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Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Estou só a dizer coisas ...

um espaço para a reflexão e partilha ...

Seja bem-vindo quem vier por bem

Tri, 29.03.23

E porque, ultimamente, se têm juntando alguns novos leitores a este humilde espaço, deixo alguns avisos a quem chega de novo. 😉

 

A dona deste blog é tótó. (verdade, a sua cara-metade pode validar essa informação)
Este blog pensa um pouco cor-de-rosa. (mas por vezes também se desilude com o mundo)
A dona deste blog viaja em companhias "lácoste".
Este blog não odeia todas as segundas-feiras. 

Este blog é vegetariano.

Este blog não é utópico mas, às vezes, parece.
Neste blog podem surgir coisas sem sentido.

A dona deste blog adora melancia.

A dona deste blog não consegue descascar laranjas e tangerinas (por isso não as come)
Aqui dificilmente vão encontrar dicas fashion, a dona deste blog é muito minimalista

Este blog pretende partilhar dilemas, pensamentos e ajudar a termos espírito crítico.

Este blog tenta não entrar em temas que gerem conflitos, como política e futebol.

Aqui não vai encontrar receitas, a menos que seja básica como pão com manteiga.
A dona deste blog escreve LOL nas suas mensagens privadas

A dona deste blog lê todos os dias, sem falhar e é apaixonada por livros.

A dona deste blog anda sempre com um bloco de notas na carteira.
A dona deste blog não lê blogs de pessoas de quem não gosta, ou com quem não simpatiza, só para poder criticar de seguida. 

A dona deste blog tem o ar como signo do zodíaco e, talvez por isso, anda em constante movimento e em busca de novas transformações e experiências.
Se não gostar deste blog, não volte. A dona do blog não leva a mal. 
A dona deste blog diz ‘vermêlho’ e ‘joêlho’ (malta do ‘vermeilho’ nada de gozar)
A dona deste blog adora Disney.

A dona deste blog anda a tentar fazer dieta há anos mas adora nutela (é incompatível, já sabiam?!)

Neste blog pode encontrar desabafos, se às vezes os mesmos não fazem sentido? É verdade, sim!

A dona deste blog não anda sempre bem-disposta, mas tenta fazer por isso
A dona deste blog dá calinadas e ri-se com elas. (mas poucas, ok?)

Aqui ouve-se rock, afro, música brasileira, clássica e tudo o que apetecer

A dona deste blog tem um livro da gratidão que faz, impreterivelmente, todos dias.
A dona deste blog é ecológica e faz reciclagem em todos os sítios para onde vai

A dona deste blog adora o Alentejo
A dona deste blog aceita estadias no estrangeiro oferecidas por leitores emigrantes. (é só uma ideia …não custa nada tentar, não é?)
Aqui não se deita lixo para o chão.

Aqui tenta-se criar um ambiente positivo que leve a refletir sobre diversas questões da vida.

Aqui acredita-se que temos que jeito para as artes, quando, na verdade, somos uma nulidade.

A dona deste blog sofreu de ansiedade (ainda sofre?!?)

A dona deste blog agora “é mãe” de um cachorro

Por tudo isto, o melhor conselho para quem lê este blog pela primeira vez é:



"Bem-vindo e espero que passes bons momentos nesta casa”

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sempre assim fiz e sempre correu bem

Tri, 24.03.23

É daquelas respostas que me deixam fora de mim, como se o facto de termos bem feito algo em determinado tempo significa que tal não pode ser sujeito a mudanças e melhorias, porque “em equipa vencedora, não se mexe”.

Não é verdade, se os tempos mudam, o nosso meio envolvente muda, nós também temos que ir alterando os nossos hábitos, rotinas, manias, forma de fazer as coisas, seja o que for, mas as coisas podem e devem ir evoluindo.

E isso também é transversal à parentalidade, percebo as tias e avós que dão milhentos conselhos de ‘como bem fazer’, mas nem todas essas dicas e mezinhas funcionam hoje em dia, ou fazem sequer sentido.

Há décadas era o melhor que havia, e todos davam o seu melhor, entretanto as gerações são mais instruídas, mais curiosas, e mesmo a forma de educar mudou, ou deveria mudar. (e atenção que não estamos a dizer que os valores base não se mantêm)

Os meus pais faziam-me isso e estou aqui hoje, gordinho e tudo”, adoro estas constatações como se o facto de esta pessoa ter “sobrevivido” à sua infância é motivo suficiente para validar os métodos educacionais dos seus pais como excelentes. E até podem ter sido, atenção, não sabemos, mas também podem não ter sido e está tudo bem, desde que tenhamos essa consciência e façamos algo para mudar isso mesmo.

