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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

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aos meus pais

Tri, 07.08.23

Dizem que as crianças aprendem o que vivem. (eu mesma o disse aqui e aqui…)

Por isso, se hoje sou paciente é porque me ensinaram a ser tolerante, se hoje não condeno é porque não vivi sob críticas, se não sou tímida é porque não fui ridicularizada, se sei apreciar é porque recebi elogios, se sei amar é porque vivenciei a aceitação, a aprovação. Se sou verdadeira é porque convivi com a sinceridade, se sou justa vivi com equidade. Ensinaram-me a gostar de mim mesma, mas eu também tive um papel muito importante nessa tarefa ao longo do meu crescimento.

Porque convivi com a bondade e a consideração pelos outros, aprendi o que é o respeito. E se hoje acredito que o mundo é um bom lugar para se viver é porque vivi em segurança, é porque aprendi a ter confiança em mim mesma e naqueles que me rodeiam.

Efetivamente, os nossos pais são os nossos grandes exemplos, e digo pais no sentido de ‘a pessoa que nos cria e acompanha ao longo do crescimento’, seja quem for. Mas é com eles que nos tornamos gente, que aprendemos a valorizar tanta coisa na vida.

A minha mãe ensinou-me a força da independência, a coragem de fazer acontecer, o arregaçar as mangas e não ser dependente de ninguém. Ensinou-me a força de viver, que ultrapassa todos os obstáculos que a vida nos apresenta. Ensinou-me a estar lá para o outro mas a não me deixar rebaixar. O meu pai me ensinou-me o que é a calma, a paciência, a bondade, a compaixão, a humildade. Ensinou-me a perdoar, mesmo quando algo não teria perdão; ensinou-me o incentivo moral e emocional de forma incondicional.

E não foram ensinamentos que ficaram no passado. Não. Na verdade, são transversais a todas as fases da minha vida, continuam a ensinar-me ainda nos dias de hoje.

Ensinam-me o que é a resiliência, o que é ajudar sem esperar nada em troca, a não desistir na vida, a lutar pelos nossos sonhos mesmo que estes sejam difíceis e que só se consiga depois dos 60 anos.

Cresci numa casa de risos, gritaria, por vezes, e alguns castigos, mas por algum motivo, não me lembro muito desses momentos. O que fica é a noção de que uma relação é composta por amor, mas não só, também por união, respeito, bem-querer, cuidado e atenção ao outro.

O meu obrigada a vocês, pai e mãe.

Parabéns por estes 30 anos de união.

as linguagens do amor

Tri, 19.07.23

Que todo o ser humano é único, isso todos nós sabemos. O que muitas vezes não reparamos é que há particularidades em cada um de nós, que alteram a forma como vemos o mundo, como o sentimos, como damos importância às pessoas ao nosso redor, como espalhamos amor. (se é que espalhamos…)

Conceito introduzido por Gary Chapman, nos anos 90, explica o “segredo do amor duradouro”, as linguagens que se foi apercebendo existirem ao longo de décadas enquanto conselheiro matrimonial, a premissa base do seu livro é bastante simples (senso comum vá, até eu sabia dizer isto), afirma que: pessoas diferentes com diferentes personalidades e feitios, dão e recebem amor de diferentes formas. (lógico, certo? Eu avisei!)

Aqui falamos de Amor em todas as suas formas e feitios, para com amigos, família, parceiros, etc. Percebendo as nossas preferências de como gostamos mais de receber e retribuir amor à nossa volta, conseguimos mais facilmente demonstrar sentimentos, espalhar amor, conectarmo-nos mais profundamente com as pessoas, estabelecer uma comunicação muito mais eficaz com resultados altamente positivos.

O objetivo de melhorarmos o autoconhecimento, sobre a forma como reagimos perante o amor, é que se estreitem os laços, se desenvolvam relações mais fortes, coesas, com maior entendimento.

Assim, no seu livro, o autor apresenta as formas que utilizamos para nos expressarmos numa relação:

  • Palavras de afirmação
  • Tempo de qualidade
  • Lembranças
  • Gestos de serviço
  • Toque físico

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Agora vamos entender um pouco melhor o que é cada uma destas características.

Palavras de afirmação

Sejam faladas ou escritas, este tipo de linguagem usa as palavras para elogiar a outra pessoa, incentivar, apoiar, para dar alento e força. Pequenas coisas que, para quem dá mais valor às palavras, vai, certamente, impactar: “Estou orgulhoso de ti”, “ainda bem que arriscaste, está ótimo”, “o jantar está mesmo delicioso”, “gosto de te ter na minha vida porque…”.

