi o próximo, ou se tive alguma atitude menos boa, penso nos meus amigos mais próximos e familiares e no que precisam naquele instante..

E sempre assim foi, vivo mais para os outros, pela sua felicidade e conforto do que para mim própria. No entanto, entenda-se, que só é assim porque eu quero e faço por isso, não sou nenhuma boa samaritana que pretende qualquer tipo de louvor. Longe disso!

 

Desta forma, pretendia esclarecer algumas das pessoas que têm questionado o nome do blog, creio que o objetivo foi cumprido ;) 

reflexão #1

Tri, 24.02.17

Este novo espaço, reflexão, será para partilhar convosco algumas frases e/ou pensamentos marcantes que vão surgindo na minha vida, através de conversas com terceiros ou através dos livros que devoro.

 

Não pretendo que seja um espaço de frases cliché, nem garanto que sejam bonitas ou muito profundas, serão apenas pensamentos com que me identifico e que causam em mim qualquer tipo de reação, quanto mais não seja a da reflexão, ponderação e partilha.

 

Espero assim que algumas das palavras aqui partilhadas vos possam influenciar, que vos façam pelo menos refletir e parar por minutos a azáfama do vosso dia (nem que seja para concluir que discordam de sobremaneira) e que tenham significado para pelo menos alguns dos leitores deste blog.

 

"A solidariedade não é dar o que sobra,é dar o que falta!"

Anónimo

 

 

 

o terror como arte

Tri, 21.02.17

Muita tinta tem corrido para comentar a fotografia do ano do World Press Photo que, como é já de conhecimento geral, é referente ao momento dramático em que um atirador, em plena Galeria de Arte Contemporânea de Ancara, disparou sobre o embaixador da Túrquia, matando-o.

O autor da fotografia é o turco Burhan Ozbilici, que estava aparentemente de passagem pela galeria e deparou-se com tal situação e ante o medo que sentia, optou por disparar a sua objetiva incessantemente obtendo diversas imagens do momento, entre as quais a considerada fotografia do ano.  

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Tenho várias considerações a fazer sobre tal momento e até sobre o prémio em si; primeiramente de referir que o atirador era um agente sírio do corpo de intervenção da polícia de Ancara e então pergunto: «como é feito o processo de recrutamento nesta polícia?», «como são analisados os destacamentos dos agentes para determinadas situações?».

 

 

Colocar este agente a acompanhar e, de alguma forma com o dever de proteger, o embaixador sendo ele de origem síria, com tudo o que se tem vivido na Síria, quem sabe se este jovem de 22 anos não estava de facto no limite? Quem sabe se alguma da sua família não estava em fuga do seu país ou até tivessem morrido no mediterrâneo como tantos milhares… São tudo suposições, mas plausíveis, que não justificam de todo o ato mas ajudam a tentar perceber motivações.

Claramente que não seria a pessoa mais indicada, de toda a equipa existente, para ser destacada para tal função.

 

Quanto à fotografia premiada especificamente, podem ser feitas diversas análise no ponto de vista estético, artístico ou mesmo no que concerne á coragem do jornalista, no entanto, não deixa de ser é um momento negro, a morte parada no tempo, num instante em que se pode ver tudo o que aconteceu, a surpresa, a loucura.

Uma imagem que apresenta e reproduz a atualidade, os tempos de medo e terror que se vivem.

 

Ouvem-se comentários depreciativos como que a indicar que o facto de esta ser a fotografia do ano pode incitar ao terrorismo. De facto um ato de terror quando ocorre é para ser difundido, e elegendo esta foto poderíamos de alguma forma estar a pactuar com o terrorismo, não obstante esse ponto de vista creio que o mais grave não é o encorajamento ao terrorismo que a foto pode causar mas sim o simples facto desta demonstrar a realidade, o terrorismo que já existe e faz parte do nosso dias-a-dia, a imprevisibilidade da vida atual.