Mas será que poderia ter sido feito ainda melhor? Ou seja, além de eu ter sobrevivido será que poderia ser uma pessoa mais confiante, decidida e feliz?

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Em diferentes gerações existiram diferentes métodos de educação, pais que batiam, crianças a ficarem de castigo, pouca demonstração de carinho e afeto, crianças deixadas todo o dia na frente de uma televisão, etc.

Foi resultando, foi. Somos todos adultos hoje com as nossas memórias que também incluem, um passeio em família ao domingo, um dia especial com direito a um gelado, uma volta de bicicleta/triciclo.

Todos os pais fizeram o melhor que sabiam com as ferramentas que tinham, não duvido! Mas não implica que tenha sido perfeito e não implica que continuemos a perpetuar alguns dos erros geração após geração.

A parentalidade consciente é um tema fascinante (partilho convosco uma autora que adoro, Mikaela Övén) e eu acho que torna a parentalidade quase num projeto, como se criar aquele Ser fosse um projeto para o qual temos que ter um plano, ter consciência do que vamos fazer e dizer e não improvisar; um projeto para o qual fazemos todo um planeamento prévio com a obrigação de criar o melhor Ser possível, com valores humanos que tanta falta fazem no mundo.

Vamos tentar que não passe desta geração, os gritos constantes, a violência física, os abusos verbais, a manipulação da autoestima, as críticas excessivas.

“Em cada geração, só um pequeno grupo pode mudar o destino da humanidade: os adultos com crianças pequenas.” (Lar Montessori)

Vamos elogiar, incentivar, promover o espirito crítico, ensinar a tolerância e respeito, espalhar o amor, incentivar a partilha.

E isto tudo porque no supermercado uma mãe se passou com o miúdo, que devia ter cerca de 3 anos, como se toda a gritaria e o discurso dela fossem entendidos na perfeição por aquele pequeno Ser que sabe lá o que é inflação, e se pode ou não sonhar com um novo carro de bombeiros.

pai

Tri, 19.03.23

Pai, podes vir buscar-me? Pai, está aqui um aranha enorme. Pai, podes levar-me à festa mais à J. e C.? Pai, tive um furo no boguinhas. Pai, corriges-me este texto? Pai, dói-me a barriga. Pai, não chego lá cima. Pai, dói-me, outra vez, os ouvidos. Pai, perdi as chaves de casa na visita de estudo. Pai, a mana está a chatear-me. Pai, não quero dormir já, posso ler só mais um capítulo? Pai, temos jogo de andebol no domingo. Pai, descascas-me as laranjas? Pai, dás-me dinheiro para ir ao cinema? Pai, a mãe está a chamar. Pai, a mana está a chamar. Pai, a mãe deu comida a mais aos meus peixinhos. Pai, a lâmpada fundiu. Pai, perdi o dinheiro que me deste. Pai, tenho um recado da escola. Pai, quero fazer um jantar com amigos, fazes o pitéu para todos?

Pai, cresci. Pai, descascas-me as laranjas para eu levar prontas para minha casa? Pai, estou na rua, fechei a porta com a chaves lá dentro. Pai, quero pôr mais prateleiras na marquise. Pai, preciso de lenha para a lareira. Pai, fiquei sem bateria no carro. Pai, tenho que dar as leituras à EDP. Pai, podes viver para sempre?

reflexão #124

Tri, 16.03.23

"Sempre! É uma palavra terrível! Faz-me tremer cada vez que a ouço. As mulheres gostam tanto de a empregar...Estragam todos os romances, tentando fazê-los durar eternamente. Além disso, é uma palavra sem significação. A única diferença entre um capricho e uma paixão eterna é que o capricho dura um pouco mais."

by Oscar Wilde

in "O Retrato de Dorian Gray"

cães bebés...pequenos diabretes :)

Tri, 15.03.23

“Que bolinha de pêlo mais fofa”, “e aquela barriguinha rosa tão boa”, “que olhinhos de anjinho”…tudo verdade, mas há coisas que ninguém nos conta sobre cães bebés.