Tempo de qualidade

Esta linguagem trata, essencialmente, do estar. Do estarmos lá para o outro, estarmos efetivamente presentes no momento, desfrutarmos da companhia, passarmos tempo de qualidade em conjunto.

Lembranças

Para algumas pessoas, receberem pequenos presentes sem contar, daqueles de fazer derreter o coração, é o que as faz sentirem-se mais amadas. E, por presentes, não quer dizer gastar fortunas a comprar coisas, mas sim dar coisas simples que a pessoa aprecie e não estava a contar: uma flor, um chocolate num dia mais amargo, um bloco de notas para quem gosta de escrever, etc.

Gestos de serviço

Nesta linguagem as ações falam mais alto que as palavras. Basicamente, para sentirem a atenção, o carinho e cuidado do outro basta-lhes uma pequena ajuda ao invés de presentes e grandes poemas. Preferem que a pessoa as ajude a concluir uma dada tarefa, que lhes tire um peso de cima assumindo a responsabilidade de algo, que façam algo sem que tal lhes seja pedido, que tomem a iniciativa. Basicamente, para estas pessoas, se se oferecerem para tratar da roupa, irem vocês às compras, ou qualquer outra tarefa irão fazê-las sentirem-se nas nuvens.

Toque físico

Para estas pessoas, nada transmite melhor o amor do que o toque, de forma adequada e respeitosa. Precisam de muito contacto, abraços, beijos, mãos dadas, tocar enquanto falam, todos estes toques as fazem sentir amadas.

 

Claramente que, lendo isto, todas estas linguagens nos parecem igualmente importantes e necessárias, e achamos que usamos todas elas mas se, efetivamente, fizermos este exercício de maior introspeção, de nos conhecermos, percebermos como temos sido ao longo da vida, do que é que gostamos mais, vamos constatar que usamos mais umas linguagens do que outras. Há quem goste mais de abraços e beijinhos e há quem prefira que a pessoa a ajude a terminar uma determinada tarefa que lhe está a custar fazer, sem que tal lhe seja solicitado.

Se tiverem curiosidade, deixo-vos aqui o site (é em inglês) para que façam o questionário e descubram qual a vossa linguagem do amor.

Confesso que fiquei um pouco surpresa com os meus resultados, sempre achei que era mais de gestos de serviço e palavras, gosto sempre de preparar o pequeno almoço supresa no dia do pai, fazer bolachinhas para oferecer, escrever postais de Natal e Aniversário para todas as pessoas, etc.

Afinal o meu resultado é maioritariamente ‘palavras de afirmação’, o que faz algum  sentido ou não achasse eu piada a escrever umas coisas (como se pode ver pode este cantinho mal-amanhado) e a escrever mensagens e post-its às pessoas; seguido de ‘toque’, daí os meus abracinhos constantes.

Achei muito interessante o quiz e pode deixar-nos a pensar. Quem tiver curiosidade, faça.

Depois partilhem por aqui, tenho curiosidade em saber “quem anda por aí”. 😉

somos parte de um todo

Tri, 06.07.23

Mais uma mensagem de ecologia, toda ambientalista e tal?! Sim, é mesmo isso!

Porque enquanto não mudarmos, nunca é demais falar no assunto. Mas falar de ecologia e do nosso planeta entendendo-o como um todo, pois somos responsáveis por ele e fazemos parte dele.

 

Não obstante a importância do tema, qual a vantagem de cuidar do planeta e dos outros se eu não cuidar de mim mesma primeiro? E o inverso também se aplica, de que adianta eu só cuidar de mim e esquecer tudo o resto?

Acredito que cuidarmos de nós, investirmos no nosso desenvolvimento, cuidarmos do corpo e mente, está intrinsecamente ligado à nossa crescente preocupação pela preservação, pelo cuidado com os outros e com o mundo que nos rodeia.  Aliás, vi isso acontecer comigo e vejo constantemente acontecer a pessoas ao meu redor.

Creio que começa a ‘cair-nos a ficha’ e, de facto, percebemos que a Terra é a casa de todos e, como tal, é responsabilidade de todos mantê-la e preservá-la.

 

Quando nos dedicamos ao auto-conhecimento já não conseguimos voltar atrás, queremos continuar, queremos sempre descobrir mais, compreender, ir mais além. Porque nos apercebemos, genuinamente, nas mudanças na nossa pessoa.