Esta fotografia não vem mostrar ao mundo nada de novo, não vem dar a conhecer uma realidade oculta, não!, vem sim mostrar o que está a acontecer.

 

E tal comprovação é chocante porque demonstra cada vez mais o caminho que o mundo e a humanidade estão a levar, a rutura a que estamos a chegar; e se, tal foto, ganhar o prémio de melhor do ano não chocasse então sim estaríamos num ponto de loucura.

Pessoalmente não concordo com atribuição do prémio face à panóplia de fotografias existentes e que valorizo mais, no entanto, não condeno a atribuição do mesmo, não é uma foto sugestiva nem incentivadora é simplesmente um retrato real, do mundo em tempo real. É este cenário que se vive, por tantos outros lados, dentro e fora de galerias de arte.

 

Citando o jurado do WPP, João Silva, “Vejo o mundo a caminhar em direção a um abismo”, e este facto faz-nos crer que já não conhecemos bem as pessoas que nos rodeiam, com quem lidamos, que facilmente poderão entrar no ponto de rutura e ‘explodir’, sem motivo aparente, como aliás, vemos diariamente nos N/telejornais.

quando há sol, não é para todos

Tri, 17.02.17

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Ontem tive o privilégio de ter um momento de partilha com um voluntário dos Médicos sem Fronteiras (MSF). Ele abriu um pouco do seu coração e das suas experiências, numa partilha pura e comovente e desprovida de preconceitos e clichés.

 

Teve a oportunidade de partilhar um momento que viveu na sua última missão, na Síria, em pleno coração de conflitos onde após vários dias negros, de desgraça, morte, chuva e tristeza um dia brilhante desponta, com o sol a sorrir bem alto para todos os eles. Na sua ingenuidade apreciou esse momento, contemplou aquele sol brilhante, disfrutou um pouco da sua luz e calor e na “tenda” médica comentou com os locais:

 

- “Que belo dia de sol está hoje!”

- “ Não Doutor. Hoje está um dia péssimo! Está sol, o céu está limpo por isso eles vão voar … “

 

E essa cruel constatação rapidamente se tornou verdade, dentro de pouco tempo o local começou a ser sobrevoado, começaram a ser atacados pelos radicais, mais mortes continuaram a acontecer, mais feridos continuaram a encher a “tenda” médica em busca de auxílio dos MSF.

 

Desta forma se percebe que, de facto, “quando há sol, não é para todos”; algo sobre o qual nunca eu tinha refletido. É violenta esta constatação, cruel pensar que enquanto seguimos com a nossa vida muito mais bem-dispostos porque está um belo dia de sol, com outra alegria talvez e até com mais motivação para trabalhar, do outro lado do mundo muitos milhares morrem porque esse mesmo sol nasceu tornando-os mais vulneráveis.

Para alguns, um belo dia de sol significa temer pela própria vida, viver sobressaltado sempre á espera do inimigo, viver a controlar os céus ou a esquina á espera da próxima atrocidade e sentirem-se constantemente impotentes perante o radicalismo e ganância que os rodeiam.

 

Foi um momento gratificante esta partilha e quando achamos que fazemos alguma coisa em prol da humanidade, que marcamos a diferença nas ações de voluntariado que fazemos, quando achamos que estamos a fazer o que nos é possível, eis que vem uma pessoa como ele demonstrar que de facto o céu é o limite, que o coração pode ser infinitamente grande, que o mundo não tem fronteiras porque toda gente, de qualquer cultura, religião ou crença, no fundo quer que alguém lhe estique a mão e tenha uma palavra de apreço.

o livre-arbítrio

Tri, 10.02.17

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 Nascemos com a opção de escolha, de decidir sobre algo em detrimento de outra opção e somos dessa forma livres.

Imaginamos desta forma o que é ser um ser humano e quais as suas características intrínsecas, imaginamos que cada pessoa, é de facto o realizador da sua própria história.

No entanto, tal só é possível quando temos de facto o privilégio da escolha… muitas pessoas não têm qualquer escolha.