Desde sempre que somos imbuídos com estereótipos de cães bebés, nos filmes, anúncios e afins são sempre todos muito fofos, dormem muito, deixam fazer tudo e tirar fotos deliciosas, mas a verdade, nua e crua, é que são muito mais que isso.

E com tanta fofice, ninguém nos preparar para a dura realidade de ter, criar e educar um cachorro bebé.

Eles são mesmo umas bolas de pêlo muito fofas, com os rabinhos que não param de abanar, mas que exigem de nós muita paciência e dedicação para não ralhar indevidamente, ao invés disso, educar diariamente.

- Fazem xixi e cocó por todo o lado, até aprenderem, e não adianta acharmos que a casa agora cheira sempre mal, o processo é assim mesmo e não há como acelerar. (olha, acendam velas)

- Veem nas nossas mãos um excelente brinquedo para roer e coçar as gengivas, são macias e duras ao mesmo tempo e ainda se mexem, querem melhor?

- Eles já treinaram o desapego, portanto ajudam-nos as destralhar algumas coisas de casa. Roem e depois temos que deitar fora. (pena que acertam sempre nas coisas erradas)

- Sono de beleza?! Esqueçam esse conceito! Eles têm muitos pesadelos e choram durante a noite, pelo que deixaremos de ter noites sossegadas de descanso.

 - Fazem parte do clube das 5 da manhã e gostam de partilhar isso com o mundo “se eu já acordei, a casa inteira tem que acordar também. Quero fazer coisas!”

- Precisam encontrar ouro, petróleo ou apenas um osso perdido?! Eles são a solução! Adoram escavar todos os jardins.

- Sempre quiseram começar a correr mas ainda não tinham tido o incentivo certo?! Tcharan, chegou! Por vezes, dá-lhes ‘os 5 minutos’ e desatam a correr em círculos que nem loucos. A energia acumulada parece que nunca acaba. (Duracell, é aprender com estas pilhas!)

- Espaço pessoal? O que é isso? Eles não conhecem esse conceito, portanto deixamos de estar sozinhos, seja na cozinha, seja numa ida à casa de banho, eles estarão sempre atrás de nós, tal qual uma sombra.

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Mas viver o mundo através dos olhos de um cachorro passa a ser mágico e gratificante; ele entusiasma-se com uma folha seca que levanta voo do passeio com o vento, ele fica pasmado a ver um melro a saltitar no ‘seu’ jardim, ele pára simplesmente no meio do passeio durante 3 minutos a olhar para o mundo, para ver o que está a acontecer à sua volta: carros a passar, um cão no outro passeio, uma trotinete aqui ao lado, o carro do lixo a chegar. Tudo é motivo de interesse, excitação e curiosidade. Ele está a conhecer o mundo e nós a olharmos para o mundo de uma outra forma. Possui aquela energia única da curiosidade infinita, de querer “devorar” o mundo.

E depois de tanto ‘arco-íris’ chega o momento da educação…sim, os cães são muito inteligentes e aprendem tudo o que ensinarmos, mas tal implica muita dedicação e disciplina nossa e uma grande dose de paciência, seja para a repetição diária até ficar sabido, seja para a falha normal do animal. Diria até que, necessitamos de uma pitada de humor, por vezes, pois eles conseguem tropelias que nunca imaginámos: metem-se em buracos onde não cabem, querem pegar em objetos maiores que eles, e não têm força para tal, ou assustam-se com a mesma flor 5 vezes.

Sim, já me tinham dito que agora ia ser um terror, que eles têm muita energia e roem tudo em casa, no entanto esqueceram-se também de dizer que levam todo o meu orçamento. Ele é vacinas, é desparasitações, é brinquedos, é comidas premium para crescer sem doenças, é biscoitos, é taças, é camas e afins, é jogos interativos, é trelas e arnês, um sem fim de necessidades para me fazer gastar dinheiro todos os meses.

Mas claro que isso é apenas um dos lados, pois ter um animal na nossa vida é muito gratificante, é um amigo que está e vai estar
sempre ao nosso lado, que nos espera sem interesse, reconforta e acarinha, faz-nos
companhia e deixa-nos muito felizes.


A verdade é que, apesar do desgaste que me tem provocado esta fase inicial, que exige muito de mim, tenho aproveitado melhor a vida desde que tenho o Cookie comigo.