No meu caso, sinto que me tenho conhecido muito mais nos últimos anos (também faz diferença ser idade adulta, questionar e pôr tudo em causa) e percebi que todos temos como missão (independentemente da nossa missão de vida, se tivermos) conhecermo-nos e gostarmos de nós, mas uns demoram mais tempo que outros.

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A minha jornada de autoconhecimento começou com a meditação mas o cuidar do planeta começou bem antes pois, nesse sentido, os meus pais sempre estiveram muito à frente e sempre reciclámos tudo em casa, sempre demos novas vidas às coisas e novos projetos ‘aos lixos’.

Por volta dos 13 anos quis ser vegetariana (nem eu sabia bem o que isso era) quando ainda nem se falava muito no assunto, mas de forma autodidata estudei nutrição, queria perceber o valor nutricional de cada legume para saber o que tinha que comer para substituir a carne e o peixe e não ficar doente. Uma visão muito inocente e de total desconhecimento …

Tinha uma capa cheia de informações e apontamentos…claro está, que não durou muito tempo. Anos mais tarde retomei a minha ”pesquisa” e o meu objetivo de adolescente.

 

 

como os pais influenciam a personalidade dos filhos

Tri, 27.06.23

Estou naquela fase da vida, em que as amigas à minha volta já têm filhos (e só sabem falar deles, verdade seja dita) e eu acho ótimo, até porque sempre adorei crianças e lá por casa havia sempre miúdos, desde família a vizinhos, todos lá iam parar. (já eu continuo a sofrer o estigma da sociedade para ver quando será a minha vez…)

E elas estão sempre preocupadas com as conversas que possam ocorrer à frente dos miúdos, “eles são uma esponja nesta idade, absorvem tudo” (mas se deitarem fora à velocidade de uma fralda, diria que não retêm lá muito…huuumm)

Mas, efetivamente, acho muito importante elas terem este pensamento e preocupação, fruto do desenvolvimento da sociedade, do nosso desenvolvimento pessoal ao longo da vida.

Atualmente podemos preocupar-nos com estas coisas, perceber que tipo de pais queremos ser, como exercer uma parentalidade consciente, no tempo da minha Ti Alice nada disso existia, tinha-se 14 filhos sem pensar muito no assunto, fazia-se o melhor possível com o conhecimento e as posses que se tinha. (correção: e não é que teve 17 filhos...)

É importante entender que nenhum de nós nasce com a personalidade formada, esta está em constante desenvolvimento ao longo da vida. (sim, não é um processo só das crianças). No entanto, os primeiros anos de vida são fundamentais neste processo.

Os filhos fazem o que os pais dizem, seguem os seus passos; estes são os seus modelos no princípio da vida, os seus pontos de referência. Daí a importância do exemplo, a criança tem tendência a imitar o que vê e assumir como certo essa atitude. Se vir os pais a deitarem lixo no chão, não só irá imitar o gesto como assumi-lo como correto.

Segundo Freud, os pais são tidos como agentes de extrema importância na formação da criança, são quem permite ‘conter o que há de animal em todos nós, ensinando a controlar desejos, impulsos, a perceber o que é ou não moralmente aceite’, de acordo com as convenções da sociedade.

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O que a criança aprender, ver, ouvir, sentir será armazenado no seu cérebro e irá definir a maneira como agirá no futuro. À medida que cresce, vai-se também dando conta de que consegue mover braços e pernas, por exemplo, e que os outros também o fazem. Assim, a partir do outro, a criança começa a ter a noção do eu, de que é um indivíduo.

As crianças estão muito atentas ao seu meio ambiente envolvente, onde encontram as pistas sobre o que devem fazer, o que podem usar e como.

Daí ser, de facto, de extrema importância conseguirmos controlar os nossos impulsos em frente às crianças; o objetivo não é o de excluir a influência que podemos ter mas sim de editarmos essa influência. Sermos conscientes sobre o efeito da nossa ação.

Se isto é fácil? Pois claro que não! É um exercício contínuo, e obriga-nos a estar muito mais presentes no momento, a perceber o que fazer e dizer, de forma a impactar positivamente.

Portanto, permite-nos evoluir e crescer enquanto educamos positivamente.

Um estudo da Universidade de Oxford afirma que filhos de pais confiantes são menos propensos a ter problemas comportamentais antes da adolescência. Assim, o trabalho passa primeiro por nós enquanto indivíduos para que possamos fazer um bom trabalho com as nossas crianças.

Se é simples, não, mas eu também só dou as ideias, vocês é que os vão criar, correto?