 

Há imensas pessoas no mundo cujos percursos de vida são determinados por aquilo com que nasceram física e psicologicamente e pelas condições e seio familiar em que nasceram. Muitos milhões de pessoas encontram-se nas garras da pobreza, da fome, da doença, do desespero e, dessa forma, as suas opções e decisões são influenciadas por forças externas nem sempre possíveis de controlar.  

De uma forma utópica, muitas vezes pensamos que todas estas pessoas têm possibilidade de superarem estas adversidades, criamos a ilusão de que têm a capacidade de ultrapassarem as suas circunstâncias, mas a sua envolvência é muito forte para ser domada e nem sempre têm os meios para o fazerem.

 

Não obstante, acredito que com a oportunidade certa algumas dessas pessoas conseguiriam mudar o seu rumo e ultrapassar o seu meio envolvente, cabe-nos a nós, seres privilegiados com o poder de escolha, olhar em redor e dar a mão sempre que possível e dar a possibilidade de escolha a alguém que, provavelmente, não a teria noutras circunstâncias.

a fome é de todos

Tri, 06.02.17

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Em conversa com uma pessoa amiga, discutimos o facto de em alguns hospitais (ou especialidades) proibirem a permanência de familiares dos doentes na hora da refeição ou mesmo oi acompanhamento ao refeitório, quando é o caso.

 

É uma decisão que dá azo a discussão uma vez que a presença de um familiar pode, e deve, ser um ponto positivo, de esperança, de incentivo (para que se alimentem convenientemente p.e.) e de auxílio aos próprios enfermeiros, dando simplesmente a refeição ao doente.

 

No entanto, analisando a questão de fundo, percebe-se que o pior não é a proibição em si, que acaba por ter uma razão de ser, é o que está por detrás da mesma e que justifica tal tomada de atitude. Sempre que podem, e precisam, as visitas comem a refeição, ou parte, que é destinada ao doente. 

 

Tal atitude leva-nos a refletir sobre o estado a que chegou a sociedade, mais do que indignação social é tentar perceber o que leva alguém a ter tal postura perante uma pessoa que ama e que se encontra fragilizada…A miséria fala sempre mais alto e percebe-se que a fome pode roubar tudo a um ser humano, a dignidade, o respeito e até a compaixão pelos do seu próprio sangue.

 

Fica-se com um nó na garganta por assistir a tudo isto e com vergonha por fazer parte disto, por não lutarmos o suficiente pela mudança que queremos ver no mundo. Bem sei que por vezes, por muito alto que gritemos, não somos ouvidos, não temos impacto, mas não devemos nunca baixar os braços.

 

“A fome de uns é a fome de todos” e já é hora de o percebermos, mesmo que não nos aperte o estômago, mesmo que não nos roube a nossa dignidade devemos dar sempre ao mão ao próximo como gostaríamos que o fizessem connosco se algum dia estivermos em situação semelhante.

Bem-vindos

Tri, 06.02.17

 

Bem-vindos ao meu blog!

 

Este será, espero, um espaço de reflexão e discussão... de reflexão sobre o mundo, sobre o que nos rodeia, sobre tudo o que nos vai acontecendo na vida ou ao nosso lado e que quase nunca paramos para avaliar e refletir sobre.

Aqui deixarei os pensamentos que me atravessam a mente, as questões que me vou colocando e a busca pelas suas respostas, que nem sempre se consegue.

 

Deixando fora deste espaço ideologias politicas, religiões e descriminações de qualquer espécie, algo que espero também dos futuros leitores, neste espaço aceitam-se todas as crenças e respeitam-se todas as opiniões.

 

Desta forma, todos os que visitem este espaço são livres de deixar a sua opinião, de gerar um pequeno fórum de discussão, espero que este humilde espaço vos faça parar um pouco no stress do vosso dia-a-dia para pensar e pôr em causa tantas coisas que damos por certo neste mundo.

 

Fica feito o convite para a reflexão ;)