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Desde o desfrutar mais da natureza, porque ele “obriga-me” a fazer mais caminhadas; durante as nossas caminhadas páro mais para apreciar o céu estrelado ou o sol a nascer enquanto ouço os passarinhos; tornou-me mais paciente para a vida, de uma forma geral; ajudou-me a valorizar mais sentimentos deverás importantes na nossa vida: a disponibilidade e dedicação ao outro, o conceito de amizade; a responsabilidade. É ainda capaz de se moldar ao meu estado de espírito e de o alterar, deixar-me mais bem-disposta ou calma quando chego mais stressada ou nervosa e preocupada com algum problema.

Os meus dias também passaram a ser muito maiores, porque ele entre as 5 e 6 da manhã já tem a bateria carregada e está pronto para o mundo, portanto o conceito de ‘Domingo’ e ‘Dia de descanso’ desapareceu. Por outro lado, ajudou a reduzir a minha procrastinação, porque tenho-o como responsabilidade e prioridade; como tal, tenho que despachar certas coisas para lhe ir dar de comer, para irmos à rua, para brincarmos, portanto tenho mesmo que fazer o que tenho que fazer, no tempo certo, para não correr o risco de me atrasar e não estar lá para o Cookie.

Sempre fui defensora da causa dos animais, mas cada vez mais percebo como é grande a responsabilidade de o criar e educar, e como deve ser sempre muito bem pensada e ponderada a possibilidade de adotar um animal; tal implica disponibilizarmos tempo e recursos e darmos mais de nós.

Temos a obrigação de conhecer as características da espécie e sabermos ler o nosso cão, de o educar, de o amar durante toda a sua vida, de respeitar o animal, a sua natureza e condição animal; de respeitar as suas necessidades e hábitos.

Um cão não é um brinquedo e nunca deveria ser oferecido como tal. Dá muito trabalho e a sociedade devia ser mais consciencializada para esse facto, para reduzir as taxas de abandono.

reflexão #123

Tri, 09.03.23

"No fundo, os portugueses sacralizam os livros - como dever, trabalho, sabedoria, para não lhes tocar. (...) Os livros, para eles, são essencialmente coisas boas, cultas, importantes. O facto de haver muito mais livros maus - piores que programas de televisão - do que bons não lhes ocorre. O facto de um livro ser um objecto como qualquer outro, que tanto pode ser bom como mau, não lhes convém.

É por isso que têm livros nas mesas-de-cabeceira. São como santinhos. Santinhos soporíferos para quem tem a vista cansada de ver e viver. Em vez de descansá-la a ler, fora do quarto e dentro da vida, usam os livros como diafragmas hipnóticos, trocando as linhas com os olhos, com a consciência aliviada por terem feito um pequeno esforço antes de adormecer..."

by Miguel Esteves Cardoso

in "Explicações de Português - explicadas outra vez"

reflexão #122

Tri, 23.02.23

"Como é que se reconhece a alma gémea? No abraço. O coração pára de bater. A existência é interrompida. No abraço do irmão, do amigo, da amante, há sensação do corpo, do tempo, do coração. (...) No abraço de duas almas gémeas, mesmo quando se amam, o abraço parece o fim."

by Miguel Esteves Cardoso

in "Explicações de Português - explicadas outra vez"

a moda da positividade

Tri, 20.02.23

“Aprecia as pequenas coisas do teu dia”

“Mantém o pensamento positivo”.

Não é difícil de perceber que o tema felicidade e positivismo está na moda, diversos negócios são criados em torno dessa temática, livros e filmes de autoajuda no Top de vendas das livrarias, um breve deslizar pelas redes sociais e temos imensas frases bonitas de motivação, a quantidade de autores e especialistas sobre este assunto aumenta a cada dia, tudo para nos ajudar a mudar o foco, a conseguir chegar .  

Atualmente, é-nos ensinado que os vencedores mantêm o pensamento positivo, logo, que o nosso sucesso depende da nossa capacidade de evitar ser negativo.

A verdade, é que por vezes pode ser altamente frustrante tentar manter essa positividade.

Os efeitos da positividade são comprovados e podem fazer imensamente bem ao nosso corpo e mente (eu sou adepta, atenção). O problema está em supervalorizar essa positividade como forma de colocar um véu sobre sentimentos, dos quais não queremos falar, ou sobre emoções com as quais não sabemos lidar. 

Para que exista um equilíbrio, durante a vida temos que vivenciar momentos desapontantes, tristes, desencorajadores ou frustrantes. Por vezes, sentimo-nos menos bem sem nenhuma razão aparente e está tudo certo.

E quando a vida nos manda algumas pedras, não pegamos nelas para fazer uma ponte, não, a maioria de nós ressente-se, fica triste, tem momentos de pessimismo, dúvidas e até pânico.

E será que é assim tão mau estes sentimentos e pensamentos aparecerem na nossa vida? Significa que estaremos destinados ao fracasso só porque não vemos borboletas a voar todos os dias?

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E a pressão toda que isto cria já pensaram?! Os “positivos” acreditam que as suas vidas têm que ser maravilhosas, realizadas e plenas, e que tal só se consegue pensando positivo.

E estas ideias estão a ficar tão enraizadas (por todos os workshop e livros que se promovem) que alguém que esteja a passar um período menos bom, que tenha algum tipo de problema ainda fica mais em baixo pois crê que, para além de “já estar tudo estar mal” na sua vida, a culpa ainda é dela, por não conseguir pensar positivo e atrair coisas boas. 

E atenção que eu sou defensora do pensamento positivo, acredito genuinamente que ajuda a alcançar sonhos, tal como sermos gratos diariamente pelas coisas que vamos tendo no caminho, mesmo as más que podem ser momentos de aprendizagem.

Ao longo do último ano tive dúvidas sobre mim, pus em causa os meus conhecimentos (da vida no geral), criei conflitos com a minha área de formação (julgo genuinamente que não é a minha área, apesar de ter estudado para tal, não me apaixona), ia para um trabalho que me desgastava cada dia mais e onde saía frustrada com algumas das tarefas inerentes, algumas crises com a minha irmã, com quem sou incompatível (temos formas de ver, e viver, o mundo antagónicas), tive o meu pai no hospital e duvidei do nosso propósito no mundo … e tudo me ia deitando abaixo, mais e mais, tive um esgotamento quando, na verdade, ainda tinha muitos motivos pelos quais estar grata: eu tinha saúde, tinha a minha casinha e estava a conseguir pagá-la, tinha trabalho, a família junto de mim, fazia o meu voluntariado, conseguia estar com amigos e, portanto, pondo na balança devia estar feliz e contente com a vida. Isso é um facto! Mas não estava.

E hoje perdoo-me pela forma como lidei com tudo; perdoo-me por achar que estava errada ao não estar de bem com a vida com tudo de bom que já me deu; perdoo-me por achar que era fraca, que devia conseguir dar a volta a uma dada situação, quando na verdade, eu simplesmente tinha que viver a situação, o tempo que foi preciso e sair dela mais forte.

Por isso, sim, ter uma mente positiva é algo bom, mas se tivermos um dia mau ou nos sentirmos mais pessimistas, devemos aceitar a situação, que faz parte não estar sempre tudo cor-de-rosa, ao invés de tentarmos bloqueá-la.

Assim, vamos começar a pensar duas vezes antes de darmos conselhos como “não estejas ansioso” ou “vai ficar tudo bem”, que é interpretado como “não sintas essa emoção que é errado” quando na verdade devemos senti-la, processá-la e superar e, depois sim, voltarmos a estar bem e positivos.

Uma dica preciosa que partilho, e que ponho em prática diariamente é praticar a gratidão. Tenho um caderno na mesinha cabeceira e todos dias os dias penso sobre o meu dia e algo pelo que estou grata. Hoje ouvi os passarinhos a cantar e o sol a nascer no passeio matinal com o meu cão (matinal entenda-se 6h da manhã).

É a chamada positividade mais branda, permite-nos aperceber do bom que temos na vida e ir aprendendo a ficar feliz por pequenas conquistas ao invés da euforia passageira.

Acima de tudo, há que entender que entender que o ser humano é formado por um espectro de emoções, e que quando nos permitimos sentir cada uma delas, estamos a ser, simplesmente, normais e saudáveis. Eu demorei a aprender isso, espero que vocês sejam mais rápidos.  

reflexão #121

Tri, 16.02.23

"Penso na vez em que ouvi «não consigo parar de pensar em ti um só minuto». Não me senti valorizada. Pelo contrário, senti uma empatia pesada com aquele homem. Uma enorme distância. (...) Dar-me conta de que não sou pensada esvazia-me, mas ser pensada não me preenche. O positivo não enche mas o negativo esvazia?"

by Joana Bértholo

in "Ecologia"